De olho na cidade

Fanfarra da E. E. Assis Resende no desfile de 7 de Setembro

25 de Setembro de 2024, por Edésio Lara 0

Fanfarra da E. E. Assis Resende desfilando na rua Gonçalves Pinto, em comemoração ao 7 de Setembro (foto Edésio Lara)

Assistimos, a cada ano, aos desfiles realizados no dia 7 de setembro, em Resende Costa, com movimentação de pessoas entre a Escola Estadual Assis Resende até a praça Dr. Costa Pinto, no centro da cidade, onde sempre há um palco montado para receber autoridades municipais. Ao lado dele, posta-se a banda de música para interpretar alguns dobrados e marchas do seu repertório. Esse evento é realizado há anos, décadas, quando celebramos o dia em que o Brasil se tornou independente de Portugal em 1822. Os preparativos para a festa começam nas escolas com ensaios de alunos chamados a participar do evento.

Na capital do Brasil, em datas comemorativas como o 7 de Setembro, o presidente da República geralmente desfila num Rolls-Royce Silver Wraith, carro aberto fabricado em 1952 na Inglaterra e encomendado a pedido do presidente Getúlio Vargas naquele ano. O Exército exibe suas armas, tanques de guerra; as polícias, seus equipamentos de trabalho, além de cavalos e cães que os acompanham em serviços. A Aeronáutica se incumbe de exibir aviões, com realce para a Esquadrilha da Fumaça; e os bombeiros mostram seus equipamentos para combate a incêndios ou outros destinados a acidentes que lhes cabem combater. É uma festa. E ela se repete nas capitais estaduais, provavelmente, em todos os 5.568 municípios do país.   

Em Resende Costa, eu me lembro, éramos treinados a marchar. Agrupávamos repetindo um formato que se vê de militares desfilando. Quem nos treinava era sempre um policial militar, acompanhado pelo prof. Geraldo Sebastião Chaves. Eram muitos ensaios, às vezes realizados no campo de futebol do Expedicionários. No dia 7, íamos para a avenida, uniformizados e bem-vestidos, para participar da grande festa cívica. Éramos vistos pelo povo, acompanhados pela banda de música, autoridades municipais e, às vezes, por um militar de alta patente do Exército Brasileiro, vindo do 11º BI sediado em São João del-Rei.

Ultimamente, os desfiles se repetem com a participação de alunos de todas as escolas do município, vestindo uniformes que usam para ir à escola e portando faixas que destacam assuntos que merecem a atenção de todos os brasileiros. Os estudantes são acompanhados pelos seus professores e equipes de apoio que atuam nos seus educandários.

Neste ano, a Escola Estadual Assis Resende novamente compareceu ao evento e nos apresentou uma fanfarra durante seu desfile, dirigida pelo Gabriel Augusto dos Santos. Ele é natural de Resende Costa e tem 21 anos de idade. Reside no bairro Nova Resende com sua mãe, seu irmão, uma tia e uma avó. É filho de Júlia de Fátima Pinto e Ivonei Aparecido dos Santos (já falecido). Oito anos atrás, com 13 anos de idade, ele iniciou seus estudos musicais na Banda de Música Santa Cecília. Naquele momento, “sentiu necessidade de conhecer algo novo, ter experiências novas”, ele me disse. Foi quando ingressou na Orquestra Mater Dei, na qual permanece tocando flauta desde 2018. Em 2019, querendo ampliar seus conhecimentos, matriculou-se no Conservatório de Música Padre José Maria Xavier, em São João del-Rei, nele permanecendo até o ano de 2022. Foi nesse momento que decidiu dar mais um passo à frente na sua formação acadêmica:  foi aprovado no Enem e ingressou no Curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Orientado pelo professor de flauta Dr. Antônio Carlos Guimarães, Gabriel está em fase de conclusão do seu curso.

