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A Troca / Wall-E

09 de Outubro de 2009, por Carina Bortolini

O primeiro filme comove simplesmente pela história, sem carregar no drama. O segundo quer divertir, mas emociona especialmente. Confiram!

A TROCA (Changeling, EUA)
Gênero: Drama
Direção: Clint Eastwood
Tempo de duração: 141 min.
Ano: 2008


Sem sombra de dúvidas, Clint Eastwood é um de meus diretores favoritos. Este roteiro é baseado na fantástica (e dramática) história real de Christine Collins (Angelina Jolie), uma mãe solteira que, nos anos 20, não tem alternativa a não ser deixar Walter - seu filho de 9 anos - em casa e sair para fazer hora extra. Ao voltar, não o encontra, e dar-se-á início a seu martírio. A história de Christine ficou conhecida por desvelar a absurda incompetência e corrupção da polícia de Los Angeles à época. Cinco meses após o desaparecimento do garoto e havendo grande pressão por parte da opinião pública, a polícia anuncia haver encontrado Walter numa cidade próxima, e marca um encontro do mesmo com a mãe na estação de trem. Entre jornalistas afoitos e policiais sorridentes, Christine vivencia o pesadelo de receber em seus braços outro menino que não o seu. Diante da angustiada contestação de Christine, o representante da polícia sugere que ela deveria estar em choque ou esquecida, forçando-a a sorrir mecanicamente para os fotógrafos, posando com um estranho que a chamava de mamãe. Apesar de haver levado o garoto para casa, Christine faz de tudo para provar que Walter continuava desaparecido, reunindo provas testemunhais e médicas de que aquele não era seu filho. Chegando mesmo a ser internada num manicômio para que não trouxesse mais problemas, Christine só pôde contar com o auxílio do pastor presbiteriano Gustav Briegleb (John Malkovich), ferrenho perscrutador das irregularidades policiais. Houve quem criticasse Angelina Jolie por usar tal papel para provar quão boa atriz pode ser. Não vejo problema se, para o telespectador, o que restou foi uma excelente (e surpreendentemente contida) interpretação. Recebeu 3 indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Atriz, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Classificação: 16 anos.


WALL-E (Wall-E, EUA)
Gênero: Animação
Direção: Andrew Stanton
Tempo de duração: 97 min.
Ano: 2008


Uma obra de arte. É como posso definir esta animação da Pixar, produtora que revolucionou o gênero a partir de Toy Story. Andrew Stanton, que dirigiu também o ótimo Procurando Nemo, teve realmente uma brilhante idéia (é dele também o roteiro). Wall-E é um obsoleto robô que, há 700 anos, vive de compactar montanhas e montanhas de lixo que entulham a Terra. Sua única companhia é uma simpática (só mesmo em desenho!) baratinha, até o dia em que uma enorme nave deixa uma moderna robô no planeta. Ela se chama EVA e tem a missão de encontrar vida – o que restou da humanidade aguarda, em uma nave-cruzeiro, o momento em que a Terra voltará a ser habitável. Apesar do temperamento um tanto explosivo de EVA, Wall-E se apaixona por ela, e a segue em sua volta à nave-cruzeiro. Wall-E, que tem uma visão romântica do homem e do que fora a vida na Terra – numa cena de encher os olhos, ele assiste ao musical Alô, Dolly! e tenta imitar os graciosos passos de Walter Matthau e Barbra Streisand -, tem uma visão aterradora chegando a tal nave: os humanos são todos obesos, só se locomovem por meio de cadeiras flutuantes e o único contato que têm com o outro é através de uma telinha holográfica à frente de seus olhos. A aventura é divertida e educativa para crianças, e absolutamente encantadora para adultos. Há pouquíssimo diálogo no desenho, especialmente na primeira parte. Além de não fazer falta, esta opção do diretor deixa ainda mais terna toda a obra: sem diálogos, que se preste atenção às emoções. Daí, surge uma pergunta incômoda: pode um robô ser mais humano e sensível que nós? Talvez sim, mas o diretor nos dá alguma esperança durante os créditos finais, numa sequência tão bela e genial como todo o filme. Não por acaso ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Animação. Já nasceu um clássico. Classificação: Livre.

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