Língua de Herança: VI Simpósio Europeu, este mês, na cidade portuguesa de Aveiro


Educação

José Venâncio de Resende0

Professora Rosa Faneca, coordenadora do VI SEPOLH

O VI Simpósio Europeu de Português como Língua de Herança (SEPOLH), que acontecerá nos dias 23 a 25 de outubro na Universidade de Aveiro (UA), com o tema “Português como Língua de Herança: da gestão à formação”, é definido como “desafio acadêmico” pela professora Rosa Maria Faneca, investigadora (pesquisadora) do Departamento de Educação e Psicologia e coordenadora do evento. A sexta edição marca o retorno do evento em modo totalmente presencial.

“Desafio acadêmico” é o que diferencia o VI SEPOLH dos anteriores, diz Rosa Faneca, porque esta é a primeira vez que o simpósio é organizado por uma universidade e acontece em um país de Língua Portuguesa. De acordo com avaliação da pesquisadora e professora Ana Souza, o I SEPOLH (Londres, 2013) pode ser definido por “pioneirismo”; já “ato de coragem” seria o II SEPOLH (Munique, 2015); para o III SEPOLH (Genebra, 2017), a palavra seria “consolidação”; o IV-SEPOLH (Florença, 2019) pode ser definido como “estruturação”; e o V SEPOLH (Barcelona, 2021) é bem representado pela palavra “expansão”.

O VI SEPOLH tem o propósito de fazer um balanço da investigação desenvolvida em torno do tema. Entre os seus objetivos específicos, destaca-se o de propiciar maior intercâmbio de teorias e práticas entre os países europeus e fora da Europa que possuam instituições trabalhando na difusão da Língua Portuguesa e das culturas a eles associados (outros objetivos podem ser consultados em https://www.sepolh.eu/).

O Simpósio

Dentro da ideia de “desafio acadêmico”, a proposta é focar quatro grandes dimensões: profissional, curricular, investigativa e política. As apresentações estão distribuídas nos seguintes eixos temáticos: gestão e políticas linguísticas educativas; ensino e aprendizagem; avaliação; formação e construção de saberes. 

Já foram confirmadas cerca de 50 apresentações de investigadores, acadêmicos e professores de terreno de 20 países (para além de Portugal e Brasil, nota-se a ausência de representantes dos outros países da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). A novidade deste SEPOLH será a realização de workshops com duração de 1 hora (no total, oito workshops). 

A maioria dos trabalhos a serem apresentados está relacionada com ensino/aprendizagem, formação de atores educativos e construção de saberes. Mas também há trabalhos no âmbito da temática da “avaliação” (considerada um tema difícil). 

O desafio 

Rosa Faneca aceitou o desafio de coordenar o VI SEPOLH – organizado pelo Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) ao qual ele está vinculada – porque em outubro completam-se 40 anos em que começou a ensinar a Língua de Herança (“Língua e Cultura de Origem”, no conceito francês), em duas associações vinculadas a institutos lusófonos na região de Paris. “Eu própria, com sete anos, tive aulas nas associações; depois fui docente, formadora de professores e investigadora.”

As aulas nas associações aconteciam às quartas-feiras e sábados, em paralelo às licenciaturas de Letras Modernas e de Língua e Cultura, das quais Rosa Faneca era aluna na Sorbonne. O ensino da língua portuguesa começou em 1977, com o protocolo da Língua Portuguesa, assinado entre os governos francês e português e, assim, o Ministério da Educação permitiu que as aulas para filhos de imigrantes acontecessem nas escolas públicas.

Depois de concluir o mestrado, Rosa Faneca começou a lecionar no Ministério da Educação francês, mas continuou em paralelo com as aulas de português como língua de herança, o que aconteceu até o ano 2000. Na sequência, ela desenvolveu um trabalho investigativo sobre a Língua de Herança no mestrado e o estudo “Diploma de Estudos Avançados” no pós-graduação.

Já em Portugal, em 2011, Rosa Faneca concluiu o doutorado com a tese “Representações da Língua Portuguesa por Luso-descendentes”, na Universidade de Aveiro. E ainda fez dois pós-doutorados: “O papel das línguas de herança na competência plurilingue dos jovens com história (s) migratória (s): um estudo de caso nas escolas do centro de Portugal” e “O papel da Língua de Herança na formação dos professores”.

Aveiro*

Aveiro, distante cerca de 57 km do Porto e conhecida pela produção de sal comprovadamente desde o ano 959, é uma cidade da costa oeste portuguesa, situada junto a uma laguna conhecida como Ria de Aveiro, “com toda a beleza da sua paisagem mesclada de ilhotas e esteiros a fervilhar biodiversidade”. Distingue-se pelos seus canais navegados por barcos coloridos (barcos moliceiros), tradicionalmente utilizados para a colheita de algas.

Destaca-se pela preponderância de imóveis dos séculos XIX e XX, que revelam o gosto da época, evidente na decoração com apontamentos Arte Nova de alguns edifícios ou nas linhas depuradas de Art Déco e Modernismo. A Sé de Aveiro, que quase nada guarda do seu traçado quinhentista, resulta da arquitetura dos séculos XVI e XVII, unificada pela intervenção decorativa barroca do século XVIII. A cidade também conserva, nos bairros Alboi e Beira Mar, casas térreas revestidas a azulejo, testemunhos vivos de antigos salineiros e pescadores fiéis devotos de S. Gonçalinho e S. Roque.

A preponderância da indústria cerâmica, reflexo dos avanços tecnológicos, resulta antes de uma longa tradição produtiva favorecida pela constituição geológica da região e que remonta, pelo menos, ao período tardo-romano/medieval. Em franco crescimento econômico, consegue aliar os testemunhos do passado às exigências atuais, envolvendo a Universidade de Aveiro, num caminho para o desenvolvimento sustentável que garantirá o futuro (fonte: Câmara Municipal de Aveiro). 

*Câmara Municipal de Aveiro 

LINKS RELACIONADOS:

Clique aqui para ver a Programação

Clique aqui para ver a reportagem sobre o V SEPOLH        

 

 

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário