O aniversário da cidade tricentenária do Campo das Vertentes, em Minas Gerais, foi comemorado na Rua da Cachaça, um dos principais pontos de encontro de moradores e visitantes, com o IV Simpósio do Patrimônio Imaterial de São João del-Rei. Uma programação repleta de cultura, música e atividades, nos dias 6 a 8 de dezembro, acompanhada da Feira da BoaZona, que contou com diversos expositores e artesãos, desde barracas de comidas caseiras até brechós.
Na sexta-feira (6), apresentações aqueceram o público para o que estava por vir, com shows de artistas locais e espaços dedicados à gastronomia. A noite contou com ensaio do grupo batucada e show da dupla Bruna Gonçalves e Álvaro Maia.
A banda Choro com Chope apresentou-se, no sábado (7) com os músicos Márcio Luiz Sete Cordas, Larissa Novo e Milena Lopes. Idealizada em novembro de 2022 por Márcio, em parceria com o Alquibeer, a banda tem marcado presença em noites regulares no bar, mas, desta vez, fez uma edição especial ao ar livre. “A gente até brinca que São João del-Rei tem mais músicos do que plateia”, comentou Márcio, que se formou em música pelo Conservatório da cidade e destacou a atmosfera musical do município. “São João del-Rei respira música. Quando cheguei aqui para estudar Psicologia, fiquei encantado com essa característica tão viva”.
Para além da música, a criatividade também teve espaço. Thiago Monteiro, programador e artesão, apresentou sua atividade de arquearia. Ele conta que aprendeu durante viagens à Turquia e à Tailândia. “Quis trazer essa prática para São João del-Rei e, hoje, ensino em aulas e produzo arcos e flechas na cidade”, explicou Thiago, que atraiu a atenção de quem passava com demonstrações interativas. Para terminar a noite, o grupo Samba Reggae Olodum das Gerais participou com apresentações culturais de capoeira, maculelê, dança afro, e músicas brasileiras.
No domingo (8), as comemorações espalharam-se por toda São João del-Rei, mas a Rua da Cachaça manteve sua energia com oficinas de malabares, berimbalada e teatro. A programação contou ainda com apresentações de dança e encerrou com um show da Orquestra do SESI, no Teatro Municipal, e da Orquestra Ribeiro Bastos na Igreja de São Francisco.
Os eventos dos 311 anos de São João del-Rei mostram como a cidade preserva a sua herança cultural. Da música ao artesanato, passando por tradições folclóricas e inovações artísticas, a comemoração reafirmou o que Márcio Luiz Sete Cordas tão bem descreveu: “São João del-Rei respira arte e cultura”.
Breve histórico
São João del-Rei começou a ser formada no início do século XVIII, nas margens do Rio das Mortes. Inicialmente conhecida como Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, a região atraiu moradores após o bandeirante paulista Tomé Portes del-Rei e seu grupo se instalarem para efeito de exploração e comércio no final do século XVII.
Exploradores descobriram ouro nas encostas da Serra do Lenheiro, perto do atual bairro Alto das Mercês, tornando o local um importante núcleo econômico. Em 1713, o arraial foi elevado à categoria de vila, recebendo o nome de São João del-Rei, em homenagem ao rei D. João V, e em 1714 tornou-se sede da Comarca do Rio das Mortes, atraindo ainda mais habitantes.
A chegada da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), em 1881, marcou um novo capítulo na história da cidade. Essa conexão ferroviária impulsionou o comércio, facilitou a chegada de trabalhadores e fomentou o desenvolvimento industrial, consolidando São João del-Rei como um importante centro regional. Antes disso, em 1838, a vila já havia sido elevada à condição de cidade. A presença dos imperadores, como D. Pedro I e D. Pedro II, em diversas ocasiões, simbolizou a relevância política e cultural do local.
Nova fase no desenvolvimento do município teve início com a chegada das universidades nas décadas de oitenta e noventa do século XX. A Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) surgiu em 18 de dezembro de 1986 (Lei 7.555) como Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei (FUNREI). Em 19 de abril de 2002, a Funrei foi transformada em Universidade (Lei 10.425). Já o Centro Universitário Presidente Tancredo Neves (UNIPTAN) foi criado em 16 de junho de 1999 como Instituto de Ensino Superior Presidente Tancredo Neves. Em 26 de julho de 2017, o Uniptan foi elevado à categoria de Centro Universitário.
Fontes: