Revitalização da praça Professora Rosa Soares Penido: homenagem aos Soares Penido
11 de Outubro de 2020, por Edésio Lara 0
Professora Rosa Soares Penido é o nome dado a uma das praças centrais de Resende Costa, que, há aproximadamente um mês, vem passando por reforma. Os canteiros originais foram retirados, assim como o velho piso ladrilhado. Sobraram somente as árvores. Nos arredores da praça Rosa Penido, encontram-se o centenário prédio que abriga a Escola Estadual Assis Resende e o histórico sobrado do Fórum Desembargador Mello Júnior, sede da Comarca de Resende Costa.
Professora Rosa Penido é também nome de condomínio localizado na Vila Guilherme, na cidade de São Paulo, capital. O condomínio, por sua vez, fica na rua Deputado Vicente Penido, nome dado em memória do filho da referida professora, nascida no povoado do Curralinho dos Paulas, zona rural de Resende Costa. Seu nome aparece também em uma das ruas da cidade de São José dos Campos/SP. As homenagens dadas a membros da família Penido não são poucas, devido ao sucesso como empresários de alguns dos filhos do casal Alfredo Inácio Nogueira Penido e Rosa Soares Penido, desde que se mudaram do Curralinho dos Paulas para a capital paulista, com destaque para Pelerson Sorares Penido e Vicente Soares Penido, nascidos em 1918 e 1930, respectivamente.
As lembranças de Rosa Penido restringem-se aos que a conheceram ou que mantiveram contato com a professora que empenhou sua carreira lecionando na escola municipal do referido povoado. No entanto, os feitos dos filhos do casal Penido em São Paulo contribuíram para que se fosse dada a ela a homenagem na praça localizada na região central de Resende Costa. Aliás, nome de praça com direito a uma herma, isto é, uma escultura de meio busto da professora Rosa.
Pelerson, ajudante de tropeiro, depois de concluir o ginásio mudou-se para São Paulo com o objetivo de continuar seus estudos. Na capital paulista, estudou topografia. Foi a partir de então que se tornou um dos empresários mais bem sucedidos no ramo da engenharia civil. O seu irmão Vicente, também empresário, trilhou o caminho da política, sendo eleito vereador em Aparecida/SP pelo partido da Aliança Renovadora Nacional (Arena) no ano de 1966, quando completou 36 anos de idade.
O sucesso alcançado pelos Soares Penido em São Paulo refletiu-se em muitas ações propostas pela prefeitura municipal, paróquia e hospital de Resende Costa. É sabido que eles responderam positivamente aos pleitos que lhes foram encaminhados por autoridades do município. A atenção dada aos resende-costenses ainda foi adiante. Muitos jovens que precisaram se mudar para buscar emprego em São Paulo bateram à porta da Serveng Civilsan, empresa do setor de engenharia e construção. Tomo como exemplo o ocorrido com José Carlos de Souza Vale, o conhecido Carlos da Santa. Carlos saiu de Resende Costa ao completar 18 anos de idade e com carteira de motorista na mão. Em São Paulo, trabalhou como motorista de ônibus urbano durante 6 anos até decidir procurar os Penido e mudar de emprego. Foi até a sede da empresa e, de lá, saiu empregado. Os Penido nunca negaram emprego aos seus conterrâneos de Resende Costa.
Carlos da Santa, certo dia, resolveu retornar para Resende Costa. Na cidade, envolveu-se com a política até ser eleito vereador. Na Câmara Municipal, foi vice-presidente durante o mandato do prefeito Ocacyr Alves de Andrade. Pois foi nesse período que os Penido foram acionados mais uma vez para ajudar a trazer para a cidade a Copasa e a construção da pista de asfalto que liga a cidade à MG383.
William Sebastião Penido Vale, neto de Alfredo e Rosa e então presidente da Copasa, autorizou a vinda da companhia de saneamento para o município de Resende Costa. Já seu tio Pelerson, acompanhado de uma comitiva de políticos da cidade, visitou o Governador Francelino Pereira a fim de convencê-lo a autorizar a construção da estrada que recebera pavimentação asfáltica. Quarenta anos atrás, as decisões desses senhores mudaram completamente a nossa Resende Costa.
Hoje, pode-se dizer que ao homenagear a professora Rosa Penido, imortalizando seu nome em uma importante praça do centro da cidade, de certa forma, prestaram-se honras a toda sua família.
