segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o Brasil tem hoje 155,9 milhões de eleitores, os responsáveis por eleger neste ano prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em mais de 5,5 mil municípios. Pelo que se sabe, mais de 400 mil candidatos se registraram para o pleito de outubro próximo e travam agora uma disputa acirradíssima pelo voto, o que poderá lhes garantir (ou não) o sucesso nas urnas. Para tanto, existem as campanhas eleitorais, grosso modo, uma apresentação pública de candidatos e suas propostas.
Ah, os candidatos! As fotos e principalmente os nomes e números deles estão espalhados por aí. Nas ruas, em faixas e banners afixados nos locais permitidos, em carros que levam nos vidros e para-choques o apoio de seus condutores a alguém, e em mãos carregadas de material de propaganda a ser entregue aos passantes e aos que são visitados em casa. Sim, no ambiente doméstico e nos de trabalho onde o rádio, a tevê e a internet chegam, a exposição está garantida aos que se apresentaram como candidatos às Eleições Municipais 2024, ainda que seja apenas pelo registro de suas candidaturas.
Optando por observar despretensiosamente a movimentação eleitoral e atual voltada ao Legislativo, pela quantidade e diversidade de postulantes a esse Poder, teço sobre ela algumas breves considerações, a saber.
Os nomes com que certas pessoas se identificam costumam chamar bastante atenção, normalmente, muito mais do que seus próprios propósitos de campanha. Em BH, o candidato Márcio Rodrigues Cordeiro aparece como Zói Bad Boy o Retorno (PSD) e Alaíde Silva de Lima é, para os eleitores, Alaíde Obrigada de Nada (PSDB). Vanderson Pedro Souza, o Porkim da Limpeza (Podemos), chegou a ganhar de um apoiador a seguinte postagem: “Não vote em sujeira. Vote em Porkim da Limpeza”. E tem o André Putz Grilla (PSD), alcunha do vocalista da banda Putz Grilla, André Alvarenga Cyrino. Wenderson Marques Fiu Fiu (Agir) é o cidadão Wenderson Aurélio Marques, que é motorista. Nas horas vagas, participa das peladas do Fiu Fiu Futebol Clube. Em tempo: a onomatopeia “fiu-fiu”, termo polêmico por sua conotação de assédio sexual em espaço público, na norma culta tem hífen.
Em Resende Costa, a lista de pretendentes ao cargo de vereador conta com 49 nomes registrados. É compreensível o modo como cada um(a) se mostra ao eleitorado, aqui e em qualquer outra cidade do país, ou seja, facilitando a sua identificação para quem vota com informações que fazem sentido. Em Coló do Cajuru (PSD), há a combinação do apelido dele com a sua procedência geográfica. O nome associado à profissão da pessoa ajuda bastante – Edinamar Professora (PL) e Elias Cabeleireiro (PT) são exemplos disso. Arranjo parecido é usar o próprio nome comercial – Clébia Joias (Avante) — ou o acréscimo de um termo ligado à atividade profissional do(a) candidato(a), o que se vê em Lucas do Pastel (PL), por exemplo. Outro expediente comum é ser identificado pelo parentesco com A e/ou B também nominados. Entre outros casos, Ivany do Ivan Mãe do Yago (MDB), Léo do Natinho (PT) e Silvanda da Ilda (MDB). Bieka (Avante) é um apelido fortíssimo. Por que não usá-lo simplesmente? Ou como complemento ao nome? Assim: Eliane da Paixão Baratinha (PSD). E há ainda a alternativa pelos nomes civis, a maioria, ao que parece, sem a forma completa. Luara Ramona (PL), Cleiton (PSD) e Daniela Almeida (PT) são alguns deles.
Deve-se entender, no entanto, que concorrer a um cargo eletivo vai muito além da exposição de um nome para o Legislativo e Executivo, a situação presente. Isso é apenas a largada, o começo de um processo, ora em andamento, envolvendo campanhas eleitorais que estejam sendo realizadas com responsabilidade e que possam culminar com a chegada de mais uma eleição que faça valer pelo voto a vontade soberana do povo com a escolha dos seus eleitos.
Que neste histórico 2024, quando metade da população mundial (4 bilhões de indivíduos) vem comparecendo às urnas, o Brasil, acima de tudo, ganhe como resultado de mais um sufrágio eleitoral o fortalecimento do seu regime democrático.