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O lavador de almas / Amar... Não tem preço

16 de Agosto de 2009, por Carina Bortolini

Um drama baseado em fatos reais e uma comédia romântica francesa para amenizar. Eis os filmes que indico neste mês.

O LAVADOR DE ALMAS (Pierrepoint, Inglaterra)
Gênero: drama
Direção: Adrian Shergold
Tempo de duração: 90 min.
Ano: 2005


Albert Pierrepoint (o excelente Timothy Spall) era um inglês trabalhador, de temperamento calmo, gostava de se divertir com os amigos e era atencioso com a família. Um homem comum, não fosse o fato de que o mesmo, de 1932 a 1955, enforcou 608 condenados a serviço da Coroa Britânica. Filho e sobrinho de carrascos orgulhosos de tal ofício, Pierrepoint passou no teste para a Lista de Executores e logo se tornou o melhor da Ingaterra – traduzindo, o que realizava o enforcamento mais rapidamente e proporcionando menor sofrimento aos condenados. Conferia dignidade aos cadáveres preparando-os pessoalmente após a morte e sempre lembrava aos assistentes que eles eram inocentes por já terem pago sua pena. Nunca quisera saber o crime que os condenados cometeram e não aceitava que fossem desrespeitados. Por outro lado, Pierrepoint não conteve sua satisfação ao bater o recorde do pai, levando sete segundos entre o encontro com o prisioneiro e a morte do mesmo. Sua técnica possuía impressionante precisão matemática, já que ao analisar o peso, a idade e o sexo do condenado sabia exatamente o tamanho que a corda deveria ter, além disso, posicionava-a no pescoço de forma que sempre ocasionava uma fratura entre a segunda e a terceira vértebras – oferecendo, assim, a misericórdia de uma morte instantânea e indolor. Impossível não especular o que movia Pierrepoint. Seria ele um sádico que encontrara no trabalho uma forma de legitimar sua psicopatia? Mais me pareceu um homem medíocre que, impulsionado pelas tradições familiares, enxergou no ofício uma forma de ascensão e destaque. Tinha o sistemático (ou macabro?) hábito de registrar num caderno todas as execuções que realizava, e escondeu o que fazia até mesmo da esposa enquanto pôde. Deixou a vaidade dominá-lo quando foi selecionado pela Coroa para executar nazistas em nome da Inglaterra – episódio que o transformou em celebridade e encheu seu caderninho. Sua frieza aparentemente inabalável era fruto de uma ilusão: a de que não era ele que matava, mas sim, o Estado. Mas um fato imprevisível testou tal frieza a ponto de fazer o carrasco cair de joelhos – o que rendeu interpretações fabulosas de Spall e Juliet Stevenson, no papel de sua esposa. Classificação: 14 anos.


AMAR... NÃO TEM PREÇO (Hors de Prix, França)
Gênero: comédia romântica
Direção: Pierre Salvadori
Tempo de duração: 104 min.
Ano: 2006


Audrey Tautou é adorável. OK, desconsiderem sua participação no malfadado O Código Da Vinci, o qual nem Tom Hanks conseguiu salvar. Sim, ela é adorável, talentosa e tem um quê da outra Audrey, a Hepburn. Neste desafetado e saboroso filme, Tautou é Irène, uma típica conquistadora profissional: sabe onde encontrar e como amarrar figurões endinheirados, prontos a lhe proporcionar uma vida cheia de luxos em troca de sua beleza, charme e juventude. Num mal-entendido, ela pensa que Jean (o não menos talentoso Gad Elmaleh), barman do hotel de luxo onde está hospedada, é um milionário e seu noivado vai por água abaixo por causa da noite que passa com o rapaz. Equívoco desfeito, Irène desdenha de Jean não sem antes consumir todas suas economias. De coração partido, falido e desempregado, ele descobre, por acaso, que também pode se dar muito bem como sedutor de abonadas senhoras. O desfecho um tanto ingênuo não tira o brilho deste divertido romance (Certa vez indiquei aqui vários filmes ditos “de arte”, entre eles, O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, que lançou Tautou. Difícil até classificar o gênero dessa virtuosa produção totalmente original, com flashbacks fantásticos, humor pueril e inteligente, romance delicioso e roteiro incomparável. Proibido não assistir). Classificação: 12 anos.

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