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O maior Festival de gastronomia do Brasil é aqui!

13 de Setembro de 2011, por Cláudio Ruas

Isso mesmo. O maior e mais importante festival de gastronomia do nosso país é realizado aqui, na “grande Resende Costa”, mais precisamente em Tiradentes. E como noticiamos na coluna anterior, a 14ª edição do evento ocorreu entre os dias 19 e 28 de agosto, com um público total considerável, em torno de 35 mil pessoas, de acordo com a organização.

Esse ano o tema do festival foi “A Nova Geração” dos chefs do Brasil (ano passado foi sobre as chefs mulheres), sendo boa parte dos 15 convidados os profissionais que se têm revelado nos quatro cantos do país, inclusive com um concurso entre eles. Destaque para os representantes de Minas, os gêmeos de apenas 20 anos, Fernando e Juliano Basile, que, apesar de serem paulistas, militam na cidade sul mineira de Gonçalves. Mas quem levou o 1º lugar foi o pernambucano Joca Pontes, que conquistou todos com seu trabalho pautado nos ingredientes típicos trazidos do nordeste, o que comprova a nacionalização do festival, fato importantíssimo para a gastronomia.

Além dos 28 cursos gratuitos oferecidos - como o do chef  paulistano Alex Atala (atual 7º lugar no ranking dos melhores restaurantes do mundo, feito memorável para nosso país) - destacam-se os oito festins (jantares sofisticados) realizados em pousadas, cujos convites, que se esgotaram em 24 horas, chegaram a custar salgados R$350,00. Mas as opções de entretenimento acessíveis aos menos afortunados também foram várias, como os bares montados, oficinas, exposições, apresentações musicais e teatrais, atrações essas concentradas nos Largos das Forras e da Rodoviária.

Voltando aos festins, ao analisar os variados menus oferecidos, percebemos um fato interessante e cada vez mais corriqueiro na chamada “alta gastronomia”: os ingredientes e produtos mais “simples” e tradicionais, cada vez mais presentes nas receitas, como o risoto feito com queijo canastra e canjiquinha (ao invés do arroz italiano) e o leitão de leite (vulgo leitãozinho) com geléia de cachaça, elaborados pelos irmãos Basile. Mas por que essa valorização desses ingredientes? Por vários e ótimos motivos: primeiramente, óbvio, pelo lado do consumo, pois é muito mais fácil e muitas vezes melhor consumir o que está à nossa volta (canjiquinha), ao invés do que está do outro lado do mundo (arroz italiano). Isso se justifica pelo lado cultural da gastronomia e até mesmo pelo lado econômico e social decorrente do estímulo da produção e uso desses ingredientes. Ou seja, preparando e consumindo mais canjiquinha, estaremos aproveitando um produto mais fresco, contribuímos para preservar as receitas e tradições e ainda favorecemos a criação de emprego e o aumento de renda de quem está mais próximo.

Tais benefícios também se obtêm através da realização de um “festival”, não necessariamente de gastronomia. Festival de qualquer coisa. Ou melhor, festival daquilo que se tem ou de que se propõe a ter, caso do próprio Festival de Tiradentes, que foi idealizado para alavancar o turismo na cidade pelo então chefe secretário de turismo Ralph Justino. Idéia brilhante e muito bem executada ao longo desses anos e que serve de ótimo exemplo para nossa Resende Costa, que inclusive já tem o objeto pronto: o artesanato (que também faz parte da gastronomia!). Um festival bem organizado e atraente traz o turista para a cidade (e para a região) e o resto dos benefícios nem precisam ser citados. Se até Resende Costa lucra com os turistas e participantes do Festival de Tiradentes que vêm aqui fazer compras de artesanato, imagine-se um evento na própria cidade!

Além da badalada Tiradentes, outras cidades mineiras, como a vizinha São Tiago (biscoito), Cristina (café), Salinas (cachaça), Sabará (ora-pro-nobis), entre outras, vêm mostrando que a valorização de seus produtos através dos festivais é uma ótima saída para o aproveitamento de uma das mais importantes ferramentas para nossos problemas, a do turismo inteligentemente bem explorado.

Pois é... a tal da gastronomia vai mesmo muito além da boca salivando...

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