Perfil e perspectivas do cultivo de café em Resende Costa


Economia

José Venâncio de Resende0

Café torrado e moído artesanalmente

As mudanças climáticas, as oscilações no câmbio e a escassez de oferta de mão de obra e, na outra ponta, as mudanças nos padrões de consumo vão condicionar a atividade cafeeira, especialmente nos curto e médio prazos, podendo levar a flutuações mais acentuadas nos preços. Mas no horizonte mais alargado, as inovações tecnológicas podem fazer a diferença ao contribuírem para alguma estabilização na oferta.

Trazendo a questão para a nossa microrrealidade, parece que há espaço tanto físico quanto econômico para a ampliação da área e volume produzidos em Resende Costa. Mapeamento recente do Escritório Local da EMATER-MG mostra a existência de uma área de aproximadamente dois hectares de café arábica, com cerca de 4.000 mil pés, próximo ao povoado dos Pinto. De perfil familiar, a propriedade pertence ao casal Joice Resende e Lucas Vinicius Resende.

Já na divisa com Desterro de Entre Rios, há uma área de cerca de 10 hectares de café, pertencente à Fazenda Matias, cuja sede fica no município vizinho. Logo, o beneficiamento e a comercialização dessa produção não ocorrem em Resende Costa.

Além disso, há pequenos plantios cujos donos têm interesse de, no futuro, expandir essa cultura. Também há outros produtores interessados em conhecer mais sobre o cultivo de café e que manifestam vontade de realizar plantios, explica a extensionista agropecuária do Escritório Local da EMATER, Amanda Silva Dutra Vieira.

“O café é uma cultura que se adapta bem a solos de variados níveis de fertilidade. Por isso, em muitas áreas do município o cultivo seria viável, desde que sejam locais passíveis de mecanização, como forma de contornar o problema da escassez de mão de obra. Além do mais, os municípios vizinhos possuem áreas consideráveis de produção de café, o que pode auxiliar no fornecimento de maquinário para beneficiamento, colheita etc.”, diz Amanda.

 

O café do casal Joice e Lucas

Se você se encontrar com a Joice entregando café nas ruas da cidade, saiba que a origem de sua produção familiar é a Estância São Lucas, nas Laranjeiras, próxima ao povoado dos Pinto. O casal Joice e Lucas colhe cerca de quatro sacos por ano. “Colheita 100% manual feita por três pessoas.”

Todo o processo é manual, desde a colheita, passando pelo manejo de secagem em terreiro e pela seleção manual dos grãos (para garantia de qualidade da bebida), até a torra (feita em fogão a lenha com torradeira tipo “bola” – “hoje usamos modelo de inox”). “Nosso grão é torra média”, explica Joice.

As vendas são feitas sob encomenda, com entregas em domicílio, semanalmente, em Resende Costa, Coronel Xavier Chaves e São João del-Rei. “Entregamos torrado em grão ou moído, conforme o pedido do consumidor. E enviamos pedidos conforme a demanda”, acrescenta a produtora. 

Mas o casal não pretende parar por aí. “Vamos trabalhar para melhorar a produtividade. E para o próximo ano queremos ter um lote de café especial.”

Aliás, Joice tem observado que há pessoas na região iniciando o plantio de café. “Vizinhos que já plantaram alguns pés; alguns com dezenas e outros com centenas de mudas.”

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário