Caldas da Rainha, a cidade portuguesa que inspirou Coronel Xavier Chaves


Cultura

José Venâncio de Resende0

Escultura sobre o ciclo da vida, da artista turca Canan Zongur.

Desde 1986, Caldas da Rainha (Portugal) realiza a cada dois anos, ininterruptamente, o Simpósio Internacional de Escultura em Pedra (SIMPPETRA), que inspirou Coronel Xavier Chaves, na microrregião do Campo das Vertentes com sede em São João del-Rei. Nesses 30 anos, centenas de obras de arte de grandes dimensões já foram criadas por escultores de mais de 30 países, “um importante patrimônio que enriquece o espaço público da cidade e das freguesias do concelho das Caldas da Rainha”, diz o texto de divulgação do evento.

O Simppetra é o mais antigo do mundo em funcionamento, conta o diretor do Centro de Artes José Antunes. Existem outros mais recentes em países dos vários continentes, como China, Coreia do Sul, Taiwan e Japão na Ásia; Brasil, Argentina, Estados Unidos e Canadá nas Américas; Espanha, Itália, Turquia, Áustria, Bélgica, Alemanha, Holanda e Letônia na Europa.

Este ano, o Simppetra reuniu, no período de 6 a 27 de julho, escultores de cinco países, selecionados entre 116 candidatos. Durante três semanas, o Centro de Artes de Caldas da Rainha foi palco de árduo trabalho, sob o sol forte do verão europeu, voltado para a criação de esculturas em pedra de grandes dimensões (calcário, mármore e granito). “Nós damos preferência pela linguagem contemporânea da escultura”, resume Antunes.

O escultor Fabian Saeren (Bélgica) produziu uma peça figurativa em granito, que representa um prego gigante cravado no solo. O escultor português Mário Lopes, que passou três anos no Japão, desenvolveu uma interpretação em pedra calcária dos jardins verticais japoneses. Já Fernando Pinto (Colômbia) esculpiu a peça “Together”, uma relação geométrica entre duas pedras de mármore oriundas de Vila Viçosa (Alentejo).

O escultor Chris Petersen (Holanda) apresentou a interpretação, em granito, de uma gota caindo na água. Já a turca Canan Zongur esculpiu, em pedra calcária, uma peça em forma de arco, representando o ciclo da vida (sobreposição de blocos, começando por uma escada até o topo seguida de uma espiral decrescente).

Por fim, o português Vítor Reis - diretor técnico do simpósio – desenvolveu uma peça em mármore, inspirada no processo de esculpir, em que trabalha a ideia de camadas.

 

Parceria. Em 2012, foi firmado um protocolo de cooperação entre Caldas da Rainha e Coronel Xavier Chaves, recorda Antunes. O objetivo era apoiar tecnicamente a criação de evento equivalente ao Simppetra na cidade mineira, por meio do intercâmbio de conhecimentos.

A formalização do acordo foi precedida de uma visita a Portugal do prefeito Helder Sávio da Silva, acompanhado de uma comissão técnica, em busca de estreitamento de laços de amizade com Caldas da Rainha, cuja expertise é amplamente conhecida e reconhecida.

A partir desta visita, teve início um processo de troca de experiências. Em 2013, o escultor português Vítor Reis visitou Coronel Xavier Chaves; no ano seguinte, foi a vez de Caldas da Rainha receber o escultor mineiro Chico da Pedra. Posteriormente, o escultor Paulo Tuna viajou para Minas; e por fim Portugal recebeu o escultor Luciano Lara.

Fruto deste acordo, Coronel Xavier Chaves criou o Festival Internacional de Escultura “Cidade da Pedra”. Segundo Helder, a ideia básica deste evento é buscar a identidade do município como a cidade da escultura e cantaria em granito (“gnaisse”) e pedra sabão.

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