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O Sobrevivente / Invasão de domicílio

11 de Outubro de 2008, por Carina Bortolini

Volto, este mês, a indicar três lançamentos em DVD. Preparem a pipoca!

O SOBREVIVENTE (Rescue Dawn, EUA)
Gênero: Drama / Aventura
Direção: Werner Herzog
Duração: 126 min.
Ano: 2006


Werner Herzog, diretor instintivo e autêntico, ficou fascinado pela façanha vivida pelo piloto germano-americano Dieter Dengler, que integrou a marinha americana na incursão militar que viria a eclodir na Guerra do Vietnã. E não é para menos: o tenente Dengler é um personagem que, não soubéssemos ser real a história, pareceria haver saído da literatura mais fabulosa. Em uma missão que consistia num sobrevôo sobre o Laos, o avião de Dengler é atingido e cai. Na selva totalmente inóspita, o tenente é capturado e feito prisioneiro. Submetido a torturas dantescas e confinado numa espécie de cabana abjeta e primitiva, Dengler só tem uma certeza: ali não ficará por muito tempo. Incitando os outros prisioneiros a participar da fuga suicida que planeja, o tenente torna-se um líder. O mais extraordinário do filme, entretanto, é o caráter de Dangler, soberbamente interpretado por Christian Bale (célebre por sua atuação em filmes como O Operário, O Grande Truque e os dois últimos Batman). Dieter Dangler chega a assustar com seu otimismo inabalável e senso de humor a qualquer prova. Certamente era hipomaníaco, ou seja, extremamente autoconfiante, otimista e temerário. Nem as situações mais desesperadoras o fizeram perder o controle ou a certeza de que tudo sairia bem; nenhum risco a correr foi capaz de fazê-lo sentir medo ou hesitar. Um homem impressionante, um ator estupendo, um diretor delirante, um filme fantástico. Classificação: 14 anos.


INVASÃO DE DOMICÍLIO (Breaking and Entering, EUA/Inglaterra)
Gênero: Drama
Direção: Anthony Minghella
Duração: 120 min.
Ano: 2006


Will (Jude Law) é um próspero arquiteto que acaba de instalar seu escritório num bairro violento de Londres, onde intenta realizar um projeto de reestruturação. Logo na inauguração, o escritório é roubado, o que acontece novamente dias depois. Indignado com a situação, Will monta guarda nas redondezas e, ao presenciar alguém tentando invadir o local, o segue e descobre onde o ladrão mora. O delinqüente em questão é Miro, um refugiado bósnio que vive com sua mãe, Amira (Juliette Binoche), e pratica diversos delitos a mando de seus parentes bósnios que vivem no bairro. Na intenção de investigar o roubo, Will se aproxima de Amira fingindo-se de cliente da mesma, que é costureira. Mas o que era para ser apenas um encontro planejado acaba por sacudir a vida de Will, em crise no casamento com a tensa Liv (Robin Wright Penn, esposa de Sean Penn). Liv tem uma filha autista e deixou sua existência de lado para viver em função dela; Amira sofre de uma carência justificada pela saudade de seu povo, de sua crença, de seu país; Will é o típico narcisista e egocêntrico dos nossos tempos. Esses personagens e outros tantos irão construir este drama contemporâneo, que trata de questões que estão todos os dias aí, à nossa porta, na TV, nos jornais. Só faço uma ressalva para a mania de Minghella de sempre tentar amenizar as coisas, evitando o inevitável colapso das relações humanas. O desfecho soa inverossímil e débil, mas as atuações e o enredo até então fazem o filme merecer esta indicação. Classificação: 16 anos.


O PREÇO DA CORAGEM (A Mighty Heart, EUA/Inglaterra)
Gênero: Drama
Direção: Michael Winterbottom
Duração: 100 min.
Ano: 2007


Brad Pitt produz e Angelina Jolie atua neste drama com ares de documentário, que conta a triste história real de Mariane e Daniel Pearl. Casados e ambos jornalistas do Wall Street Journal, eles passam a viver no Paquistão para cobrir a situação no Oriente Médio pós-11 de setembro. Quando Mariane (Jolie) estava grávida de 5 meses, Daniel (Dan Futterman) sai para entrevistar um homem supostamente envolvido com ataques terroristas e não volta: é feito refém de jihadistas, que querem usá-lo como moeda de troca. O filme mostra, a partir do seqüestro, o esforço das autoridades paquistanesas para que o caso não termine em tragédia e, consequentemente, num incidente diplomático para o país; a interferência do consulado americano e do Wall Street Journal; os preconceitos arraigados que as inúmeras guerras na região validaram e, principalmente, a incrível força e equilíbrio de Mariane, apesar de todo o sofrimento. Sem dúvidas é a melhor atuação da carreira de Jolie, que está transformada fisicamente. Mais não posso comentar, pois há quem não saiba qual foi o final desta história. Mas, mesmo para quem se lembra, vale muito a pena assistir. Classificação: 12 anos.

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