Em 10 dias, fiéis percorrem cerca de 40 km por dia a pé para celebrar Nossa Senhora Aparecida em São Paulo

Romeiros resende-costenses participaram da missa de envio na Capela de Nossa Senhora Aparecida, no bairro 2 de junho, em Resende Costa, e seguiram para o Santuário Nacional em Aparecida. Ao todo, percorreram cerca de 350 km.


Religião

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fotoPeregrinos Guerreiros de Maria participaram da romaria Resende Costa a Aparecida (foto Guerreiros de Maria)

De um estado a outro, 354 quilômetros percorridos a pé por mais de 40 pessoas movidas, sobretudo, pela fé na Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Esse foi o segundo ano que fiéis partiram a pé de Resende Costa com destino ao Santuário da Padroeira, que fica na cidade paulista de Aparecida. A “Romaria Guerreiros de Maria” caminhou de 9 a 19 de abril, em 2024.

Uma das organizadoras da romaria, Neisa da Silva Barbosa, conta como surgiu a ideia de criar um grupo de romeiros em Resende Costa. “Hoje eu tenho um salão e trabalho com várias coisas no ramo da estética. Mas antes eu era enfermeira. Eu fui enfermeira em UTI adulto e pronto-socorro em São Paulo. Em 2017, o Dautre foi a uma Romaria para a Aparecida do Norte saindo de Varginha, e eu me interessei em ir. Em 2018, eu fui com ele, saindo de Varginha. Depois, nos anos seguintes, ele me chamou e eu disse que não iria mais saindo de outra cidade, que eu só iria se saísse uma romaria de Resende Costa. Só que é tudo muito burocrático, dá muito trabalho. Mas durante essas romarias de Varginha, o Dautre conheceu o senhor Luiz, da cidade de Três Pontas, ele já foi mais de 50 vezes a pé ao Santuário Nacional. E foi ele quem disse ao Dautre lá na Basílica que iria ajudar em uma romaria que partisse de Resende Costa. Em 2022, a gente começou a organizar a de 2023, Dautre, Beto e eu”.

 

49 Guerreiros de Maria

Os romeiros, em sua grande maioria, são de Resende Costa. Mas há também peregrinos de cidades vizinhas, como Coronel Xavier Chaves, São João del-Rei, Lagoa Dourada e São Tiago. Além de integrantes da cidade de Varginha. Uma página no Instagram “Filhos de Maria” mostrava o dia a dia dos romeiros que andavam cerca de 40 km por dia e dormiam em diferentes locais reservados para descanso. “No ano passado, nós fomos em 30 pessoas, contabilizando o pessoal do apoio, portanto, 24 pessoas caminhando. Esse ano, nós fomos em 49 pessoas, sendo que 42 pessoas estavam caminhando e o restante foi o pessoal da equipe de apoio. A escolha dos locais para dormir é pela quilometragem. Por exemplo, saímos de Resende Costa e dormimos no Rio das Mortes. No primeiro dia, a gente sai à noite e faz o percurso mais. É cansativo, mas a gente chega lá de manhã. E em todos os dias é pensado onde podemos parar para dormir. Em alguns dias, optamos por sair e acordar à 1h, para sairmos às 2h. Dependendo do percurso, acordamos às 2h e saímos às 3h. Vamos analisando dia a dia”, diz Neisa.

Neisa cita os desafios de organizar uma romaria com tantos integrantes. Ela conta também sobre os bastidores da preparação. “Primeiro, existe a questão de conseguir os pousos, o que não é fácil, porque às vezes o pouso você até consegue, mas para aquele número de pessoas é meio complexo de obter. Depois, as compras, porque precisamos ter uma estrutura. Eu sou responsável pela tesouraria, tenho que entrar em contato com o cozinheiro, que é o Claudomiro, e ele me passa uma lista do que devemos comprar. E como não ganhamos nada com a romaria, prestamos todas as contas. Procuro comprar itens que estejam em promoção. Então, ao longo de um a dois meses eu começo as compras para a romaria e vou estocando aqui na garagem de casa. Há também a questão de desistências em cima da hora ou de pessoas que decidem ir no último mês, e isso tumultua um pouco. Inclusive, isso é uma coisa que precisamos mudar no decorrer das próximas romarias. Com um regulamento, tudo vai ficar mais fácil”, planeja Neisa.

 

Histórias de fé

Entre as histórias dos romeiros, há quem foi para cumprir promessas, outros para se aproximarem da fé e muitos com o sentimento de gratidão e fé. É o caso da aposentada Lúcia de Fátima Assis Resende, que, prestes a completar 62 anos, participou da sua primeira romaria. “Eu sempre tive vontade de ir a Aparecida a pé. Não era uma promessa, era apenas para agradecer por tudo de bom que Nossa Senhora já fez por mim. Foi uma sensação incrível. A cada dia que passava, mais ansiosa eu ficava. Então chegou o tão esperado dia 09 de abril. Tivemos alguns obstáculos pelo caminho, mas sempre com muita fé. Havia momentos de choros, mas de risadas também. O dia mais emocionante, sem dúvidas, foi o décimo. Subir a rampa para chegar à Basílica, que emoção! Encontrar-se com os familiares e saber que chegou à casa da Mãe Aparecida... Só tenho a agradecer”.

Já a costureira Silvânia do Socorro Silva, 55 anos, participou da sua terceira romaria, sendo que a primeira delas foi em Varginha. “Foi muito gratificante e com uma fé muito grande a Nossa Senhora Aparecida que surgiu, em Resende Costa, a romaria. E nós, os Guerreiros de Maria, fazemos uma caminhada de fé e de agradecimento à Padroeira do Brasil. O que mais me impressiona é a fé que cada um carrega dentro de si e o companheirismo de um ajudar o outro. O grupo se torna uma grande família”.

Lúcia também destaca a união do grupo. “Foi muito tranquilo, fizemos amizades nesses dias. Se um passava mal ou tinha qualquer problema, o outro ajudava. A alimentação também foi muito tranquila. Na hora do banho, as mulheres iam primeiro, e depois os homens. Para dormir, seja em barracões ou em ginásios, a turma toda fazia a sua parte, deixando a romaria ainda melhor”.

Neisa destaca os aprendizados e as lições que ficam de uma romaria. “Eu sempre quis participar de uma romaria, essa é minha quarta. Desde a primeira, eu compreendi que romaria não é muito uma questão só de fé, sabe? Pra mim é um treino ao desapego. Ali você aprende a conviver com as pessoas. Porque são pessoas diferentes, com quem você não tem contato, cada um com o seu problema, cada um tem um objetivo, cada um tem um propósito. Eu cheguei à conclusão de que é um treino ao desapego e você valoriza mais as coisas, a sua vida, a sua família. Porque você leva o mínimo de coisas e nem usa tudo aquilo que leva. Você vive bem aqueles dias. Lá você não vê problemas, como coisas das quais você se queixa no dia a dia. Você volta valorizando mais a sua casa, por mais que seja a mais simples. Além da amizade e cumplicidade”.

Com tantos aprendizados e munidos de fé, a certeza de mais encontros a pé aos pés de Nossa Senhora Aparecida. “Enquanto eu tiver saúde pretendo continuar. Tenho tanta fé e agradeço a Nossa Senhora por tudo que ela fez por mim, por meus filhos, familiares e amigos”, finaliza Silvânia.

Quem se interessar em conhecer o grupo e participar da romaria de 2025, o Instagram para informações é o: @guerreirosdemariarc.

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