Natal
12 de Dezembro de 2018, por Fábio Rômulo 0
Natal é a festa que mais toca o coração humano, pois Deus, mistério absoluto, se faz um de nós, humaniza-se. A contemplação de Jesus criança, cercado pelo carinho de seus pais, Maria e José, remete-nos a nossa família, a nossa história e cultura. A Sagrada Família de Nazaré lembra-nos o sonho de Deus para o ser humano: ser feliz e poder realizar-se como pessoa, a partir de uma estrutura familiar.
Deus, que é luz inacessível, manifestou-se, contudo, em Jesus, em duas noites memoráveis: a noite de Natal, noite da chegada, criança frágil, e a noite da Ressurreição, noite gloriosa, de volta aos céus, noite triunfante, como Senhor da História. A noite é o momento, por excelência, do recolhimento, da meditação, do silêncio e da contemplação. A noite nos faz pensar na importância da luz, do dia. Eis porque Jesus se declarou luz do mundo ao dizer: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”Jo 8,12.
Na noite de Natal, Maria e José, em êxtase de ação de graças, viram em Jesus mais que uma criança, o “Emanuel, Deus conosco” preconizado por Isaias, o Messias, o Filho de Deus, que o Anjo lhes confidenciara, a concretização da esperança de Israel e de toda a humanidade. Naquela noite santa, Maria e José adoraram a Deus, pela primeira vez, na fragilidade da carne! Jesus, Filho de Deus, entrou na nossa história despojado, na maior simplicidade e humildade, como bem retrata o presépio.
O Imperador Romano decretara o recenseamento e Maria, portando Jesus em seu seio, e José obedeceram. Maria e José não alegaram que traziam o Filho de Deus e que, portanto, não precisariam obedecer ao Imperador. Fizeram uma longa viagem, provavelmente a pé e com um burrinho, apenas, de apoio, atravessando regiões inóspitas e na incerteza de encontrarem hospedagem. Chegando à cidade de Belém, bateram de porta em porta e receberam uma sequência de nãos e, pasmem, José era daquela região, com parentes, certamente, por lá. A cidade estava cheia. Ocasião propícia para o comércio, para se ganhar dinheiro, para se cobrar mais pela hospedagem. Maria e José receberam o que os pobres, frequentemente, recebem: um não ou a porta fechada. Jesus, no seio de Maria, já fora rejeitado!
Ao nascer não recebeu nada, a não ser pedaços de pano, trapos e uma manjedoura, num lugar pobre. A ausência de honras e glórias com que o Filho de Deus é recebido na terra deixa-nos todos perplexos. Os poderosos na terra buscam, a todo custo, privilégios e honrarias, quase sempre cegos ao sofrimento da maioria. Mas aí está o mistério do Verbo de Deus, Jesus. Em toda a sua vida não recebeu privilégio algum; pelo contrário, desprezo, zombaria, morte e a dor moral de não ser acolhido e reconhecido em seu divino amor. São João escreveu sobre essa verdade ao dizer: “Veio para o que era seu e os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus” Jo 1,11, pois multidões o acompanharam, ouviram e guardaram, com carinho, suas palavras e muitos foram agraciados com seus milagres e o aplaudiram como Filho de Davi e gritaram: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” Mt 21,9.
Apesar de todo empenho da Igreja, sobretudo, neste mundo secularizado, muitos celebram o Natal como uma festa, apenas isso! Não conseguem alcançar, pela fé, a grandeza dessa memória, como dia da salvação.
No início da Igreja, na época da Patrística, da evangelização desafiadora ante um mundo pagão, isto é, sem Deus, Santo Irineu fez uma bela metáfora da Santíssima Trindade para o povo entender e acolher o mistério de Deus em Jesus. Disse ele que o Pai tem duas mãos: uma é o Logos, a Palavra, o Verbo de Deus que se fez carne, Jesus Cristo; e a outra mão, o Espírito Santo. Com a mão de Jesus, o Verbo que se fez carne, Deus invisível e infinito, tornou-se visível e próximo de nós, para conduzir a história de acordo com os nossos sentidos, a nossa humanidade e abertos à glória de Deus. Diz-nos Santo Irineu que Jesus encontrou muitas dificuldades, não obstante sua pedagogia em usar as parábolas para nos comunicar o mistério do amor de Deus. Após três anos de ensinamentos e testemunhos junto a seus doze apóstolos, estes lhe perguntaram se, ao se estabelecer o império judaico, Jerusalém seria a capital do mundo! Não foram capazes de entender, apesar dos milagres e da visão do Monte Tabor, que o seu reino não era deste mundo! Jesus passou a admitir como é difícil deixar-se envolver pelo mistério de Deus e concluiu que o Pai precisaria usar a outra mão, na visão de Santo Irineu, a mão do Espírito Santo. Jesus, nos últimos dias aqui na terra e nas aparições, após a ressurreição, reforçou a importância do Espírito Santo para recordar os seus ensinamentos e distribuir dons que habilitassem os apóstolos, seus sucessores e o povo de Deus a construírem o seu reino de justiça, de verdade, de amor e de paz. “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse” Jo 14,26.
As famílias resende-costenses sempre viveram as festas litúrgicas com espírito de fé, alegria e muita vibração. O Natal é o momento propício para se reunirem, confraternizarem-se, celebrarem o momento festivo e agradecerem a Deus as conquistas do ano! Essa bela festa é comemorada até mesmo por não cristãos: festas, presentes, luzes, flores e frutas, num congraçamento digno da festa do ano!
Neste mundo secularizado, é preciso que não nos esqueçamos que o centro dessa celebração é Deus que vem ao nosso encontro, em Jesus, para nos oferecer a felicidade no tempo e a salvação, a santidade e a alegria de uma vida eterna. Daí a importância de invocarmos o Espírito Santo para que nos dê discernimento, a fim de não pararmos nas alegrias do mundo sensível, mas transcendê-las, para nos deixarmos tocar pelo Mistério de Deus em seu Filho Jesus, razão da verdadeira celebração do Natal.
Aos paroquianos e leitores, Feliz Natal!
Comemorando 300 anos da Imagem de Nossa Senhora Aparecida
11 de Outubro de 2017, por Fábio Rômulo 0
O encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida em 1717, pelas circunstâncias ocorridas e milagres que se seguiram, foi, sem dúvida, nesses 300 anos, um sinal luminoso do carinho da Mãe de Deus em estabelecer, também, no Brasil, como fizera em outros países, um trono de bênçãos e graças, para os brasileiros. A Imagem de Nossa Senhora Aparecida tornou-se um importante símbolo nacional.
Dom Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar, atravessou a Capitania de São Paulo e das Minas do Ouro, em direção a Vila Rica, para exercer seu cargo de governador. A cidade, hoje, de Aparecida, compunha a Vila de Guaratinguetá e era caminho para a Vila Rica, hoje, Ouro Preto/MG. Dom Pedro de Almeida Portugal passou pela Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá em outubro de 1717, ocasião em que se deu o “encontro milagroso” da Imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Os poderes locais se mobilizaram para que o governador tivesse boa recepção. Ao passar por Guaratinguetá, a Câmara determinou a pescadores experientes que providenciassem peixes para o banquete em homenagem ao governador. Os pescadores se chamavam: Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso. Homens simples, trabalhadores e religiosos. O Rio Paraíba estava com a pesca em baixa. Os pescadores cumpriam ordens para atender a nobreza. Jogaram suas redes muitas vezes, sem sucesso. Já se sentiam dominados pelo cansaço e as redes continuavam vazias!
João Alves, entretanto, ao puxar sua rede, percebeu um peso diferente. Ao erguê-la, encontrou um objeto escuro, era o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Intrigado, lançou de novo a rede, um pouco abaixo e retornou, para sua grande surpresa, com a cabeça da mesma imagem. Os pescadores, experientes, ficaram perplexos com a sequência dos fatos e por se tratar de objetos, para eles, sagrados. Continuaram a pescaria. Ficaram sobressaltados com a pesca em abundância que se seguiu ao encontro da imagem! Entenderam, logo, que aquela Imagem era um sinal do céu! “Eles tiveram de se retirar do rio por receio de naufragarem, tamanha a quantidade de peixes” (Livro do Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá –1757-1873 – Aparecida/SP).
