Queijo Minas Artesanal produzido em Resende Costa ganha prêmio nacional


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Da redação0

fotoO resende-costense produtor de Queijo Minas Artesanal Cláudio Ruas (foto fornecida pelo entrevistado)

No último dia 7 de julho, foram anunciadas as premiações do VI Prêmio Queijo Brasil 2023, principal concurso de queijos do país, realizado na cidade de Blumenau-SC. Com mais de 1.000 queijos inscritos nessa edição, um dos contemplados foi o Queijo Minas Artesanal, produzido na Fazenda Pimenta pelo Casal Gastrô, região do Povoado dos Pintos, zona rural de Resende Costa.

Agraciada com a medalha de bronze, a receita produzida em nosso município há cinco anos é a do Queijo Minas Artesanal (QMA), diferentemente da maior parte dos queijos produzidos na cidade que não são maturados e não levam fermento natural. O QMA, símbolo de Minas Gerais e com mais de 300 anos de história, é elaborado com leite cru, pingo (fermento lácteo natural extraído da dessoragem noturna), com prensagem manual, salga seca, passando por um processo de maturação de pelo menos 22 dias em prateleiras de madeira e temperatura ambiente.

 Muitas vezes com a nomenclatura equivocada de “Queijo Canastra”, o QMA pode ser produzido oficialmente em 10 microrregiões distintas do estado, sendo o Campo das Vertentes uma delas. Aliás, registros históricos apontam para o fato de que essa receita surgiu aqui na nossa região, com a chegada dos portugueses açorianos que vieram em busca do ouro. Encontraram aqui condições ideais de produção, adaptaram a receita e, posteriormente, migraram para outras regiões do estado, como a da Serra da Canastra, por exemplo. Ou seja, pode-se dizer que o famoso “Queijo da Canastra” (que na verdade se chama” Queijo Minas Artesanal da microrregião da Canastra”), surgiu aqui no Campo das Vertentes!

Com o desenvolvimento econômico, a localização privilegiada da nossa região e a instalação de laticínios, os produtores pararam de produzir esse queijo por aqui. Mas, de uns anos para cá, está ocorrendo um processo de resgate da receita, como destaca o queijeiro recém premiado da Fazenda Pimenta, Cacau do Rosalvo do Góes: “Fazemos parte de uma nova geração de produtores do Campo das Vertentes, sem ascendência queijeira na família, mas com o propósito de resgatar esse modo de fazer tricentenário e tão importante para nossa história. Com a vantagem do uso de práticas agropecuárias visando à sanidade do rebanho, bem como boas práticas de ordenha e de fabricação, garante-se assim mais segurança alimentar, o que não ocorria antigamente. As técnicas de produção e maturação também vêm se aprimorando nos últimos anos, proporcionando um produto de qualidade superior e com maior valor agregado no mercado, que tem reconhecido cada vez mais a qualidade desse tipo de queijo diferenciado.

 

Para além de um produto saboroso

Se o mercado tem valorizado cada vez mais os queijos artesanais de padrão superior, essa valorização não passa somente pela qualidade sensorial do produto. O público tem valorizado e exigido cada vez mais outros aspectos da produção, como a sustentabilidade, o bem-estar animal e humano e o respeito à natureza. Fatores esses que são buscados na Fazenda Pimenta, que atualmente tem um método de produção fora do padrão de fazendas produtoras de leite da região, como explica seu proprietário: “Nossa produção é em microescala, com ordenha só matinal e os bezerros mamando o leite da tarde diretamente nas mães. Frutos de cruzamento com monta natural de boi de corte, não há descarte de bezerros machos, como se vê em algumas fazendas leiteiras. Nossas vacas são criadas a pasto e com reforço de silagem de capiaçu no período da seca, menos impactante que a silagem de milho. As vacas produzem um volume bem menor de leite, mas assim conseguimos um produto final de qualidade superior e ainda mais sustentável. O soro vai para os porcos, o esterco volta para a capineira e outras culturas e assim fazemos a roda girar, inclusive, com a diversificação dos produtos comercializados.”

Essa foi a segunda premiação do queijo da Fazenda Pimenta (Casal Gastrô), em dois concursos participados. A primeira ocorreu no Concurso Mundial do Queijo, na cidade de Araxá, em 2019. Reconhecimento que ajudou a lançar luz sobre a questão da produção de queijo artesanal em nossa cidade, como lembra o produtor: “Tais prêmios são muito importantes, não só para quem produz, mas para as populações rurais e para todo o município. Precisamos de mais políticas públicas e de apoio da própria população local, que não dá o devido valor ao que está sendo produzido à duras penas no seu entorno, seja o queijo ou o leite ou qualquer outro produto da roça.

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