Voltar a todos os posts

Cerveja, o gole da vez

12 de Marco de 2013, por Cláudio Ruas

Para cada situação costuma haver um tipo de bebida apropriada, seja pelo clima, tipo de evento, cultura local ou propósito do bebedor. Mas uma coisa é incontestável: se há uma que é a cara do nosso país é a cerveja. Simples, descontraída e refrescante. E de uns tempos para cá, vem quebrando tabus e alcançando espaços antes ocupados por outras bebidas consideradas mais “finas”, o que mostra o valor desse ouro líquido.

Mas para continuarmos a prosa, vamos voltar no tempo e entender um pouco da origem e de como ela é feita. Estima-se que em 9.000 a.C já se fazia cerveja e existem registros de produção em 4.000 a.C, na Suméria, atual Iraque. Antes de desenvolver a escrita o homem já estava tomando uma! E a descoberta - igual o queijo e a cachaça - teria sido acidental: esqueceram uma vasilha com grãos de cereal (cevada, trigo, arroz) na chuva, eles germinaram (amido virou açúcares), secaram, tomaram mais chuva e foram atacados por micro-organismos que fermentaram o caldo (açúcares viraram álcool). Beberam a mistura, ficaram alegres e felizes e começaram a repetir o processo.

Cerveja já foi alimento, matou fome e peste. E hoje é feita a partir de um cereal umedecido, secado e cozinhado em água pura, quando se acrescenta o lúpulo, uma planta da família das canabináceas, que dá amargor, gosto e durabilidade. Por último, as leveduras (fermento), que finalizam o processo. É a receita básica, porém, vários fatores podem concorrer para um resultado final diferenciado: tipo de cereal e a forma como foi tratado (mais torrado = cerveja mais escura), quantidade de lúpulo, acréscimo de outros ingredientes como ervas e frutas etc. 

Na prática, se no rótulo se indicar “puro malte”, significa que ela é feita exclusivamente com cereais maltados (cevada e/ou trigo), o que dá bastante diferença na qualidade. É o caso da Heineken, por exemplo, que já é encontrada em Resende Costa e não custa tão mais caro do que uma Skol. Essa, assim como a maioria das marcas consumidas no país, é feita também com cereais “não maltados” (milho, arroz).

Em função dessas diferenças apresentadas e disponibilizadas aos consumidores, tem crescido muito a procura pelas “cervejas especiais”, principalmente as artesanais. Por serem feitas em escala menor e com ingredientes e técnicas superiores, o produto final tende a ser melhor, fazendo com que a cerveja alcance público e ocasiões antes restritas a outras bebidas, além do prazer maior, claro. 

Mas e o preço? Embora existam cervejas realmente caras, o crescimento do mercado tem possibilitado tomar cervejas muito boas a preços bons. Dou o exemplo da ótima cervejaria Backer - mineira de BH - cuja garrafa de 600ml do estilo pilsen chega a custar R$4,90 no supermercado, mais em conta do que uma Brahma no bar. Além disso, pelas características da cerveja especial e pela forma como ela é degustada, o volume consumido pode ser inferior ao da cerveja comum, o que diminui o custo do consumo.

Seguindo os passos da cachaça, Minas tem se destacado muito no cenário nacional de produção de cerveja artesanal de qualidade. E BH já é a cidade no país com a maior concentração de cervejarias no seu entorno - como as já tradicionais Áustria, Wäls e Falke Bier - algumas premiadas internacionalmente. Da mesma forma, o número de lojas e bares especializados também aumenta, assim como a procura por cursos de produção caseira, como o da Cervejaria Escola Taberna do Vale. Algumas horas de curso e um pequeno investimento em equipamentos simples (panelas, baldes, balança) já permitem a produção de cerveja boa até dentro do apartamento, prova da sua simplicidade e versatilidade, inclusive quanto às receitas de cada cervejeiro.

Enfim, seja ela mais especial - infelizmente ainda pouco disponível na nossa cidade – ou a mais barata, que a cerveja continue sempre cumprindo seu papel de reunir os amigos para se divertir com alegria e confraternizar com prazer e simplicidade essa bebida espetacular e histórica.

 

(A receita do mês no blog é a “COSTELINHA CERVEJEIRA”: http://www.casalgastromg.blogspot.com.br/)

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário