Um radar espacial será instalado na ilha de Santa Maria, nos Açores, pela empresa norte-americana LeoLabs, com o apoio do consórcio português Edisoft (que controla o Teleporto de Santa Maria), para detectar pequenos objetos (detritos espaciais) em órbita terrestre baixa (LEO, na sigla em inglês). O radar de banda S deverá entrar em funcionamento em 2022, segundo o Azores Space Radar.
Criada em 2016 no Silicon Valley, a empresa californiana é a principal fornecedora comercial de serviços de vigilância espacial, e pretende reforçar a sua posição na Europa. Com isso, os Açores consolidam-se como um local de grande relevância geo-estratégica para a exploração espacial.
Em causa estão o reforço das observações da órbita terrestre baixa e a expansão em 25% da capacidade da rede global da LeoLabs em detectar esses objetos, diz o CEO e cofundador da empresa, Dan Ceperley. O radar espacial dos Açores irá rastrear objetos até dois centímetros que nunca foram rastreados antes e que representam a grande maioria do risco de colisão na órbita terrestre baixa.
São detritos ou lixo espacial que se mantêm na órbita terrestre e tem crescido vertiginosamente (mais de 26 mil objetos, pelo menos aqueles que podem ser monitorados). Trata-se de um dos maiores problemas da atualidade, que pode afetar os voos comerciais, a exploração espacial e o uso de satélites e das suas várias capacidades.
Mesmo colisões entre objetos abandonados podem ser prejudiciais para certas zonas do planeta. Estima-se que existam 900 mil objetos com menos de 1 cm, dos quais mais de 2800 são objetos espaciais funcionais e em atividade, mas a maioria são verdadeiro lixo espacial.
A empresa não revelou o valor do investimento total, mas informou que as obras vão começar em breve. São quatro estruturas semelhantes a um tubo cortado semelhante ao que temos na Costa Rica com tamanho de 75 x 100 metros, com seis metros de altura.
Entusiasmo
Em seu comunicado, Dan Ceperley manifestou entusiasmo com a decisão de nos instalarmos nos Açores, e garantiu que este é um investimento de várias décadas (pelo menos vinte anos), e uma grande oportunidade para a LeoLabs apoiar os objetivos de sustentabilidade espacial de Portugal, à medida que eles expandem a sua presença na comunidade espacial mundial.
“O radar irá melhorar os serviços de mapeamento e a catalogação, que identificam a posição e a dinâmica dos objetos em órbitas baixas”, disse Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa. Para ele, “a órbita terrestre baixa rapidamente se tornou numa oportunidade comercial para empresas inovadoras como a LeoLabs, e é importante construir infra-estruturas que nos permitam mitigar os riscos do aumento dos detritos espaciais”.
Fontes: Dinheiro Vivo e Sapo