Segundo Gabriel, “o projeto da fanfarra na escola veio por meio de uma conversa com a professora Roseni Fernandes, diretora da Escola Estadual Assis Resende, onde me formei em 2021”. A expectativa de ambos era de que a fanfarra sobressaísse como “algo novo e que ajudasse no desenvolvimento dos estudos de alunos e que pudesse participar de eventos”, como ocorreu no 7 de Setembro deste ano.

Devemos ressaltar a participação dessa fanfarra criada recentemente, destacando duas coisas:  1) a oferta de ensino gratuito, que começa no primeiro ano do ensino básico e se estende até o curso superior, da qual se valeu o Gabriel para se profissionalizar como instrumentista e professor de música; 2) as oportunidades surgidas, como a Lei Paulo Gustavo, criada durante a crise aguda pela qual passamos com a pandemia da covid-19. Através dela, o governo federal disponibiliza recursos para apoiar ações emergenciais destinadas ao setor cultural. Foi através desta lei que Gabriel, a exemplo de outros artistas resende-costenses, conseguiu aprovar projeto e levantar recurso capaz de sustentar o início de suas atividades. Espera-se, para este grupo, mais apoio e, dele, muita participação dos seus integrantes e boas performances.

Antônio Vieira de Andrade, compositor resende-costense

30 de Agosto de 2024, por Edésio Lara 0

Na foto, Maria das Dores Resende. No colo: Onofre Resende Andrade. Assentada: Eunice Resende Andrade. Em Pé: Zilah Andrade Resende, Antônio Vieira de Andrade e ao seu lado, de mãos dadas, Eurico Rezende Andrade.

Zilah Andrade Resende (11/01/1927 – 11/08/2024) faleceu em Resende Costa no último dia 11 de agosto, quando completou 97 anos e 11 meses de vida. Seu velório durou pouco mais de 2 horas e, depois, seu corpo seguiu para Belo Horizonte, onde foi sepultado no Cemitério do Bonfim. Ano passado, em setembro, ela disse aos filhos que queria vir morar em Resende Costa. Eles a trouxeram e aqui ela viveu seus últimos meses de vida. Seu desejo de vir para cá tem a ver com a sua origem: ela era filha de Antônio Vieira Andrade e de Maria das Dores Resende, ambos nascidos aqui, em Resende Costa.

Antônio era filho único de Pedro Alves de Andrade Neto (1850-1900) e de Maria Vieira de Andrade (?). Seu pai, juntamente com sua avó dona Ilidia, deixaram São João del-Rei – cidade natal de ambos – para trabalharem em Resende Costa como professores das primeiras letras, principalmente. Pedro Alves, que foi homenageado com nome de rua na cidade, dava aulas para os meninos e sua mãe, para as meninas. Ele, além do trabalho como professor, destacou-se como músico (regente e violinista), tendo deixado alguns manuscritos que temos arquivados, quando se identificava como Neto.

Maria das Dores era filha de Antônio Sebastião de Resende Lara (1861-1933) e de Macrina Augusta de Albergaria Lara (1863-1903). O pai resende-costense e a mãe, ouropretana, tiveram muitos filhos. E na residência da família, as visitas do mestre Pedro Alves eram frequentes. Antônio de Lara Resende, em suas Memórias: do Belo Vale ao Caraça, pag. 305, o descreveu como “baixote, gorducho, de andar pendular, particularidade que herdou ao filho, que, também ao andar, parecia ter mais calos nos pés que cabelos na cabeça”. 

