Entre os dias 21 e 22 de setembro, o reitor Marcelo Pereira de Andrade, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), participou, na Santa Sé, no Vaticano, de um evento internacional com a presença do Papa Francisco. Trata-se do “Encontro de Reitores de Universidades Latino Americanas e Caribenhas Organizando a Esperança”. Na oportunidade, o reitor entregou ao papa um presente que representa os seis campi que compõem a UFSJ: a escultura Madonna in Blues & Gold, confeccionada pelo artista plástico e professor Rogério Godoy.
Para o professor Marcelo, nada mais adequado do que levar ao Sumo Pontífice um presente que simboliza tão bem a arte sacra, um dos aspectos marcantes da cultura da região onde nasceu a UFSJ. “Estamos preparando também um documento que apresenta a UFSJ como parceira na defesa dos direitos humanos, do meio ambiente, da justiça social, da produção de conhecimento em prol da humanidade.”
Rogério Godoy foi professor de Física na Universidade, é geofísico e ceramista. Foi um dos fundadores da FUNREI, instituição que deu origem à UFSJ, e também criador do curso de Artes Aplicadas da instituição.
O encontro
O reitor disse em entrevista à Rádio Emboabas que o papa gostou bastante do presente. Pedaços de São João del-Rei e da UFSJ estão juntos do líder máximo da Igreja Católica. “Agora um pedaço de São João del-Rei, um pedaço da UFSJ estão no Vaticano. Feita por um mineiro, filho daqui de São João del-Rei, que foi nosso professor e um dos fundadores da Universidade. Uma representação que agora está no Vaticano. É um pedaço de nós e da nossa história”.
Marcelo também entregou a Francisco um ofício no qual a UFSJ se compromete a se dedicar à construção de um mundo mais justo e pacífico. “Eu pude entregar um ofício em que nos colocamos à disposição para o trabalho coletivo junto com o Vaticano, junto com os demais reitores e reitoras das diferenças universitárias da América Latina, na construção de uma sociedade justa, igualitária, em que os direitos humanos sejam respeitados à preservação do meio ambiente”, explicou. O Papa prontamente acolheu o ofício e assinou.
Ao longo do evento, foram discutidos temas como os desafios do mundo na atualidade, mudanças climáticas, água e biodiversidade, desemprego e migração, entre outros. Marcelo participou do grupo que debateu as crises sociais. “Tratamos de temas como direitos humanos, imigração, a questão dos refugiados, desigualdade social, meio ambiente. Trabalhamos no sentido de apresentarmos propostas para que possamos juntos superar esses problemas que afetam toda a humanidade”, declarou.
A delegação brasileira foi formada por reitoras e reitores de 41 universidades.
A imagem
Madonna in Blues & Gold é uma escultura de 25 cm de altura, feita em cerâmica modelada à mão e posteriormente “queimada” em forno de altíssima temperatura. A peça é também revestida com esmaltes vidrados azuis e aplicações de folha de ouro 23,5 quilates. Sua base é de madeira (canela sassafrás), confeccionada a partir do aproveitamento do trabalho de um marceneiro da região. A folha de ouro é um material usado em diversas técnicas artísticas e em restaurações, tendo um custo menor que o metal propriamente dito.
In blues
O título da obra, segundo o artista, carrega simbolismos. “A expressão in blues em inglês tem vários significados. Literalmente quer dizer em azuis e a minha madona está vestida em azuis, que o forno cerâmico matizou de forma bem bonita. Mas também significa melancolia, e creio que minha madona quer proteger o filho, porém está triste por todas as crianças que padecem de fome e de doenças e por aquelas que são vítimas das guerras”, explica.
Rogério conta, ainda, que o ouro não é só decoração, já que, desde as mais antigas imagens cristãs (ícones bizantinos), o metal simboliza a iluminação, a luz divina da sabedoria e da compaixão. “Na pequena Madonna apliquei um pouco de ouro nas vestes – embeleza e também tem um sentido. Essa pequena escultura talvez seja um desejo de uma Nossa Senhora da Melancolia, que chora pelas crianças maltratadas”, completa.
Madonna e mãe
A escultura seria, originalmente, um presente da professora Zandra Coelho, do curso de Artes Aplicadas, para sua mãe, Diana. Quando o reitor a consultou, sobre um presente para o papa, que representasse, de forma significativa, a Universidade, o curso, a cidade, ela resolveu ceder a Madonna, em acordo com o ceramista, que abriu mão da venda e doou a peça para a UFSJ. “Tanto o Rogério como eu somos muito fãs do Papa Francisco, essa figura iluminada. Achei muito digno destinar o presente a ele”, afirma Zandra.
*Com informações ASCOM –UFSJ.