O IRIS (Instituto Rio Santo Antônio) completou 15 anos em 27 de dezembro de 2024. O Rio Santo Antônio foi “nossa inspiração” e “dá nome à nossa instituição”, diz Émerson Gonzaga Fernandes, membro do conselho fiscal e ex-presidente da instituição (biênios 2014-2015, 2016-2017 e 2018-2019 e 2020-2021). “O rio Santo Antônio foi o ponto de partida de nossos projetos. Mapeamos, divulgamos, criamos documentários, levantamos problemas e trouxemos projetos para esse rio que percorre grande trecho do território rural de Resende Costa e é tão importante para nossa cidade.” Atualmente, o IRIS é presidido por Charles Fernandes.
O “projeto mais técnico” do IRIS, desde o surgimento da institutição, é a Capoeira Nossa Senhora da Penha, também conhecida como Horto Florestal. O parque é uma unidade de conservação criada antes da lei federal 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e, “infelizmente, esquecida pelos últimos governantes do município e também pelo Ministério Público”, lamenta Emerson. “Quando iniciamos o processo de criação de um estudo técnico para adequação da unidade de conservação, em 2016, percebemos o quanto o parque tem sido menosprezado, invadido e degradado pela ausência de manejo das águas pluviais – o que tem trazido danos irreversíveis.”
Por isso, o IRIS reivindica “o direito daquela área de se tornar um Parque Natural em nosso município. Nosso esforço é para que haja um receptivo e um conselho gestor capaz de trazer melhorias e cuidados para o parque”, defende Emerson. Uma emenda parlamentar recente destinou recurso no valor de 300 mil reais para a manutenção da rede hídrica, que “tem trazido enormes erosões dentro do parque”, bem como para a elaboração de estudos técnicos visando à criação de um plano de manejo para adequação da Unidade de Conservação ao SNUC e para a construção de um receptivo capaz de organizar as visitas e as manutenções no interior do parque. “Esperamos que, com isso tudo, alcancemos o nosso objetivo de ver nossas futuras gerações utilizando espaços naturais, como o parque, para interações sociais”, diz Emerson.
Durante essa curta jornada, o IRIS gerou conhecimento técnico sobre o meio ambiente, ao produzir amplo material de cunho técnico “para conhecimento de toda população resende-costense”, relata Emerson. “Utilizamos algumas plataformas virtuais para a publicação desse material, como nosso website (www.portaliris.org.br), nosso Instagram, Facebook e youtube.” Além disso, mantém uma coluna no Jornal das Lajes desde 2012, na qual trata de assuntos diversos, como cultura, patrimônio e, principalmente, meio ambiente. Os membros do IRIS também participam de seminários e congressos e visitam as escolas de Resende Costa, onde fazem palestras. E ainda produzem revistas e documentários, “matérias que para sempre serão enraizadas na história de Resende Costa”, comemora Emerson.
Outro orgulho do IRIS é o projeto cultural Movimento Luau nas Lajes, que procura valorizar as bandas e artistas locais, “mas que carregava a necessidade de investimentos públicos no Mirante das Lajes”. Nas diversas edições do evento, “buscamos articulação com o poder público municipal e com o setor privado com propostas de revitalização e para o melhor aproveitamento do mirante”, conta Emerson, que falou mais ao JL sobre o IRIS e seus projetos para Resende Costa ao longo dos últimos 15 anos. Leia os principais trechos da entrevista.
Qual é a principal conquista do IRIS nesses 15 anos? Ao meu ver, a principal conquista foi a fundação da instituição. Um projeto que surge entre um grupo de jovens amigos que, em rodas de conversas, almejavam melhorias para o bem-estar do meio ambiente e da cultura de Resende Costa. De lá para cá, nesses 15 anos de história da nossa instituição, os frutos dessa conquista - de se criar uma entidade sem fins lucrativos que visa ao bem-estar social de nossa cidade - foram inúmeros.