Os pais de Zilah, Antônio e Maria das Dores, descenderam de famílias ligadas à educação e às artes, com destaque para a música e a literatura. Maria das Dores, apaixonou-se por Antônio, vindo a casar-se com ele – segundo familiares, a contragosto de uma de suas madrinhas –, para se instalarem em Itumirim, então distrito de Lavras. Lá nasceram seus filhos. Tornaram-se donos de escola (internato) e de uma padaria, de onde tiravam os recursos para sustento da família. Tudo ia bem, levavam uma vida tranquila, até a Revolução Constitucionalista de 1932, quando enfrentaram dificuldades financeiras e optaram por trabalhar em Belo Horizonte, indo residir na Rua Macedo, bairro Floresta. Na capital mineira, o resende-costense conseguiu emprego na Rede Ferroviária Federal, chegou a prestar serviços particulares de contabilidade para libaneses, além de aulas particulares de música e atividades junto a uma banda de música e uma orquestra que se dedicava a tocar música popular. 

Antônio Vieira de Andrade, em seu certificado de reservista de 3ª categoria (Ministério da Guerra), datado de 1921, foi descrito como sendo de cor branca, cabelos e olhos castanhos, altura de 1,65cm, nariz reto, rosto oval, boca regular e sem sinais particulares. É bem provável que tenha recebido em Resende Costa, e do próprio pai, as aulas de teoria da música e de violino ou de outros instrumentos de banda de música. Em Belo Horizonte, mostrou-se mais afeito à música popular, escrevendo peças para piano e canto, por exemplo, de gêneros muito em voga na segunda metade do século XX, tais como marchas e valsas. Atuou como mestre da banda de música e chegou a integrar a Orquestra do Maestro Delê (José Braz de Andrade – Ouro Preto, 03/02/1916 e Belo Horizonte, 19/04/1980), que atuava em clubes da cidade e no Cassino Pampulha, entre os anos de 1930 e 1946, quando do fechamento dos cassinos no Brasil.

Devemos destacar mais sobre esse artista e pesquisar sobre ele, conterrâneo nosso, contando com acervo deixado pelo mesmo e que, por hora, encontra-se sob guarda de familiares e, principalmente, do neto Antônio Sebastião de Resende Lara, para ser inventariado e receber cuidados destinados à sua preservação e futura disponibilização para pesquisadores e intérpretes.

Os pedestres e o trânsito de veículos automotores em Resende Costa

31 de Julho de 2024, por Edésio Lara 0

Foto histórica do antigo Quatro Cantos, no centro de Resende Costa (foto arquivo amiRCo)

Resende Costa, depois de ter-se emancipado de Tiradentes em 1912, era muito pequena e pelas suas vias circulavam homens montados a cavalo ou carros de bois em suas poucas ruas, transportando de tudo: gêneros alimentícios, madeira, móveis e, principalmente, o que os donos de sítios e fazendas produziam em suas lavouras. Não havia automóveis, motocicletas ou bicicletas. Andava-se, portanto, a cavalo ou a pé. Ruas calçadas, nem pensar: era chão escorregadio em tempos de chuva ou seco e empoeirado noutras épocas. Não havia serviços que atualmente nem imaginamos ficar sem eles: água encanada, luz elétrica, rede de esgoto, gás em botijões, telefones ou automóveis. Água era buscada nas minas em latas. O fogão a lenha, a iluminação feita com lamparinas e a privada seca completavam o cenário do que se tinha para viver em casas pequenas e com poucos cômodos.

Certos confortos para a população – ainda diminuta – foram conquistados aos poucos, atendendo primeiramente aos que residiam no centro da cidade. Uma das melhorias foi o calçamento da antiga Rua Presidente Vargas, atual Av. Monsenhor Nelson. Isso se deu por volta de 1940, quando pedras mais arredondadas foram utilizadas para a pavimentação do local, segundo Agenor Gomes Neto / Agenorzinho (1935-2021) em suas memórias ainda a serem publicadas. Segundo ele, em frente ao Grêmio (residência erigida em 1927) havia “apenas um lance de grandes e tortuosas pedras, mal colocadas, numa pequena depressão, com certeza, para evitar acúmulo de água pluvial.” A partir dali, nos Quatro Cantos, iniciou-se um trabalho de calçamento de outras ruas, feitas com pedras arredondadas, até a instalação de paralelepípedos, tal como ainda temos nas ruas José Jacinto, Moreira da Rocha, além de outras poucas que resistem bravamente à intenção de sua troca por asfalto.

