Que sou aficionada por cinema não é nenhuma novidade, mas nunca mencionei aqui minha outra paixão: os seriados. Desde criança já acompanhava fervorosamente séries americanas como Anjos da Lei, MacGyver, Barrados no Baile, Melrose. Mas foi de uns anos para cá que os seriados passaram a ter status de cinema, seja no que diz respeito à qualidade de produção e roteiro, seja no reconhecimento da crítica, seja na escalação de atores. Se antes só se viam atores saindo dos seriados para estrelar no cinema, hoje é comum o caminho inverso, ou seja, atores de gabarito como Glenn Close (Damages), Charlie Sheen (Two and a Half Men) e Kiefer Sutherland (24 horas) fazem o maior sucesso nas séries em que atuam e enchem suas prateleiras de prêmios. A premiação dos seriados no Globo de Ouro é tão esperada e acirrada quanto a de cinema. E hoje, especialmente para quem tem acesso à TV por assinatura, tem série para todo gosto: drama, suspense, investigação criminal, comédia... O maior fenômeno dos últimos anos, em minha opinião, é Lost. A série conseguiu romper a barreira da televisão, tornando-se um fenômeno multimídia. O (excelente) argumento é o seguinte: um avião cai numa ilha, alguns passageiros sobrevivem. Ninguém sabe que ilha é aquela, nem sua exata localização. O resgate não chega, e os sobreviventes começam a presenciar estranhos fenômenos locais: uma espécie de monstro de fumaça mata quem estiver desapercebido, aleijados passam a andar, nativos atacam à noite e, apesar de ser uma ilha tropical, ursos polares também dão as caras. E isso é só o começo. Ao longo das temporadas (serão 6, o canal de TV por assinatura AXN está transmitindo a 5ª), descobre-se que havia um estranho projeto científico na ilha que espalhou estações em todo seu território, há pessoas que parecem não envelhecer e outras dispostas a tudo para.... bem, chega de revelações. Posso dizer que há vários mistérios e eles vão sendo esclarecidos à medida que outros surgem. Os produtores da série (gênios!) juram que já sabem como ela termina desde o primeiro episódio. Recomendo a todos, exceto àqueles que não gostam de se comprometer: você não vai conseguir parar de assistir. A Rede Globo transmite, todo início de ano, uma temporada (este ano transmitiu a 4ª) – o problema é o horário. Estão também disponíveis nas locadoras todas as temporadas. Garanto ser impossível não gostar. Em tempo: há ainda diversas outras séries excelentes, prometo comentar numa próxima edição.
E agora uma indicação de lançamento em DVD:
A OUTRA (The Other Boleyn Girl, EUA/Inglaterra)
Gênero: Drama
Direção: Justin Chadwick
Tempo de duração: 115 min.
Ano: 2008
O canal de TV por assinatura People & Arts transmitiu, em 2007 e 2008, a premiada série The Tudors, a cuja primeira temporada assisti. Tal série acendeu o interesse pelo tema, que gerou o lançamento de livros e também deste filme. Na Inglaterra do Rei Henrique VIII, a Rainha Catarina de Aragão não conseguia dar à luz um herdeiro do sexo masculino – todos nasciam mortos. Tal infortúnio causou o afastamento e desolação do Rei, fato no qual oportunistas frequentadores da corte enxergaram uma chance de ascensão. Thomas Bolena e seu cunhado decidem, então, oferecer sua filha mais velha (e mais bonita, mais inteligente, mais manipuladora, mais experiente, mais desfrutável...), Ana Bolena, ao Rei. O resultado todos já sabem ou ouviram falar: Ana enfeitiça Henrique VIII a ponto do mesmo romper com a Igreja Católica e criar uma nova Igreja, a Anglicana, onde ele passa a ser o chefe supremo – com a finalidade, é claro, de anular seu casamento com Catarina e coroar Ana como a Rainha da Inglaterra. Mas houve um personagem nessa história que nunca mereceu grande destaque: a irmã de Ana, Maria Bolena (a “Outra” do título). Antes de Ana iniciar seu jogo de sedução com Henrique VIII, é a doce e ingênua Maria quem o Rei convida (sendo sutil, pois um convite do mesmo não admitia recusas) para se deitar em seu nobre leito. Sem entrar em maiores detalhes, pode-se dizer que a Bolena caçula padece com o despeito e sagacidade de sua irmã. O elenco é de primeira: Eric Bana dá vida a Henrique VIII, Natalie Portman é Ana Bolena e Scarlett Johansson, Maria. Produção belíssima, figurino impecável e aquela sensação mundana (e deliciosa) de ficar sabendo todos os podres dos soberanos ingleses. Vale a pena. Classificação: 14 anos.
A Outra
16 de Maio de 2009, por Carina Bortolini