São João del-Rei: campanha para adquirir imagem histórica do Sr. Bom Jesus dos Passos


Religião

José Venâncio de Resende0

Imagem histórica do Sr. Bom Jesus dos Passos (foto fornecida pela Irmandade).

A Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, com sede na Catedral Basílica da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar em São João del-Rei, iniciou uma campanha para adquirir a imagem histórica do Senhor Bom Jesus dos Passos, esculpida no século XIX pelo artista são-joanense Joaquim de Assis Pereira (1813–1893). Para isso, apela à colaboração de irmãos, amigos e seguidores da Irmandade visando preservar a “fé, a história e a tradição de nosso povo”.

É a única imagem dos tradicionais “passinhos” do centro histórico que não pertence à Irmandade. Esta imagem, de acervo particular, pertenceu a uma afilhada do escultor Joaquim de Assis Pereira. Mesmo assim, ela compõe há muitos anos a iconografia do Passinho localizado no Largo da Cruz. Sua presença é marcante nas celebrações dos Passos, que emocionam gerações de devotos e turistas na cidade.

Avaliada por peritos em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), a imagem representa não apenas uma peça artística de grande valor, mas um símbolo de fé e identidade cultural do povo são-joanense, de acordo com a Irmandade em seu Instagram. “Agora, temos a oportunidade única de integrar definitivamente essa obra ao patrimônio da Irmandade e da comunidade.”

Os Passinhos no centro histórico

Segundo a Diocese de São João del-Rei, existem cinco passinhos espalhados pela cidade: o Passinho da Rua da Prata, o Passinho do Largo do Rosário, o Passinho do Largo da Cruz, o Passinho da Rua Direita e o Passinho do Largo da Câmara. Essas pequenas capelas foram edificadas pela Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos, em 1733, e, desde então, vem promovendo a realização das vias-sacras.

Trata-se de oratórios de pedra e madeira, semelhantes a pórticos de igrejas coloniais e com fachadas contínuas à das casas, representando as estações da via-sacra, segundo o historiador Antônio Gaio Sobrinho. A beleza sacra e arquitetônica desses tradicionais passinhos, construídos na segunda metade do século XVIII, pode ser admirada no tempo da Quaresma quando são abertos para visitação. Eles ganham vida durante as via-sacras e procissões.

E por que apenas cinco passinhos? A via-sacra externa, celebrada anualmente pela Irmandade dos Passos, tem o diferencial de serem sete estações. São os cinco passinhos na rua e duas estações nas igrejas: a primeira no interior da igreja de são Francisco e a última na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar. 

Em recente restauração, o artista sacro Carlos Magno de Araújo descobriu no passinho da Rua Direita trabalhos de pintura, policromia e douramento de autoria de Manoel Victor de Jesus. Novas pinturas, interpretando o sentido de cada moteto, foram acrescentadas onde não havia nenhuma, por Pedro Paulo Viegas, cuja assinatura pode ser lida no passinho do Largo do Rosário. Atualmente, podem ser vistos, em cada passinho, três quadros de grande beleza e expressão.

 

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