Os pescadores formavam uma família, visto que Silvana da Rocha Alves que colou a imagem com cera e a colocou num altar, era esposa de Domingos, irmã de Felipe e mãe de João Alves.
Felipe Pedroso conservou essa Imagem por alguns anos e, depois, a doou a seu filho Athanasio Pedroso que, por volta de 1732, ergueu uma pequena capela dando início ao culto público à Imagem de Nossa Senhora Aparecida, a imagem que apareceu no Rio Paraíba.
Com as sucessivas graças alcançadas pela intercessão da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, a população local e devotos da região insistiam na construção de uma Igreja. Esta foi iniciada, no Alto do Morro, em 1741 e inaugurada a 26 de julho de 1745, festa de Sant’ Ana, mãe de Nossa Senhora.
No primeiro século de veneração à Imagem de Nossa Senhora Aparecida, a fé e a devoção expandiram-se de tal maneira que em 1844 deram início à segunda Igreja, hoje conhecida como basílica velha, inaugurada em 24 de junho de 1888.
Com a chegada dos Missionários Redentoristas vindos da Alemanha em 1894, empenhados com a evangelização e a valorização dos sacramentos, a religião católica desapegou-se da simples devoção e abriu-se à escuta da Palavra de Deus e à vida sacramental.
Em 1940, estes zelosos missionários perceberam a necessidade da construção de uma nova basílica, para abrigar a Imagem Milagrosa de Nossa Senhora Aparecida e a multidão de fiéis. A pesca milagrosa, abundante, acenava, para essa multidão através da história!
O projeto dessa nova basílica foi encomendado pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Arcebispo de Aparecida, em setembro de 1947, e o início da construção, em 1955. Em 04 de julho de 1980, praticamente concluída, foi solenemente sagrada pelo Papa João Paulo II, hoje, São João Paulo II, quando de sua primeira visita ao Brasil. Esta nova basílica foi elevada a Santuário Nacional em 1984, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Igreja-Catedral da Arquidiocese de Aparecida, título transferido da Igreja de Santo Antônio de Guaratinguetá/SP, por Decreto do Papa Francisco em 2016.
Devemos ressaltar o trabalho nacional de evangelização e catequese realizado pelos Missionários Redentoristas, na segunda metade do século 20, através da Rádio Aparecida, bem como de amadurecimento da consciência cristã e de cidadania dos brasileiros. Hoje, esse trabalho evangelizador continua, também, pela TV Aparecida e pela Editora Santuário, que tem, como atual Diretor Editorial, o resende-costense, padre Fábio Evaristo Resende Silva, C.Ss.R.
A devoção em Resende Costa
A devoção a Nossa Senhora Aparecida, em Resende Costa, estava mais ligada a romarias. Segundo o Livro de Tombo desta Paróquia, monsenhor Nélson Rodrigues Ferreira, pároco, em 1959, teria pedido ao monsenhor José Hugo de Resende Maia, vigário paroquial, que adquirisse uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Participando de uma romaria, monsenhor José Hugo trouxe para Resende Costa uma imagem fac-símile, isto é, semelhante à imagem original que, nesse ano, foi abençoada. Eu era coroinha e me lembro que esta Imagem foi introduzida na Capela do Santíssimo e ficava sob uma redoma de vidro. A primeira festa em honra a Nossa Senhora Aparecida aconteceu em 12 de outubro de 1960. A zeladora do altar e provedora da festa, junto ao pároco, era a senhora Maria Norvinda de Sousa Chaves, mãe de família, piedosa e zelosa com a ornamentação do altar.
Hoje temos uma bela Capela de Nossa Senhora Aparecida no Bairro Nossa Senhora Aparecida. O terreno foi doado pelo devoto, senhor João do Cornélio. A construção iniciou-se em 2002 sob a responsabilidade de seu filho, também, devoto, José Nélson de Paula, presidente da Comissão das Obras, e inaugurada em 2009. A senhora Marilene de Souza Henrique, provavelmente, inspirada na devoção de sua mãe, senhora Norvinda Chaves, é benfeitora dessa Capela.