Segundo descrição feita pelo citado memorialista, causavam admiração os primeiros automóveis e motocicletas a circularem na cidade entre os anos de 1940/45. Pouquíssima gente possuía um veículo desses, como um Ford/29 ou uma motocicleta. Vê-se que, poucas décadas atrás, a circulação de automóveis, caminhões e motocicletas na cidade era muito pequena, nada parecido com o que se vê na cidade atualmente.

Resende Costa cresceu, vendo serviços que não existiam antes e agora sendo ofertados. Acompanhou todo esse desenvolvimento o aumento expressivo de veículos automotores circulando por muitas das suas antigas e estreitas ruas, abertas antigamente para receberem carros de bois ou homens montados em seus cavalos. Agora, motoristas enfrentam dificuldades em circular ou estacionar seus automóveis em vias públicas da cidade, a qual possui uma frota de veículos automotores muito grande.

Todo o crescimento, acompanhado do desenvolvimento da cidade, implica na urgente modernização da sinalização do trânsito, implantação de mão única em determinadas vias, bem como na colocação de passagens elevadas capazes de garantir, para os pedestres, travessia segura de um lado para o outro. Torna-se, portanto, necessário que ficarmos atentos à sinalização e respeitá-la. E é nesse ponto que que precisamos melhorar e muito.

A última intervenção realizada pela Prefeitura Municipal foi a de traçar linhas brancas em vários lugares. Elas indicam que, nesses pontos, deve-se dar preferência para o pedestre, que precisa atravessar de um lado para o outro com segurança. Mas o que tem acontecido? Muitos motoristas e motociclistas pouca ou nenhuma atenção têm dado a elas. Muitos estacionam seus veículos sobre as ditas faixas. Passam direto e em alta velocidade, mesmo vendo que há pessoas precisando atravessar a rua. Não lhes dão preferência. Há entre essas pedestres pessoas idosas, crianças ou outras com dificuldades de locomoção que correm sério risco de serem atropeladas.

É verdade que há entre pedestres aqueles que pouca atenção dão a isso: circulam sem se preocuparem com o trânsito de veículos. Da parte dos motoristas, em pequeno número ainda, há os que diminuem a velocidade, param seus veículos e dão sinal para que pessoas possam atravessar a rua com segurança. Essa preferência dada aos pedestres é sempre respondida com sinal de agradecimento e um sorriso, vindo principalmente das crianças que ainda mandam um “muito obrigado”. É sinal de que existe educação para o trânsito dada pelos pais e, provavelmente, dentro das nossas escolas também.

O Mês Mariano para os católicos resende-costenses

26 de Junho de 2024, por Edésio Lara 0

Maio se foi. Ficou no passado mais um Mês Mariano, muito caro para os católicos. A cada ano, principalmente nesse mês, rezas e festas se intensificam em honra a Nossa Senhora. No dia 13, celebramos o dia de Nossa Senhora de Fátima e, no dia 24, o de Nossa Senhora Auxiliadora. As Nossas Senhoras são muitas. A nossa padroeira é Nossa Senhora da Penha de França. Nossa Senhora Aparecida é a padroeira do nosso país. Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora do Pilar, Nossa Senhora da Boa Morte, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Boa Viagem têm dias certos no calendário para serem louvadas.

Todas essas e muitas outras são representadas em pinturas ou esculturas por artistas em inúmeros países, desde os primeiros séculos da Era Cristã. Nosso conterrâneo e escultor Valcides Mairinque Arvelos, já falecido, foi quem esculpiu a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem – padroeira da capital mineira –, cuja bela obra pode ser vista na rodoviária de Belo Horizonte, onde está para ser apreciada pelos que por lá circulam e fazem suas orações. De toda forma, não há um mês sequer, dentro do calendário litúrgico, sem uma santa reconhecida pela Igreja Católica pelos seus milagres e para as quais os fiéis dirigem orações solicitando sua intercessão junto ao Pai para que Ele nos ajude, perdoe nossos pecados e nos receba nos céus quando da nossa morte.

