Grandes lançamentos
23 de Outubro de 2024, por Renato Ruas Pinto 0
Desde o começo desta coluna, eu afirmo que a nossa música brasileira segue criativa e empolgante. Por mais que saudosistas ou até nossas próprias memórias afetivas nos digam que “antigamente é que era bom”, a tese central que defendo aqui segue válida e vai sendo confirmada com lançamentos de ótimos trabalhos e com gratas descobertas de novos artistas. A arte é praticamente uma necessidade humana. Ela nos leva por caminhos interessantes ou misteriosos, nos aquecem, nos questionam e nos trazem conforto ou, vez por outra, um necessário desconforto para nos questionarmos ou refletirmos sobre o mundo. E enquanto houver artistas preocupados em nos trazer coisa nova e relevante, eu seguirei divulgando e recomendando.
Os artistas que trago desta vez não são novidades na coluna: Makely Ka e Pablo Castro. Os dois, juntos com Kristoff Silva, lançaram em 2003 o álbum “A Outra Cidade”, pedra fundamental do movimento que ficou conhecido como o “Reciclo Geral”, que já foi tema de outra coluna (leia em bit.ly/reciclogeral). Aquele disco, ainda que coletivo, já apontava que as trilhas musicais percorridas por Pablo e Makely eram bem distintas entre si e mostrava a qualidade e originalidade de ambos. De lá para cá, os dois seguiram seus caminhos e produziram ótimos discos, como o “Anterior”, de Pablo, ou o “Cavalo Motor”, de Makely. Agora eles voltam com mais dois excelentes trabalhos e que merecem audição atenta.
Makely Ka: Triste Entrópico (2024) – Makely apresenta mais um ótimo trabalho de uma carreira muito produtiva e diversificada, que passa até pelo instrumental, como foi o seu último álbum, “Rio Aberto”. Em um disco totalmente autoral, Makely assina letra e música de todas as faixas e mostra que não só é um músico de talento, mas também um poeta e letrista e tanto. As letras nesse álbum remetem, em grande parte, ao sertão e ao agreste, fazendo com que o disco converse com “Cavalo Motor”, onde Makely retratou o sertão de Guimarães Rosa, que ele percorreu bravamente de bicicleta. Criador de harmonias não convencionais, Makely tem uma sonoridade um tanto peculiar que casa a rítmica de suas melodias com os seus versos, de modo que as palavras ganham tal fluidez que faz com que elas soem como parte da percussão. E falando em percussão, tal como eu seus outros trabalhos, a base instrumental é enxuta, mas competente e arranjada com bom gosto.
Pablo Castro: O Riso e o Juízo (2024) – Há um intervalo razoável entre o segundo trabalho solo de Pablo e seu primeiro álbum, “Anterior”, de 2013. O artista, porém, esteve sempre na ativa e foi responsável, por exemplo, pela direção artística da turnê em que Lô Borges executou ao vivo, pela primeira vez, o seu álbum de estreia, conhecido como “o disco do tênis” (o show está disponível na íntegra no YouTube). A espera pelo segundo álbum valeu a pena e Pablo mostrou mais uma vez que é um compositor de melodias refinadas e um cancionista com todos os méritos. Sobre as canções, elas têm uma característica um tanto contraditória e difícil de se explicar. Suas melodias e harmonias passam longe do convencional e de serem fáceis, mas trazem uma leveza que quase flerta com uma sonoridade pop. O disco, de longa gestação, nos brinda com faixas muito bem produzidas e arranjadas e, mesmo na luta que enfrenta todo artista independente, Pablo não abriu mão do esmero em cada faixa.
Os dois lançamentos só reforçam a minha proposição do início do texto. Pablo e Makely são artistas extraordinários e que estão trazendo dois lançamentos com música original e relevante. Embora eles compartilhem um começo juntos, seus estilos são completamente distintos, o que só demonstra que nossa música continua diversa, rica e com artistas corajosos para seguirem em frente contra todos os obstáculos que o músico independente enfrenta. Há uma renovação enorme em nossa MPB, mas não espere ouvi-la em veículos de massa ou ler sobre seus trabalhos em grandes mídias. Busquem nas redes sociais e nas indicações de quem fala sobre música de verdade.
