Queijo Minas Artesanal, originário dos Açores, agora é Patrimônio da Unesco

Veja ainda depoimentos de produtores em Resende Costa e em Carrancas, na região do Campo das Vertentes.


Cultura

José Venâncio de Resende0

fotoQueijo Minas Artesanal fabricado em Resende Costa pelo Casal Gastrô.

Os “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” foram reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, segundo decisão anunciada no dia 4 de dezembro em Assunção, Paraguai. O patrimônio cultural imaterial é o conjunto de expressões de vida e tradições que são transmitidas por gerações. 
A candidatura mineira foi apresentada em setembro de 2022 à UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Desde então, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo vinha realizando a promoção dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal (QMA) em eventos internacionais da entidade.

Atualmente, o estado mineiro conta com cerca de 9 mil produtores de Queijo Minas Artesanal, gerando aproximadamente 50 mil empregos diretos e indiretos. A produção anual atinge cerca de 40 mil toneladas, com uma renda gerada que ultrapassa R$ 2 bilhões por ano. O Campo das Vertentes está entre as 10 regiões responsáveis pela produção do Queijo Minas Artesanal. As outras são Serro, Araxá, Triângulo, Cerrado, Serra do Salitre, Canastra, Diamantina, Serra da Ibitipoca e Entre Serras.

Origem nos Açores

O Queijo Minas Artesanal nasceu na região do Campo das Vertentes, segundo Cláudio Ruas, do Casal Gastrô de Resende Costa. “Os colonizadores portugueses vindos das ilhas dos Açores desembarcaram aqui com a receita e começaram a fazer o queijo.” José Orlando Ferreira Júnior, produtor em Carrancas, é descendente de uma família que produz Queijo Minas Artesanal há séculos. “Acho fantástico o reconhecimento pela UNESCO do modo de fazer o Queijo Minas porque isso aí já é tradição de muitos anos, muitos anos. Eu estou falando de meu pai, de meus avós que já faziam esse queijo; então se você for colocar isso aí, estamos falando de uma tradição de mais de 200 anos fazendo esse tipo de queijo.” 

A verdadeira origem do Queijo Minas Artesanal é o arquipélago de Açores, mais especificamente as ilhas de Pico e São Jorge; não é a serra da Estrela, em Portugal continental, como se acreditava. Foi o que constatou Marcos Mergarejo Netto na tese de doutorado “A Geografia do Queijo Minas Artesanal”, defendida em 2011 junto ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP).

Ruas explica que a diferença para os queijos brancos (frescos e resfriados) produzidos nas Vertentes, também feitos de leite cru em muitos casos, é que o Queijo Minas Artesanal entre outras coisas leva o “pingo” (fermento lácteo natural extraído da produção do dia anterior) e também é maturado/curado em prateleiras de madeira e à temperatura ambiente (por 22 dias), como determina a legislação. “Essa receita vem sendo resgatada por uma nova geração de produtores ao longo dos últimos anos, inclusive por enxergarem o grande benefício do potencial turístico da região para esse tipo de atividade.”

Fontes:

Agência Sebrae de Notícias

Jornal das Lajes

Rádio Emboabas

 

 

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