Cruzeiro da Serra do Mané Chico parcialmente fechado para visitantes
13 de Setembro de 2020, por Edésio Lara 0

Cruzeiro situado no topo da Serra do Mané Chico (Foto Eudes Resende)
Muita gente, até mesmo moradores de Resende Costa, não conhece o lugar. Os que o conhecem sabem que, passando pela região do Catimbau, próximo ao povoado do Ribeirão de Santo Antônio, localiza-se a Serra do Mané Chico. Lá, no seu ponto mais alto, pertinho do céu, de onde se tem uma vista de 360 graus, privilegiada e livre, vislumbra-se claramente a bela Resende Costa ao longe. Neste lugar, os que moram por perto mandaram erguer um cruzeiro, nos moldes dos que temos nas entradas da cidade. E trataram de cercá-lo com uma forte e larga mureta de pedra. O antes pouco conhecido cruzeiro, devido à distância da sede do município e cujo local não é de fácil acesso, começou a chamar a atenção das pessoas. Desde então, visitas ao local se tornaram mais corriqueiras.
No ponto mais alto da serra, encontra-se cravada a cruz com duas escadas, uma placa com a sigla em latim INRI (tradução: Jesus Nazareno Rei dos Judeus) e um galo – símbolos da paixão e morte de Jesus. Há também a representação do lençol, que simboliza o tecido usado por José de Arimatéia e Nicodemos, depois de autorizados por Pilatos, para retirar e descer o corpo de Jesus Cristo da cruz, após sua morte por crucificação. Para compor o cenário da representação do Descendimento da Cruz, foram construídas também as 14 estações da via-sacra.
O lugar especial e muito bonito aos poucos começou a receber visitas de grupos de caminhadas, de ciclistas e de motociclistas, além de famílias inteiras que realizam passeio ecológico, pois, no local e em seus arredores, há trilhas, como a que passa pela Jabuticaba e termina na Terra do Feijão, por exemplo. Esses grupos de pessoas sempre cuidam, como fazem por onde passam, de deixar tudo como encontram. Não estragam e não sujam nada. Porém, há sempre quem atrapalha tudo. Uma minoria, inexpressiva em todos os aspectos, tratou de começar a depredar a Serra do Mané Chico, deixando no local restos de comida, plásticos, vidros, latas, entre outras coisas espalhadas pelo chão.
Esta coluna apurou que pelo menos um dos proprietários de terreno no entorno do cruzeiro não permitirá mais o acesso de pessoas ao local, devido às constantes depredações. A chateação, ante tanto desrespeito ao outro, à própria natureza e ao símbolo maior dos cristãos, levou um dos proprietários a tomar uma atitude radical: trancar a porteira de acesso ao topo da serra. Outro proprietário de terreno que compõe o complexo da serra, no entanto, optou por aguardar um pouco mais, não restringindo a circulação de pessoas. Para ele, nada de porteira fechada com cadeado, por enquanto.
A partir de agora, de um lado, visitas ao cruzeiro só serão permitidas para as missas, rezas e vias-sacras. Saímos todos perdendo para os mal-educados, lamentavelmente.
No entanto, podemos agir no sentido de reverter a situação. No momento em que trabalhamos para a completa revitalização da Fazenda das Éguas, a mais antiga do município e tombada pelo Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura, que fica pertinho dali, faz-se necessário que espaços como esses permaneçam abertos para podermos, junto aos turistas que nos visitam, desfrutar do nosso patrimônio, dando nossa contribuição para sua preservação.
Nomes de ruas e a memória perpetuada
16 de Agosto de 2020, por Edésio Lara 0

Avenida Ministro Gabriel Passos, em Resende Costa (Foto André Eustáquio)
Os resende-costenses, nos anos iniciais da década de 1960, vivenciaram dois acontecimentos importantes que movimentaram a cidade. O prefeito Adenor de Assis Coelho e o vigário Monsenhor Nelson Rodrigues Ferreira, dois líderes do município, envolveram todos os munícipes nas cerimônias de inauguração da rede elétrica da Cemig, em substituição a da Athur Azevedo, em 1962. Alguns dias após a inauguração dos serviços da Cemig na cidade, eu voltava de Belo Horizonte, junto com a minha mãe, no carro do Tio Resende (Antônio de Lara Resende). Viemos num Chevrolet preto, novinho. Lá do Alto do Jacarandá, já era noite, eu gritei: Olha, mãe, a luz da Azevedo parece uma lamparina perto da luz da Cemig. E parecia mesmo. Foi um momento rico, com a melhoria significativa dos serviços que mudaram completamente a vida de todos em Resende Costa a partir de então.