Os grupos vocais brasileiros
31 de Julho de 2024, por Renato Ruas Pinto 0
Houve um tempo em que grupos com ênfase nos vocais bem trabalhados em complexas harmonias foram mais comuns no Brasil. Lembre-se, por exemplo, dos tempos áureos dos festivais e de como a performance do MPB-4, com um arranjo magistral de Magro, integrante do grupo, abrilhantou “Roda viva”, de Chico Buarque. Pode-se dizer que o arranjo em quatro vozes se tornou praticamente indissociável da música. Além do MPB-4, podemos citar outros grupos que ficaram conhecidos, como Os Cariocas, o Quarteto em Cy, Trio Marayá e Os Diagonais.
Esses grupos obtiveram sucesso se apresentando sob a própria bandeira, mas a sua qualidade frequentemente os transformava em convidados de luxo em discos de grandes artistas. Com o tempo, foi ficando cada vez mais raro ver esse tipo de formação por motivos esperados: além do desafio de se reunir grandes vozes, o repertório é necessariamente complexo por conta dos arranjos. E para se fazer o arranjo, muitas vezes precisa-se de profissionais com formação em orquestração ou muita sensibilidade para casar mais vozes de maneira correta.
A complexidade desse tipo de trabalho só faz com que a minha admiração aumente por música feita assim, quando a voz humana se torna o instrumento principal. Por esses dias, tive a felicidade de assistir ao vivo um dos grupos mais tradicionais do país, o Boca Livre. Após um período de turbulência interna no grupo, eles voltaram e mostraram que seguem em forma e emocionando. Recentemente, foram premiados com o prestigiado prêmio Grammy de melhor álbum de Pop Latino, e uma das dicas de audição é justamente o quarteto. Para mostrar que, com todas as dificuldades que citei, o formato resiste, a outra dica é sobre o talentoso Trio Amaranto, que também sempre emociona com vocais incríveis. Não deixem de ouvir.
Boca Livre – “Rasgamundo” e “Parceiros/Pasieros”: o último lançamento do grupo é o álbum “Rasgamundo”. Seus membros assinam várias faixas em parcerias com nomes de peso, como Erasmo Carlos, Márcio Borges e Zeca Baleiro, e mostram a veia autoral. Também recomendo muito ouvir o álbum “Parceiros/Pasieros”, feito em conjunto com o renomado cantor e compositor panamenho Rubén Blades, autor das faixas. O disco é, na verdade, um “dois em um”, já que são dois álbuns, um com as músicas no original em espanhol e outro com versões em português. O álbum foi ganhador do prêmio principal do Grammy (não confundir com o Grammy Latino, que contempla só produções latino-americanas) de melhor álbum Pop Latino. Aliás, esse feito foi vergonhosamente ignorado pela grande mídia, que preferiu destacar o fato de que Anitta não ganhou o prêmio a que concorria no mesmo ano.
Trio Amaranto– “BenditoJazz” e “Amaranto 25 anos”: o trio das irmãs Flávia, Lúcia e Marina Ferraz está em atividade há mais de 25 anos, além de alguns anos atuando como “Flor de Cal”, antes da entrada de Marina no grupo. Como exige o formato, as três são donas de belas vozes e trabalham arranjos incríveis para o repertório de grandes clássicos da música brasileira e da internacional, além de composições próprias. No álbum “BenditoJazz” elas apresentam um interessante repertório de clássicos de Cole Porter e dos irmãos George e Ira Gershwin, acompanhadas do trio do competente baixista Kiko Mitre. O show da comemoração dos 25 anos do grupo não é um álbum, mas está disponível em ótima qualidade de áudio e vídeo no canal oficial do YouTube (@amarantooficial). Nele o trio apresenta um repertório complexo e riquíssimo, onde se pode conhecer a qualidade do trabalho. Além disso, elas possuem uma discografia possível de ser apreciada nas plataformas.
