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Vida de vira-lata em RC

24 de Abril de 2024, por Edésio Lara

Lixo espalhado na calçada da rua José Jacinto, centro de Resende Costa

Os vira-latas são cães sem raça definida. Não basta o cruzamento de dois cães com raças diferentes – e com pedigree – para se ter um filhote de raça. Ele será sempre um vira-lata. Enquanto há aqueles muito dóceis, como os da raça maltês ou pug, existem os que são violentos, muito perigosos, tais como os rottweilers, os filas brasileiros ou os pitbulls. Dos pitbulls, por exemplo, é comum termos notícias de acidentes graves que levam à morte pessoas que são atacadas por eles. O último, que repercutiu muito, ocorreu no dia 5, em Saquarema, estado do Rio de Janeiro, quando a professora e escritora Roseana Murray (73 anos) foi atacada por três animais que lhe arrancaram um braço, uma orelha e dilaceraram outro braço, deixando-a em estado de saúde grave.

Não basta você querer ter um animal de raça, é preciso ter condições financeiras para adquirir um e preparo, disposição para cuidar bem dele. Seus filhotes custam caro e mantê-los é preciso desembolsar um bom dinheiro com alimentação, lojas de produtos e artigos para cachorros, além de despesas em clínicas veterinárias. O mesmo nem sempre ocorre com os vira-latas. E eles são, em grande número, criados em residências ou soltos pelas ruas, muitas vezes abandonados – e de forma covarde – pelos seus donos. Enquanto a prefeitura municipal e grupo de voluntários buscam dar tratamento a esses animais, aplicando vacinas ou promovendo castrações, há aqueles que, isoladamente, oferecem ração e água deixadas em frente às suas casas.

É comum ouvir pessoas dizendo ser testemunhas de visitantes que vêm a Resende Costa e aqui abandonam seus animais. Se isso ocorre ou não, uma coisa é certa: eles perambulam pela cidade, correm atrás de automóveis e motocicletas, aprontam uma barulheira e brigas quando há entre eles uma cadela no cio. A sujeira que fazem se espalha pelas ruas e praças. Na praça Dr. Costa Pinto – a mais frequentada e no centro da cidade – eles deixam fezes e urina, o que incomoda aqueles que querem ficar sentados em seus bancos. Crianças que gostam de brincar ali frequentemente levam para casa, na sola dos seus calçados, os excrementos lá deixados pelos animais.

Retirá-los das ruas para deixá-los em canil municipal não é possível porque a cidade não possui um. As pessoas que têm por costume recolhê-los para lhes dar tratamento adequado têm seus limites, não conseguem adotar os muitos que circulam pela cidade. Portanto, esses animais, sem dono, sofrem muito devido ao abandono, fome, agressões e lesões não curadas.

O cão vira-lata, fazendo jus ao título que tem, vai virar latas, rasgar sacolas plásticas na busca de alimentos. Aí surge outro problema: a sujeira que se vê no centro da cidade, principalmente com o lixo esparramado pelo chão. Aqueles que deixam o lixo depositado em latões, notadamente nos sábados e domingos, fazem da segunda-feira uma cena feia, difícil de ser bem-vista. Aquela imagem de cidade limpa, que tem dos seus moradores o cuidado de varrerem a frente da casa, fica manchada. Os que saem cedo na segunda-feira para trabalhar, realizar uma caminhada, ir para uma academia de ginástica ou para a escola, se deparam com a cena triste de tamanha imundície. Quem passa pela igreja do Rosário, rua José Jacinto, Avenida Ministro Gabriel Passos sabe bem do que estou relatando, já que os vira-latas estiveram por ali atrás de ossos, restos de sanduíches e de todo tipo de comida jogada no lixo de forma inadequada. A culpa é dos cachorros?

Por outro lado, há boas ações que precisam ser copiadas. Uma delas é o que faz quem sai para passear com seu cãozinho e leva um saquinho plástico para recolher as fezes dos bichinhos para dispensá-las em local adequado. Isso é muito diferente de abrir o portão e deixá-los defecar na rua. É diferente de permitir que eles sujem locais que muita gente usa para fazer exercícios, como no caso do campo de futebol do Expedicionários. O que é possível fazer? Penso que seja conscientizar, fiscalizar, promover ações que visem à solução desse problema.

Temos um grupo que realiza caminhadas periódicas no município: o Caminhantes das Lajes. Nunca, nunca mesmo, em nossas saídas, algum vira-lata deixou de nos seguir. Os que vão conosco são bem tratados por nós, que fazemos questão de trazê-los de volta para a cidade.

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