ELEIÇÕES 2020: Um milhão de candidatos devem disputar vaga para vereador no Brasil


Eleições 2020

José Venâncio de Resende0

Cerca de um milhão de candidatos devem disputar uma vaga de vereador nas próximas eleições, duas vezes e meia ao número de concorrentes às Câmaras Municipais nas eleições de 2016. A expectativa é do cientista político Humberto Dantas, do Centro de Liderança Pública (CLP), que concedeu, no dia 23 de setembro, entrevista ao programa “De Volta ‘Pra’ Casa”, da Rádio Cultura FM de São Paulo.

“Estamos falando de algo em torno de 57 mil vagas para vereador nas 5579 Câmaras Municipais brasileiras. Portanto, o vereador é o cargo que mais representa este segmento que nós costumamos chamar de políticos no Brasil.”

O número de vereadores em disputa varia de nove nas pequenas cidades a 55 na capital paulista. Eles são eleitos pelo sistema proporcional; assim, um partido que tem 10% dos votos (soma dos votos de seus candidatos e do voto de legenda) ficará com 10% das vagas do Legislativo.

A diferença, nas próximas eleições, é que os partidos não mais poderão coligar-se. “Portanto, o partido que abria mão de lançar muitos nomes para se alocar numa chapa mais competitiva, com dois, três postulantes, provavelmente terá que apresentar para o eleitorado uma chapa completa”, explica Dantas.

O cientista político exemplifica: se a Câmara Municipal tem 11 vereadores, o partido poderá lançar uma vez e meia o total das vagas, ou seja, 17 candidatos (arredondando para cima). “Então, são vários partidos que não poderão coligar-se, provavelmente estabelecendo como estratégia em muitos lugares (varia de partido para partido, de grupo político para grupo político) lançar chapas mais numerosas para acumular votos.”

Vantagem

A grande vantagem é que o eleitor não será mais pego de surpresa, acredita Dantas, pois as coligações nas eleições proporcionais distorciam o seu desejo. O eleitor, por exemplo, votava na legenda ou no candidato de um partido que estava aliado a outro e tinha a sensação de que acabava ajudando a eleger uma outra pessoa de um outro partido. “Muitos partidos que pegavam carona não vão mais ter carona e vão lançar chapas maiores.”

“Em tese, o fim das coligações em eleições proporcionais organiza melhor o desejo do eleitor em termos partidários”, diz Dantas. Foi bom para o eleitor e para o partido, todos os votos em candidatos e candidatas - e também na legenda - de um partido “vão para a mesma cesta”.

Nas cidades menores, principalmente, os partidos “não são exatamente os partidos políticos que nacionalmente a gente conhece e enxerga”, alerta o cientista político. Por isso o eleitor precisa ficar atento. “A gente precisa entender como os partidos vão agir”, ou seja, se vão lançar chapas para contribuir com uma outra liderança que deseja se eleger (ou se reeleger), ou se vão lançar um nome à prefeitura para alavancar alguns nomes para vereador.

“O problema é saber se os nomes são todos fortes. Um candidato a prefeito completamente inexpressivo e pouco competitivo acaba inclusive afundando os nomes que esse partido tem para vereador. Nesse cenário de incerteza, as primeiras tentativas, os primeiros ensaios podem ser desastrosos para alguns”, conclui Dantas.

LINKS:

Íntegra da entrevista: http://culturafm.cmais.com.br/de-volta-pra-casa/cientista-politico-explica-impacto-do-fim-das-coligacoes-proporcionais-nas-eleicoes-municipais?fbclid=IwAR2KzmPZvhlW4sOrVH9bHcYiifB2dEuTh3kNx1mpj-Bl95surdo1FjUxWSg

CLP: https://www.clp.org.br/

 

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