A voz humana é um instrumento e tanto e as possibilidades que a harmonia possibilita são surpreendentes. E quando grandes cantores e arranjadores se juntam para dar vida a uma canção, o resultado é sempre emocionante. É um tipo de trabalho, como dito acima, de alta complexidade e, logo, raro de ser encontrado, o que só aumenta a nossa satisfação e admiração quando podemos ouvir grupos que levam em frente essa tradição.
Fábrica de sucessos
26 de Junho de 2024, por Renato Ruas Pinto 0
Música é uma coisa que sempre me marcou muito. Sempre que ouço determinadas músicas, gostando ou não delas, imediatamente vêm à memória certos momentos porque eu estava ouvindo muito aquela canção na época ou porque ela estava na moda e tocava à exaustão no rádio, televisão ou festas. Por exemplo, eu não sou fã do Black Eyed Peas, mas os tenho ligados a dois momentos bacanas da minha vida por conta de suas músicas. A primeira é “Dont Phunk With My Heart”, que a banda emplacou nas paradas mundiais em 2005, exatamente nas semanas da minha primeira viagem à Europa. A segunda é “Big Girls Don’t Cry”, da carreira solo de Fergie, vocalista do grupo, e grande sucesso nos dias de outra viagem inesquecível, quando percorri o Caminho dos Diamantes, em 2007. É ouvir qualquer uma delas para reviver as viagens e seus bons momentos.
Esse pequeno exemplo mostra como um grande sucesso, ou hit, pode fazer parte de nossas vidas e de nossas memórias afetivas. Entretanto, emplacar nas paradas nunca foi tarefa simples no rádio e na TV ou nos tempos atuais do streaming. Mesmo sabendo que existem mecanismos nefastos, como o “jabá”, que consiste em pagar para rádios e disc-jóqueis promoverem as músicas artificialmente, levar uma canção para o topo da lista de execuções e gravá-las nas cabeças das pessoas demandam bem mais que dinheiro. Assim, não são muitos os artistas que conseguiram, ao longo da carreira, emplacar algum grande sucesso.
Entretanto, há alguns que parecem ter descoberto alguma fórmula mágica e se tornaram presença constante na música que chega até nós. E é justamente uma dupla de compositores que dominou as paradas no Brasil por vários anos que foi escolhida para ser o tema de um ótimo documentário disponível no Globoplay: Michael Sullivan e Paulo Massadas. O documentário “Retratos e Canções” mostra os caminhos que levaram a dupla a se tornar uma potência da indústria fonográfica nacional e a quem grandes artistas recorriam quando precisavam de um sucesso comercial. Fazendo uma retrospectiva desde o início da carreira de cada músico, passando pelo encontro e primeiras composições e indo até o final da parceria em 1994, a série surpreende com a quantidade enorme de hits que a dupla compôs. Eu reconheci as músicas mostradas e me lembrava dos artistas associados a elas, mas algumas eu não fazia ideia de que saíram dos cadernos e violões de Sullivan e Massadas.
Dirigido pelo notório jornalista e escritor André Barcinski, o documentário promoveu o reencontro dos parceiros, que não se viam há quase 30 anos. E destacou muito bem pontos interessantes, como o ritmo frenético de trabalho da dupla. Em dezesseis anos de trabalho saíram cerca de 700 músicas para artistas tão diversos em estilo, como Tim Maia, Gal Costa, Roberto Carlos ou Roupa Nova. Ou para projetos de música infantil do Trem da Alegria e da joia da coroa da dupla em termos de vendagem: a Xuxa. Além disso, a série traz uma reflexão importante sobre a falta de reconhecimento dos compositores, que sempre foram tachados de bregas ou comerciais pela crítica especializada ou seus pares. Esse tema pode render outro texto, mas é interessante ver que o trabalho de compositores profissionais do passado está começando a ter o devido reconhecimento, e o caso de Sullivan e Massadas encontra paralelos até com duplas internacionais notórias, como Carole King e Gerry Goffer ou Jerry Leiber e Mike Stoller. De comentário negativo, senti falta na série de saber o que aconteceu com cada um após a dupla se desfazer, em 1994. Além disso, o último episódio, composto só de interpretações um tanto quanto sem sal de músicas da dupla, é quase desnecessário.
