Festa e feira de S. Cristovão em Resende (Portugal) são antigas


Cultura

José Venâncio de Resende0

Uma festa de séculos no monte de S. Cristovão (Foto Ideal Resende).

Desde tempos desconhecidos, realiza-se no dia 25 de julho de cada ano, no monte de S. Cristóvão, em Felgueiras, Resende, Portugal, uma festa e uma feira em memória de S. Cristóvão. Do programa, sempre constou a celebração da Santa Eucaristia e, mais longe, no monte, uma feira anual de gado bovino e, ainda, para gáudio dos aficcionados, lutas renhidas de bois. De alguns anos a esta data, há a atribuição e a entrega de prêmios aos animais apresentados a concurso. 

A capelinha, muito antiga, tem o formato de cubo, ao jeito das macabas orientais, com o telhado escondido para se defender dos ventos e das tempestades, explica o padre, professor e historiador Joaquim Correia Duarte. A 1.148 m acima do nível do mar, estão a capelinha e um miradouro, “dos mais amplos e mais belos do país, desfrutando-se daí uma vista soberba sobre o vale de S. Pedro de Paus e S. Martinho de Mouros, até ao Douro, até ao Marão, e também sobre o outro vale de Felgueiras, Cárquere e Resende”. É no monte de S. Cristóvão que nascem dois dos três ribeiros principais do concelho: o Bestança e o Corvo ou Carcavelos. 

Segundo padre Joaquim, o adro da capela, agora muito amplo, foi arranjado em 1995 pela Comissão da Igreja da Paróquia de Felgueiras, com projeto gratuito de Jorge Oliveira, filho da terra, e termina, lá no alto, com uma enorme cruz branca, em cimento armado. “A imagem de S. Cristóvão, que se encontra no interior da capela, é uma escultura tosca, de granito, muito antiga também, com a hipótese de ser de tempos medievais. É tradição antiga, que ainda continua, a oferta de molhos de cravos a S. Cristóvão, em agradecimento ao santo por libertar as pessoas que os oferecem, de verrugas que aqui se conhecem por ´cravos´. 

Segundo padre Joaquim, era costume, em tempos idos, virem diversas procissões à capelinha. “O Pe. Manuel Ferreira da Fonseca, pároco da paróquia em 1755, dizia que no dia de S. Cristóvão, se fazia naquele lugar uma feira de gado e iam aí diversas procissões. Isso explica que, próximo da capela, esteja ainda hoje um grande penedo conhecido pelo povo como ´Penedo das Procissões´.”

Ainda há pouco anos, havia a procissão de Felgueiras, narra padre Joaquim. “Levantava da igreja de Felgueiras até ao largo do Espírito Santo, aí desarmavam-se a cruz e as bandeiras, o povo seguia à vontade, e, chegados ao Penedo das Procissões, organizava-se de novo e seguia até à capelinha, onde se celebrava a Santa Missa.” 

Raça arouquesa 

Depois da ausência devido à pandemia, a Feira de S. Cristóvão está de volta a Resende neste 25 de julho. Além da missa campal na parte da manhã, a programação abrange concurso pecuário de bovinos da raça arouquesa, típica da região, entrega de prêmios de incentivo à criação desses animais e de pequenos ruminantes, mostra de reprodutores e degustação da carne arouquesa. O evento é organizado pelo Município de Resende em parceria com a União das Freguesias de Felgueiras e Feirão. 

A Câmara Municipal de Resende entregou os prêmios de incentivos a 105 produtores de gado da raça arouquesa, num investimento no valor de 25.898,50 euros, abrangendo o total de 848 animais contemplados (dos quais 229 são bovinos autóctones de raça arouquesa). 

 

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