O mês de maio é especial. Durante os seus trinta e um dias, os religiosos não se cansam de festejar, de louvar a Rainha do Céu com cantos e orações. Não por acaso, é que foi criado nesse mês o Dia das Mães, que comemoramos no segundo domingo do mês. Veneramos Nossa Senhora e festejamos as mamães que temos. O Mês Mariano foi instituído há muito tempo sem, no entanto, termos certeza de quando foi. Há estudiosos que dizem que tudo teve início no século XII. E não era em maio, mas no mês de agosto, tal como era feito no Oriente. Também não por acaso, é no dia 15 de agosto que se celebra a Assunção de Nossa Senhora. Essa data cristã soleniza a assunção da Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo, aos céus. E, de toda forma, os católicos, há muito tempo optaram por dedicar um mês inteiro para louvar Nossa Senhora. A adoção do mês de maio, em princípio, tem a ver com o mês que está em plena primavera na Europa. A beleza da estação do ano, do clima e das flores, contribuiu para que maio se tornasse o mês em que os católicos se dedicariam em homenagear a santa.

Minha relação com a Igreja Católica se iniciou ainda no ventre da minha mãe. Filha de músicos, ela também se incumbiu de participar ativamente das cerimônias dentro da igreja, ora tocando o harmônio – que infelizmente não são mais usados – ora tocando seu violino, cantando ou regendo o coro. Ainda criança, comecei a participar mais das atividades na Matriz, atuando como coroinha, quando nosso pároco era o estimado Padre Nelson Rodrigues Ferreira. Ajudava missas às 6h, à noite e em fins de semana. Adorava viajar com o padre para as celebrações realizadas nos povoados da cidade. Vi quando o padre começou a celebrar missas falando mais em português e de frente para a assembleia, como decidido pelo Concílio Vaticano II (1962-1965). Eu me encantei, desde aquela época, com as coroações de Nossa Senhora, quando, sob apoio das famílias e da equipe de catequese, colocávamos o véu, a palma, o terço, as flores e a coroa em Nossa Senhora, mãe de Jesus Cristo e de todos nós. A alegria era geral e a participação nas coroações, festiva e intensa.

Nota-se que, com o passar do tempo, essas cerimônias vão sofrendo modificações, cancelamentos, variando entre paróquias, mesmo pertencendo à mesma diocese. Essas mudanças ocorrem, pois não são um dogma. Tudo pode variar de acordo com o desejo das pessoas, ou com o apoio ou não do pároco. Digo isso, já que não é possível colocar sob a responsabilidade dos padres tais decisões. De toda forma, incomoda bastante ver o que era tradição ir aos poucos sendo mudado ou simplesmente cancelado, excluído de práticas muito comuns para nós.

Neste ano, tentei assistir a uma coroação na Matriz e, ao fim do mês, percebi que não houve nenhuma. Soube que aconteceu uma na igreja de Nossa Senhora de Fátima no fim do mês e outra realizada por catequistas no mesmo local. Será que as coroações de Nossa Senhora da Penha de França tornar-se-ão coisas do passado? Penso que poderiam ocorrer em todas as capelas e, por que não, em residências, como aconteciam noutras épocas.