A série de cinco capítulos vai mexer com memórias afetivas de muita gente ao escutar canções como “Dia de Domingo”, “Whisky a Go Go”, “Deslizes” ou “Talismã”. E vai surpreender quem não conhecia a extensão do que foi o trabalho de Sullivan e Massadas. É diversão garantida e uma aula sobre um capítulo interessante da música brasileira.
A nossa MPB segue firme
24 de Abril de 2024, por Renato Ruas Pinto 0
Desde o início dessa coluna, há exatos 10 anos, sempre defendi a tese de que a música brasileira vai bem. Os tempos mudaram, entretanto. Em um passado não tão distante, quem apresentava o artista ao mundo era uma gravadora. A produção independente existia, mas era caríssima e não estava disponível para qualquer artista. O novo mundo digital democratizou, em um primeiro momento, o processo de gravação e, em tempos mais recentes, a divulgação também. Hoje, ao alcance do celular, temos disponível música do mundo inteiro. Por outro lado, ficou difícil acompanhar as novidades por conta da quantidade de discos e músicas surgindo todos os dias.
Assim, nos dias de hoje precisamos ser um pouco mais ativos no processo de descoberta de novos artistas ou trabalhos e não ficar só esperando a música chegar até nós. Os meios de divulgação em massa, como rádio e TV, estão, infelizmente, dominados por um estilo único ou presos no passado, na repetição monótona de clássicos e sem coragem de arriscar. A dica é, então, garimpar nas redes sociais, seguir artistas novos e se ligar no bom material que está sendo lançado constantemente, no formato de álbum ou singles. Nessa coluna aproveito para compartilhar dois artistas e trabalhos excelentes que descobri recentemente.
Socorro Lira: Dharma (2023) – Socorro Lira é uma artista versátil e leva na bagagem trabalhos como compositora, cantora, escritora, atriz, diretora e produtora de audiovisual. Tive a sorte de ela levar o seu último disco “Dharma” à minha cidade e pude conferir ao vivo seus predicados como intérprete e compositora. “Dharma” é um disco que surpreende pela qualidade das letras e melodias e simplicidade no instrumental. Recheado de participações especiais e parcerias de peso, como Zélia Duncan, Chico César, Ná Ozzetti e o violeiro Ricardo Vignini, é um disco politicamente engajado e traz temas atuais, alguns quase premonitórios, como a música “Gaza Jacarezinho”, que antecipou o conflito que eclodiu no fim de 2023. “Dharma” é um tributo à canção e mostra que a força da música está na letra e na melodia e que nem sempre precisa de grandes arranjos ou floreios.
Artur Araújo: Morada dos Ventos (2021) – Artur Araújo é um jovem artista e que fez a sua estreia fonográfica mostrando logo ao que veio. Em um trabalho todo autoral, Artur apresenta um disco impecável do começo ao fim. Nos dias de hoje, em que os artistas estão privilegiando singles por se adequarem melhor à lógica de redes sociais, dá gosto ouvir um álbum bem costurado e com ótimos arranjos. Além do talento como compositor, Artur Araújo também mostra as cartas como cantor com uma bela voz. E também abre espaço para participações não só de artistas consagrados como Toninho Horta e Beto Lopes, mas também para talentos da nova geração, como as competentes cantoras Bárbara Barcellos e Mariana Nunes. “Morada dos Ventos” é um álbum que mistura influências de regiões diversas do Brasil e mostra que a fonte de talentos da música brasileira continua produzindo talentos.
Conheci os dois artistas pelas redes sociais, através de postagens de amigos ou de quem divulga estilos com os quais me identifico. Então, veja que não precisamos de rádio, TV ou gravadora para fazer a curadoria do que iremos ouvir. Sejamos ativos e busquemos coisas novas. Elas estão aí. Sejam trabalhos de artistas novos ou novos trabalhos de quem conhecemos. A boa música está pulsante e ativa, mas agora precisamos ser nós mesmos o disk jockey da nossa trilha sonora.