E qual foi o principal desafio nessa trajetória de 15 anos? O nosso maior desafio é a baixa rotatividade nos cargos de direção por causa da pouca adesão de novos filiados. Fato agravado pela carência de pessoas engajadas em promover o bem coletivo. Sabemos que a vida é corrida para todos e que cada pessoa leva isso de seu jeito. Mas, certamente, se tivéssemos tido mais apoio, teríamos desenvolvido ainda mais projetos nesses 15 anos. Seguimos firmes, às vezes aos trancos e barrancos, mas mantemos o amor à causa e à comunhão de pensamentos pródigos que, até hoje, amigos insistem em debater. E também faltaram recursos para o desenvolvimento de projetos próprios. Infelizmente, ainda não conseguimos sustentabilidade econômica para a nossa ONG. Vivemos da participação voluntária dos membros e nossos projetos são desenvolvidos em parcerias com a população e o setor privado, além de convênios com o setor público.
Você acha que Resende Costa é um município melhor depois da atuação do IRIS? Fizemos muitos projetos nesses anos. Gosto de acreditar que nossas ações são relevantes. É isso que nos motiva! Além do mais, somos um grupo de pessoas atuantes em vários segmentos da sociedade. Nosso grupo tem advogados, professores, jornalistas, ambientalistas, empreendedores, estudantes, músicos. Enfim, estamos a todo momento inseridos em debates relacionados à cultura, ao meio ambiente, à política etc. Esperamos que as pessoas consigam perceber que ações coletivas voltadas ao social são uma forma de ajudar o próximo. E é por isso que eu prefiro acreditar que o IRIS fez e faz a diferença em nossa cidade.
Quantos associados o IRIS tinha 15 anos atrás? E quantos tem hoje? Como você avalia a participação dos cidadãos no IRIS? Não temos muitos associados atualmente. Ao longo de nossa história, várias pessoas contribuíram com o IRIS. Conseguir engajamento das pessoas tem sido um dos maiores desafios para o IRIS.
Quais os principais parceiros do IRIS? Como tem sido a relação com a Prefeitura Municipal? Já firmamos várias parcerias durante o percurso do IRIS, tanto com outras associações quanto com órgãos públicos. Temos uma boa relação com a Prefeitura, mas percebemos uma certa morosidade nas ações que dependem do ente municipal.
Quais os planos do IRIS no curto, médio e longo prazos? Seguimos com o sonho de continuar sendo uma entidade ambiental ativa, capaz de trazer melhorias e bem-estar para toda a comunidade. Sobre projetos, nosso foco está indo em direção à Capoeira Nossa Senhora da Penha. Temos que conservar o parque e não vamos medir esforços para que este sonho se torne realidade. Temos como objetivo conseguir participar do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Somos a única ONG ambiental do município e, até hoje, não temos cadeira efetiva entre os membros do conselho. Além disso, nossa diretoria cultural está engajada em projetos de percussão musical, de produção audiovisual e estamos trazendo mais holofotes ao tradicional Luau nas Lajes.
Nesses planos, estão incluídas ações no Parque Municipal Capoeira Nossa Senhora da Penha? Sendo o parque uma unidade de conservação municipal, como você avalia a gestão da Prefeitura Municipal? Claro! A Capoeira carece de cuidados há muitos anos e continuamos lutando por ela! Só aqui no JL já foram inúmeras matérias nas quais pontuamos todos os impactos e trouxemos soluções! Vale considerar que a responsabilidade pela gestão do parque é municipal e há anos projetos de revitalização e proteção do nosso Horto Florestal são prometidos, mas não são encarados com sua devida importância pelo executivo. Desde o início dos nossos estudos, vimos voçorocas gigantes surgirem dentro do parque. Algo que se resolve com um bom projeto de manejo das águas de chuva. Como dissemos no início desta entrevista, um recurso de 300 mil reais foi destinado ao município através de emenda parlamentar e, em parceria com o poder executivo, vamos desenvolver projetos sólidos, capazes de trazer inúmeras melhorias para a Capoeira Nossa Senhora da Penha.