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O dia em que Resende Costa abriu seu baú

11 de Junho de 2013, por Cláudio Ruas

Ainda em 2011, quando recém-inaugurada esta coluna, escrevi um artigo com o título “O maior festival de gastronomia do Brasil é aqui!”, referindo-se à nossa vizinha Tiradentes e à importância desse tipo de evento, cujo trecho peço licença para transcrever:

“Tais benefícios também se obtêm através da realização de um festival... bem organizado e atraente ele traz o turista para a cidade (e para a região) e o resto dos benefícios nem precisam ser citados. Se até Resende Costa lucra com os turistas e participantes do Festival de Tiradentes que vêm aqui fazer compras de artesanato, imagine-se um evento na própria cidade?!”

Recentemente, ao falar do café e da sua valorização como forma de desenvolvimento do turismo no sul de Minas, voltei ao assunto dando o exemplo “de festivais, como o “Café com Música”, da charmosa cidade de Cristina. Exemplo a ser seguido pela nossa Resende Costa, que já passou, e muito, da hora de ter o seu grande Festival do Artesanato”.

Para minha surpresa, logo em seguida tive a notícia de que ele iria se realizar. A “1ª Mostra de Artesanato e Cultura” é um marco para a cidade. É o dia em que abrimos oficialmente para o mundo nosso baú de retalhos, colchas, histórias, artesanatos e cultura em geral. Baú riquíssimo, ainda pouco explorado e cheio de tesouros que muitas cidades nesse mundo queriam ter.

Mas onde entra a gastronomia? Em vários lugares, a começar pelo fato de que ela não se resume ao alimento. Tudo aquilo que gira em torno do ato de se alimentar - desde o plantio até a garfada - faz parte desse universo. A linda toalha bordada, os coloridos jogos americanos e guardanapos, a imponente mesa de material de demolição, o charmoso e prático escorredor de pratos de ferro etc., tudo isso está inserido nesse universo, embora muitas vezes de forma imperceptível. E tudo isso também faz parte do nosso artesanato, que encanta os turistas e enriquece seus jantares e cozinhas mundo afora. Até o famoso “casal mineiro” de madeira que se procriou pelo Brasil é resende-costense, cria do Delfim.  Ou seja, não temos o rocambole ou o biscoito  polvilho como símbolos, mas temos um “artesanato gastronômico” variado, reconhecido até nacionalmente.

E ainda contamos com um arsenal de ingredientes e produtos com um potencial imenso, mas ainda pouco explorado. Cachaças, queijos, embutidos, quitandas, receitas, hortas e pomares sortidos não faltam por aqui. O que falta é o elo de ligação entre o produtor e o consumidor, não só o turista, mas o próprio morador. Nossa cidade é repleta de supermercados, mas carente de uma feira de sábado que funcionaria como esse elo, de forma simples, eficaz e proveitosa, inclusive para o turismo.

Voltando ao festival, também fiquei muito feliz com a possibilidade de contribuir com ele, o que ocorreu através do convite para ministrar uma oficina de gastronomia, juntamente com minha esposa (Casal Gastrô). No final da manhã do sábado, com as inscrições gratuitas todas preenchidas, nos reunimos no agradável jardim cedido pela Pizzaria La Fontana para falar e fazer um pouco disso, das nossas riquezas de produtos e produtores. Da possibilidade de explorar mais nossos ingredientes de outras formas ainda não tradicionais, o que fizemos com o ora-pro-nobis. Dessa vez ele saiu do frango ensopado e foi se juntar a um macarrão feito com linguiça caipira (do Vinícius do Tinô), cachaça (do João do Cupertino) e queijo minas (do Chico do Benedito Josme), preparado no disco de arado (do Iremar). Para adoçar as ideias, brigadeiros mineiros de doce de leite com limão capeta e de funcho com café.

Mesmo sendo o primeiro ano - programado às pressas e logo após a troca do executivo municipal - esse festival já foi um sucesso, que só tende a se aperfeiçoar e trazer muitos frutos. Parabéns ao prefeito, secretário de Cultura e todos aqueles que apoiaram, trabalharam e prestigiaram o evento.

Que venha 2014!

 

(Receitas e fotos da oficina de gastronomia no nosso blog: http://casalgastromg.blogspot.com.br/)

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