A arte da arte
27 de Marco de 2024, por Renato Ruas Pinto 0
Por coincidência, logo após escrever sobre uma loja de discos que ainda resiste aos novos tempos da música digital, recebi uma dica de um documentário sensacional. Ele conta a história do importante estúdio de design inglês Hipgnosis, que foi responsável por criar capas memoráveis de discos que marcaram a história do rock. Muitas capas de disco se tornaram parte integral da obra e é impossível falar de certos álbuns sem lembrar delas. Artistas investiram tempo e cuidado na criação de capas, pois entenderam a força que elas carregavam enquanto transportavam e protegiam a música em seu interior. O estúdio Hipgnosis, com muita inventividade e o uso competente das técnicas disponíveis, fez história com algumas capas que hoje são verdadeiros marcos.
O documentário se chama “Squaring The Circle”. Uma tradução livre seria algo como “fazendo a quadratura do círculo”, uma relação direta entre um problema clássico da matemática e as formas da capa e do disco. Ele está disponível no YouTube; infelizmente, apenas em inglês. Faço votos para que alguma alma caridosa coloque legendas em português o quanto antes para que mais pessoas possam assistir. O documentário reúne depoimentos de um time estelar que conta com David Gilmour, Roger Waters, Paul McCartney, Peter Gabriel e outros. Conta também com depoimentos de um dos fundadores do estúdio, Aubrey “Po” Powell, e imagens de arquivo dos outros sócios, StormThorgerson e Peter Christopherson, já falecidos quando da gravação.
Storm e Po eram amigos de adolescência daqueles que viriam a fundar o Pink Floyd. Estudaram arte e começaram a trabalhar profissionalmente com fotografia, quando foram procurados pelos amigos do Pink Floyd para produzir a capa de seu segundo álbum, “A saucerful of secrets” (1968), que marcou a saída de Syd Barret e a entrada de David Gilmour na formação clássica do grupo. Em uma era em que não existia Photoshop e afins, fizeram a capa com uma intrincada montagem de fotos e texturas. A partir daí, outros trabalhos começaram a aparecer e o estúdio cresceu em tamanho e importância. A consagração viria com a icônica capa de “The dark side of the moon” (1973) e seu prisma dividindo a luz em várias cores. De uma simplicidade incrível, a capa ganhou vida própria e se tornou um símbolo pop explorado e referenciado de todas as formas, mídias e linguagens que se pode imaginar.
A partir daí, o estúdio viraria uma referência e seria buscado por artistas, como Paul McCartney e Led Zeppelin. Eram tempos de dinheiro farto, orçamentos caros e extravagâncias, como viajar de Londres para o Havaí para fazer apenas algumas fotos ou pousar de helicóptero em um pico nevado nos Alpes Suíços para fotografar uma estátua para a capa da coletânea “Wings Greatest”, da banda de Paul McCartney. Na virada dos anos 70 para os 80, entretanto, as coisas começam a mudar. Em termos musicais, o rebuscamento e a sofisticação das produções de rock, em especial o progressivo, são substituídos pela simplicidade e o som cru do Punk e New Wave.
As capas também ficaram mais simples, muitas vezes só retratando os membros da banda. Storm pressentiu a mudança e convenceu os parceiros a transformarem o estúdio em uma produtora de filmes. O novo negócio, porém, não prosperou e foram à falência em dois anos, pondo fim à história de um estúdio lendário.
O documentário conta a história com detalhes e aborda não só o processo criativo do trio, mas também a curiosa interação com músicos e bandas. Capas tiveram sua importância e andaram junto à própria música dos álbuns. O CD, por conta das dimensões, já sacrificou muito essa arte e o tiro de misericórdia veio com a música digital. Assim, o documentário abre uma janela muito interessante para um passado ainda próximo. Quem curte um disco vai assistir com saudade. As novas gerações, por sua vez, talvez percebam o que nós perdemos com os novos formatos.
P.S.: Após finalizar a coluna, constatei que o vídeo foi retirado do YouTube. Agora a solução é esperar ser disponibilizado em algum streaming ou buscar em outras fontes.