Cel. Xavier Chaves: Escola Municipal inicia educação em tempo integral


Educação

José Venâncio de Resende0

Escola em tempo integral: um primeiro e importante passo (foto: facebook).

O município mineiro de Coronel Xavier Chaves, na região dos Campos das Vertentes, iniciou no dia 2 de maio deste ano a educação em tempo integral na E. M. “Sebastião Patrício Pinto”, priorizando os estudantes dos 3º, 4º e 5º anos do ensino fundamental. Nesta primeira fase, são 45 alunos (24 no turno da manhã e 21 no turno da tarde), o que representa 15% do total (cerca de 300 alunos na rede municipal). 

“A previsão é de que nos próximos anos possamos aumentar o atendimento visando cumprir a meta 6 do PNE (Plano Nacional de Educação) “, informou a secretária municipal de Educação, Aparecida Fátima de Almeida Resende. “Acreditamos que a educação em tempo integral é uma forma eficiente de desenvolver globalmente a criança.”

O aprendizado não se limita apenas à matriz curricular e ao ambiente de sala de aula, explicou Aparecida Fátima. “Inclui também outras experiências enriquecedoras, que contribuem para que a formação pessoal e acadêmica seja a mais abrangente possível. Além disso os estudantes passam mais tempo em contato com outras crianças, garantindo maior troca de informações e aprendizado, fortalecendo as relações de amizade e aprendendo a conviver com as diferenças, o que é fundamental para o desenvolvimento da empatia, da capacidade de comunicação e do respeito.”

Como vai funcionar

Os estudantes permanecerão na escola 7 horas diárias, todos os dias da semana, com oferta de três refeições. A educação integral deve, assim, contribuir para a melhoria da aprendizagem dos estudantes através da ampliação do tempo, do espaço e das oportunidades educativas. No contraturno, os estudantes terão aulas de musicalização, educação ambiental, robótica, informática, língua inglesa, literatura infantil, recreação e jogos, arte e estudos orientados. 

O projeto começará, de forma gradativa, com alunos dos 3º, 4º e 5º anos residentes na sede. A ideia é ampliar este universo em 2024, com organização do transporte escolar para atendimento aos alunos residentes na zona rural, dentro da capacidade da rede. 

Segundo Aparecida Fátima, a Escola Municipal está bem estruturada, com sala de informática, sala própria para o projeto, materiais diversos para aulas de artes, inglês, literatura infantil, jogos e recreação. Conta ainda com uma professora regente para realizar as tarefas escolares e aulas de reforço. “A Secretaria Municipal de Educação está adquirindo diversos instrumentos musicais e kits de robótica visando instrumentalizar os professores para as aulas, garantindo assim a aprendizagem dos alunos.” 

Escola Estadual 

Na E. E. Coronel Xavier Chaves, o ensino médio em tempo integral (EMTI) foi adotado numa turma do 1º ano em 2022 e, a partir deste ano, incluiu as turmas de 1º e 2 ° anos, de acordo com o professor Fábio Carlos Vieira Pinto, diretor da Escola. Em 2024, está previsto atingir a totalidade das turmas do ensino médio. “Ainda estamos em fase de implantação do modelo.”

Mas a implantação “tem sido difícil devido à resistência de alunos e famílias quanto ao modelo e à falta de infraestrutura da escola para atender aos alunos que permanecem o dia todo, das 7:00 às 16:20”, conta Fábio Pinto. “O intervalo de 11:30 às 12:45 é reservado ao almoço e para o desenvolvimento de Clubes de Protagonismo, nos quais os alunos devem desenvolver ações de seu interesse.” 

O EMTI é um programa adotado pelo governo do estado de Minas Gerais, com o objetivo de chegar na totalidade das escolas de ensino médio. Integra o chamado Novo Ensino Médio, programa do governo federal que prevê ampliação da carga horária dos cursos de nível médio brasileiros. O EMTI apresenta as disciplinas da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e Itinerários formativos, pautados pela construção do Projeto de Vida dos estudantes. 

Laboratório 

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (25/05/2023), a educadora Cláudia Costin (presidente do Instituto Singularidades) defendeu que o Brasil precisa “parar com essa história de quatro horas de aula por dia. Nenhum país que se industrializou tem quatro horas de aula por dia, mas, sim, de sete a nove horas. Não apenas aulas, mas laboratório, experimentação. É um processo de educação mais mão na massa, digamos assim. A outra coisa é evitar essa educação conteudista, em que os professores despejam um conteúdo e não ensinam os alunos a pensar.” 

Cláudia Costin citou algumas medidas práticas que poderiam ser adotadas o mais rapidamente possível. “Num contexto de automação acelerada, digitalização, inteligência artificial, precisamos educar para duas coisas simultaneamente: desenvolver o pensamento crítico e o pensamento criativo; precisamos educar os alunos para serem pensadores autônomos e criativos.”

 

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