Moradores do bairro São José relatam dificuldades com ausência de agente de saúde: “estamos desassistidos”

Prefeito diz que nova agente será nomeada após aprovação de projeto de readaptação na Câmara.


Saúde

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Desde o início do ano, moradores do bairro São José, em Resende Costa, enfrentam a ausência de um agente comunitário de saúde. A situação tem gerado uma série de dificuldades, principalmente na intermediação entre os usuários do sistema público de saúde e a Secretaria Municipal de Saúde. A estudante de pedagogia e moradora do bairro, Conceição Aparecida de Resende Assis, a Cida Resende, relata que a situação pegou os moradores de surpresa e disse que não houve qualquer tipo de aviso prévio. “Foi no meio do mês de janeiro, não sei a data ao certo. Só posso dizer que foi de um dia para o outro, não fomos avisados. O que foi passado para nós é que a agente concursada estava afastada por problemas de saúde, mas ela teve que voltar ao trabalho, porém, em outro cargo. A agente contratada que substituía a concursada foi demitida logo após a decisão de volta, sem considerar que, na verdade, a concursada voltaria em outro cargo”.

Apesar de elogiar o sistema de saúde do município, ela afirma que a falta do agente tem prejudicado a comunicação com a secretaria. “A saúde de Resende Costa é excepcional, não tenho nada a reclamar, mas precisamos de alguém para intermediar nossas solicitações até a secretaria. E é essa falta de intermediação que estou solicitando uma solução. Com agente, tudo ficava mais ágil. Ele já sabia das nossas necessidades e resolvia muita coisa com autonomia”.

Segundo ela, desde a saída da agente, exames, receitas e consultas têm enfrentado atrasos e, muitas vezes, perdem-se no meio do caminho. “Nosso atendimento no PSF 1 continua sendo muito bom, somos bem atendidos, mas os profissionais estão sobrecarregados e não conseguem assumir uma área que não é deles. Já houve casos de pedidos liberados e ninguém nos avisou. Só soubemos depois de muita insistência”, conta.

Cida também destaca como a ausência de um agente de saúde no bairro tem afetado diretamente o cuidado com o seu marido, Paulinho, que necessita de atenção constante: “Ele precisa de fisioterapia domiciliar urgente. A antiga fisioterapeuta saiu e o pedido da nova ficou perdido, sem ter alguém para acompanhar. Outro exemplo: um exame de sangue foi liberado no dia 9 de abril, mas só descobrimos quase um mês depois, porque ninguém avisou. E o Paulinho também depende de consultas e renovação de receitas com frequência”, completa.

A moradora afirma que procurou pessoalmente o secretário de Saúde e que outras pessoas também foram até o prefeito. Segundo ela, não houve resposta concreta nem previsão para uma solução imediata. “No post que fiz no Facebook, outras pessoas disseram ter procurado explicações. Mas seguimos sem solução. A equipe do PSF não propôs nenhuma alternativa emergencial, e é isso que estou pedindo. Até que tudo se resolva, poderiam contratar alguém de forma temporária, como acontece em outros PSFs. É uma situação delicada, e não é só o Paulinho que precisa. Temos outros casos”, disse.

 

Em trâmites de contratação

 

O prefeito Lucas Paulo explicou a situação e garantiu que a reposição está em fase final de tramitação. Segundo ele, a agente concursada que estava licenciada por motivo de saúde retornou, o que forçou o desligamento da profissional contratada. “Não é que a agente foi desligada antes do concurso. É que a agente que atuava no local voltou do afastamento de licença de saúde. A partir do momento em que ela volta, quem estava no lugar dela, contratado pelo processo seletivo, tem que sair do cargo para ela reassumir”. Lucas informou que a servidora retornou ao trabalho; no entanto, será readaptada em outro cargo dentro da prefeitura, possivelmente como auxiliar de contabilidade. “Já está na Câmara Municipal o projeto que autoriza a recondução da servidora para outra função. Assim que isso for aprovado, poderemos nomear a nova agente aprovada no concurso. A previsão é para o final de maio ou início de junho. Tem um pequeno trâmite para que quem vai ser chamada apresente exames e documentos, e para concluir a readaptação da atual agente”.

O prefeito reconhece que a ausência do agente de saúde no bairro impacta negativamente no atendimento à população: “O impacto é ruim, porque o agente faz um trabalho muito positivo visitando as casas, recolhendo pedidos de exames e consultas. Mas o atendimento não está paralisado. Quem precisa pode ir até a Secretaria de Saúde. Não está tendo visita domiciliar, mas todos podem marcar exames e cirurgias normalmente, com um familiar ou conhecido levando o pedido”, garante.

O secretário municipal de Saúde, Douglas Cobbuci, se coloca à disposição para resolver a situação. “Primeiramente, pedimos desculpas pelos transtornos causados. Aproveito para me colocar à disposição, pessoalmente ou por telefone, para que possamos conversar e buscar, caso a caso, alternativas que ajudem a amenizar os impactos decorrentes da situação. Reconheço que o trabalho do ACS é essencial para o bom funcionamento da atenção básica à saúde e entendo plenamente os prejuízos causados aos moradores do bairro São José pela ausência desse profissional. Infelizmente, por uma questão de saúde, o serviço não está sendo prestado, e a legislação me impede de chamar outro profissional enquanto não for concluído o processo de readaptação. Estamos atuando com o máximo de agilidade para solucionar a questão, apesar da complexidade do processo e das etapas obrigatórias. Peço mais um pouco de paciência aos moradores do bairro São José e me coloco à disposição para que, com diálogo, encontremos soluções para amenizar os problemas que estão acontecendo. Reforço que as consultas médicas, marcação de exames e demais serviços oferecidos pelos PSFs continuam sendo prestados à comunidade do bairro. No entanto, é necessário que os moradores se desloquem até o PSF de referência para solicitar esses atendimentos.”.

Lucas frisou que essa situação é pontual, ocorrendo apenas no bairro São José. “Tivemos que cumprir todas as etapas legais: perícias, experiência médica e readaptação com a concordância da servidora. Isso tudo demanda tempo, mas já está sendo resolvido. A Câmara aprovou o projeto e agora poderemos chamar a próxima agente para o bairro”, conclui.

A expectativa da prefeitura é de que a nova agente de saúde comece a atuar no bairro São José no fim do mês de maio ou no início de junho.

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