Padroeira do Brasil
O Santuário Nacional de Aparecida é o maior templo católico do Brasil e o segundo maior do mundo e menor, apenas, que a Basílica de São Pedro no Vaticano. É visitado a cada ano por, aproximadamente, 12 milhões de romeiros de todas as partes do Brasil e do mundo.
Interessante, que as histórias sobre a Imagem da Virgem Aparecida não chegaram até nós como especulações ou considerações de teólogos, mas pela tradição oral das pessoas simples que acreditaram nela e se sentiram agraciadas com os milagres. A Igreja nomeou dois sacerdotes que registraram depoimentos e anexaram documentos autênticos relacionados à Imagem no livro “Acontecimentos Extraordinários referentes à Imagem de Nossa Senhora Aparecida” (1743-1872), escrito em 1919 – Cúria Metropolitana de Aparecida/SP.
Chama a atenção o aparecimento da Imagem de Nossa Senhora Aparecida em 1717, momento do ciclo do ouro seguido e concomitante com os ciclos da cana de açúcar e do café, no Sudeste. Momento histórico de aumento da escravidão e, consequentemente, de questionamentos sobre essa prática. O povo brasileiro se definia como povo mestiço.
Em 22 de agosto de 1822, Dom Pedro I passou por Aparecida em direção a São Paulo. Esteve no Santuário de Aparecida e rezou pela situação política do Brasil. Em 07 de setembro de 1822, em São Paulo, Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil.
A Princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, esteve visitando a Imagem de Nossa Senhora Aparecida, como devota e suplicando-lhe a graça da maternidade. Em 1868, ofereceu-lhe régios presentes: um manto ornado com 21 brilhantes representando as 20 Províncias do Império e a Capital e uma coroa de ouro, cravejada de brilhantes.
Contemplando a Imagem de Nossa Senhora Aparecida e o povo brasileiro, a Princesa Isabel, que fora atendida em seus pedidos, sensibilizou-se com a causa da abolição da escravatura assinando a Lei Áurea em 1888, provavelmente, como missão que lhe fora confiada por Nossa Senhora Aparecida!
A imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada separada da cabeça e na cor negra. A sua cabeça, novamente unida ao corpo, expressou a importância da unidade, da identidade. Não teria sido um sinal de que, sob sua proteção, o Brasil resgataria a unidade de seu povo rompendo o muro vergonhoso da divisão social, a escravidão? Esta Imagem não seria, também, um sinal de que o Brasil caminharia para a independência e a consolidação de sua unidade nacional e autonomia republicana?
Ao celebrarmos os 300 anos da Imagem Milagrosa de Nossa Senhora Aparecida constatamos que não aprendemos a sua lição de unidade e amor! Os pobres de hoje continuam a realidade dos escravos de ontem, independentemente, da cor.
Os senhores dos escravos que ficavam com tudo para si, enquanto os escravos ficavam só com o trabalho, continuam, hoje, nos empresários e políticos, corruptos e corruptores, que fazem a festa com o desvio de altos valores de propinas, enquanto faltam hospitais, escolas, empregos, vida digna e esperança para as novas gerações! Não seria o amparo da Santa Mãe Aparecida, comemorando seus 300 anos junto a nossa história, a elucidação desses fatos intermináveis de desvios e apropriação ilícita dos recursos públicos? Que o Congresso Nacional, os partidos políticos e os cidadãos brasileiros zelem por um governo ético e justo!
Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, rogai por nós!
Mensagem de Natal
15 de Dezembro de 2016, por Fábio Rômulo 0
Jesus veio ao mundo para realizar o plano do Pai, predito pelos profetas, em especial, Isaías, de construirmos, segundo a sua palavra e exemplos e sob os dons do Espírito, uma humanidade nova fundada no amor, na justiça e na paz.
No início do livro do Gênesis, onde se registram a criação e, também, a ruptura e a promessa de reconciliação de Deus com a humanidade, Deus criara o homem, adulto. Na cultura judaica, a criança era, simplesmente, ignorada, incapaz de realizar algo. Como Adão nascera adulto, o novo Adão deveria, também, na linha do paralelismo, nascer adulto. Deus, contudo, quebra esse paradigma e o Natal passa a ser o momento em que Deus, o Verbo de Deus, se faz criança.
No Evangelho de Lucas 2, 1-20, lemos como se deu o nascimento de Jesus, em Belém, e as improvisações assumidas por José e Maria, para que o Menino Deus entrasse na nossa história. Ficamos comovidos e perplexos, mas constatamos que, infelizmente, este relato é bem atual. Frequentemente são noticiados fatos sobre o sofrimento e a angústia de pessoas aqui no Brasil e no mundo, principalmente nos últimos anos, com os imigrantes e refugiados oriundos do Oriente Médio e da África, em busca de liberdade, moradia e esperança. O que se torna difícil para entendermos é que Deus tenha feito essa experiência... Que Jesus antes de entrar no mundo, ainda no seio de Maria, tenha sentido o que é uma porta fechada, a decepção do “não” que rompe a fraternidade, a solidariedade, sobretudo, porque José tinha se dirigido para a região de seus familiares... Maria e José experimentaram certo abandono, a angústia de um casal por ocasião do nascimento de seu primogênito, lembrando que naquele tempo, não havia o conforto e a segurança do pré-natal de hoje, médicos, hospitais e facilidade de locomoção. Olhavam-se angustiados esperando que uma casa se abrisse para acolhê-los. O prólogo do Evangelho de S. João diz: “Ele veio para o que era seu e os seus não o receberam” Jo. 1,11. Será que àquela época o espírito capitalista já estaria latente? José e Maria eram pobres, simples trabalhadores. O recenseamento tornara-se bom momento para se ganhar dinheiro com a hospedagem a ponto de as pessoas ficarem indiferentes ante a angústia de um esposo junto à esposa prestes a dar à luz? Será que foi pela avidez ao dinheiro que a porta lhes foi fechada e hoje, também, muitos pobres e desempregados não são acolhidos em suas necessidades? Essa indiferença e a passagem do Evangelho de S. João nos fazem pensar, nesse Natal, no nosso fechamento ao Mistério de Deus e na nossa pouca sensibilidade em experimentarmos que Deus está tão perto de nós, em Jesus, na pessoa do irmão, da irmã ao nosso lado e, entretanto, O consideramos tão longe...
Já observaram que as duas grandes festas do cristianismo, Natal e Páscoa, nascimento e encerramento da vida de Jesus, aconteceram à noite? Deus escolhe a noite para sempre nos lembrarmos que Jesus é a verdadeira luz que irrompe as trevas da humanidade.
Interessante que enquanto Lucas e Mateus registram o fato histórico do nascimento de Jesus, citando autoridades da época, Belém, pastores, Anjos e Rei Magos, S. João prefere fazer uma teologia, penetrar no Mistério do Verbo que preexiste, transcende a história. Ante o mistério do Menino Jesus, o Verbo de Deus, o Logos, a Luz que veio dissipar as trevas do mundo, João se revela coerente ao símbolo que lhe foi atribuído, a águia. Ele alça, realmente, um voo elevado para refletir sobre o Mistério de Deus, que se digna assumir a nossa humanidade, em Jesus, o Emanuel, para nos restaurar a dignidade de filhos e filhas de Deus.
Nossos sinceros agradecimentos ao Pe. Rodrigo Coimbra Ladeira, Vigário Paroquial e à Comunidade Paroquial de Nossa Senhora da Penha de França de Resende Costa, representada pelas Pastorais, Movimentos e Irmandades pela alegria, dinamismo e testemunho na árdua missão da edificação do Reino.
Que nesse Natal, na trilha de S. João, elevemos nossos corações ao alto para que Jesus, o Verbo de Deus, nos dê sabedoria para enfrentarmos os desafios de hoje e perseverarmos na construção dessa nova humanidade iluminada por sua luz.
Feliz Natal!