DESCUIDOS COM O LIXO e com a natureza

21 de Maio de 2024, por Edésio Lara 0

Apesar de proibido, pessoas insistem no péssimo hábito de jogar lixo nas margens das estradas, poluindo a natureza

Mês passado tratei aqui, nesta coluna, da questão envolvendo os cães vira-latas que percorrem nossas ruas, sempre dependendo de quem lhes dê o que comer e beber. Alguns se mostram fortes, limpos, sem que saibamos quem os acolhem, dando-lhes atenção como se morassem em suas casas. Outros nem tanta sorte têm, perambulam com seus corpos machucados, feridas expostas, magros e famintos. Esses, sim, viram latas atrás do que comer em latões de lixo ou sacolas plásticas colocadas nas ruas em dias e horários não recomendados pelos que cuidam da coleta e descarte em local apropriado. O foco nem era tanto os cães, mas os que teimam em não colaborar ao deixar o lixo na rua – seja ele reciclável ou orgânico –mesmo cientes que não é dia de coleta feita por equipe da prefeitura municipal.

Agora, o objetivo é outro. Trato daquilo que é descartável e que até sua coleta pelos lixeiros torna-se difícil. São eletrodomésticos, colchões, móveis e sucatas de forma geral. Incluem-se aí caixas de remédio e óleos, em geral, que demandam coleta especial por serem prejudiciais ao meio ambiente e à nossa saúde. Calçados e roupas geralmente não são incluídos na lista, visto que esses vão parar nos brechós, que os vendem a preço baixo ou entidades que auxiliam os mais pobres, doando-lhes o que outros já não calçam nem vestem mais. Por fim, podemos acrescentar os retalhos. Logo eles, tão valorosos e necessários para o trabalho de centenas de artesãos resende-costenses, quando não podem ser aproveitados, vão parar no lixo.

O retalho – descartado pela indústria têxtil – é o principal produto para nosso artesanato. Dependemos da sua oferta para gerar trabalho e produção de lindas colchas, belos tapetes, caminhosdemesa tecidos pelos nossos talentosos artesãos. Há aqueles que buscam esses retalhos nas fábricas e os vendem a quem tece. Depois, entram aquelas pessoas para, com suas mãos ágeis, produzir os rolinhos que vão parar nos teares de muitas residências do nosso município até se tornarem peça a ser vendida em residências, lojas ou encaminhadas para muitos lugares pelos Correios. Como se vê, muito do que já não serve para um, tem serventia para outro. 

Em caminhadas que fazemos dentro do nosso município, notamos, de forma geral, o zelo que sitiantes e fazendeiros têm com estradas, córregos, riachos que cortam suas propriedades. De parte do grupo de caminhadas que temos – e posso dizer o mesmo dos ciclistas– há o cuidado de não jogarmos garrafas plásticas e papéis no chão. Temos grupos de apoio que recolhem aquilo que deve ser deixado na lixeira e não na natureza. E ficamos contrariados quando nos deparamos com situações que retratam o desrespeito à sinalização e à recomendação de que é “proibido jogar lixo”.

Fomos a pé, recentemente, ao povoado de Ramos. Ele fica próximo a Resende Costa, mas pertence a Ritápolis.  Ainda em terra resende-costense, nós nos deparamos com uma cena triste. Em dois pontos da estrada, avistam-se duas placas de “proibido jogar lixo neste local”.  No entanto, bem debaixo das placas, muita sujeira: colchões velhos, sofás e, notadamente, tecido recortado. Pareciam restos de retalhos, entre outros panos, que deveriam ter sido encaminhados para aterro sanitário. Além do mais, da forma como foram deixados em vala que segue junto à estrada, todo o monte de sujeira torna-se combustível para causar enorme incêndio. Incêndio que, ao passar para as árvores e toda a vegetação tão seca nesta época do ano, pode gerar grande estrago e prejuízo gigantesco a quem mora nas redondezas.

Vivemos momentos difíceis, com temperaturas altas, escassez de água e irregularidades nas épocas de chuva. Resultado de tudo isso: incêndios, grandes enchentes, coisas a que estamos nos acostumando a ver constantemente, tal como acontece neste momento no sul do país. Poluir ambientes, desmatar florestas é o que devemos combater. Cuidar do lixo é uma das medidas de sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Precisamos mudar nosso jeito de ser, fazer a nossa parte a fim de zelar pela nossa cidade e pela vida do planeta.