No ano seguinte, foi a vez de a cidade parar para acolher, com grande festa, a imagem de Nossa Senhora de Fátima e colocá-la na gruta localizada nas lajes de cima. A gruta foi construída pelo meu pai, o pedreiro Geraldo Melo. Na cidade todos o chamavam de Geraldo Corina. Quem se incumbiu de organizar a chegada da imagem foi Fernando Macedo, um parente da minha avó Nhazinha, Heloísa Macedo Lara. Foi uma das maiores festas que eu presenciei na cidade. Ela ocorreu no dia 17 de agosto de 1963, um sábado à noite, há 57 anos, com bênção realizada durante as Missões dos Padres Capuchinhos na cidade. O povo todo foi para a avenida Expedicionários para receber, em grande estilo, a imagem da Virgem de Fátima. Apesar da minha pouca idade e dos muitos anos passados, eu não vi apagar da memória as imagens que guardei desses dois momentos.
Naquela época, a principal avenida de acesso ao centro da cidade era a dos Expedicionários. A justa homenagem foi dada em memória aos soldados brasileiros que estiveram em batalha no norte da Itália a partir de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Depois de instalada a Cemig em Resende Costa, o nome da avenida mudou, passando a se chamar “Avenida Ministro Gabriel Passos”.
Gabriel de Resende Passos (Itapecerica-MG, 17/03/1901 – Rio de Janeiro, 19/06/1962) foi advogado, jornalista e político eleito quatro vezes deputado federal. Foi ainda secretário do Interior e de Justiça do Estado de Minas Gerais, Procurador-Geral da República, ministro de Minas e Energia e o responsável direto pela criação da Eletrobrás. O reconhecimento pelos seus trabalhos resultou que, em várias cidades, há avenidas, praças e escolas que levam seu nome. Para os Expedicionários, restou o nome do principal time de futebol da cidade, a rua onde moro e o campo de futebol.
Já a atual praça Nossa Senhora de Fátima, até o ano de 1963, não tinha nome. Era um espaço no qual os jovens da cidade jogavam vôlei. E, também, o lugar ideal para apreciar o ainda belo pôr do sol quando não existia a feiosa caixa d’água da Copasa. Com a chegada da imagem da Santa e a construção da gruta, deram-lhe o nome de “Praça Nossa Senhora de Fátima”. Desde então, o local tornou-se ponto de visita de muitas pessoas que ali param para uma breve oração e apreciação das belezas que a natureza nos oferece.
Resende Costa, segundo dados da Prefeitura Municipal, tem cadastradas 364 ruas e avenidas e 18 praças. Os logradouros do distrito de Jacarandira fazem parte desse total. Também integram esse número as ruas e espaços públicos, ainda sem nomes, dos novos loteamentos que já foram construídos na cidade. Oportunamente, a Câmara Municipal deverá aprovar nomes de políticos, de religiosos, professores, artistas, santos e santas para esses logradouros. A intenção é a de que os agraciados não caiam no esquecimento, que seus atos permaneçam vivos na memória do povo. Afinal, em se tratando de pessoa, principalmente o nome de rua tem um significado simbólico enorme: significa que há um consenso social de que a pessoa agraciada deve ser homenageada e sua memória perpetuada.
Enquanto isso, a Avenida Ministro Gabriel Passos, que passou por obras de revitalização, está linda. Dá gosto vê-la como está. Porém, a Gruta de Nossa Senhora de Fátima, lugar de oração para muitos fiéis, espera por obras simples: limpeza geral, pintura, iluminação adequada e recuperação da fonte luminosa que está sem funcionar há décadas.
Homenagens para manter viva a memória
12 de Julho de 2020, por Edésio Lara 0
As imagens de George Floyd, 46, um afro-americano sendo estrangulado por um policial de cor branca, correram o mundo. Mesmo ele estando algemado e completamente dominado, pedindo para que o deixassem respirar, a equipe de policiais não atendeu ao seu pedido. Nove minutos depois, ele veio a óbito, expirou. Desde o último dia 27 de maio, a cena violenta e cruel causou revolta em vários países, inclusive no Brasil. Seguiram-se ao fato dias de manifestações violentas, notadamente nos EUA, e a destruição de estátuas, monumentos que homenageiam personalidades reconhecidas como colonialistas e escravagistas.
Movimentos há, como um do estado paulista, de projeto de lei apresentado pela deputada Erica Malunguinho (Psol), que visa à retirada de monumentos que aludem ao passado escravista brasileiro. Esses movimentos não são novos. Em 2013, indígenas protestaram contra homenagens dirigidas a bandeirantes, como o Monumento às Bandeiras, na cidade de São Paulo, capital. Pensam, muitos, que tais monumentos devam ser colocados em museus. No entanto, a simples eliminação dessas obras de arte não apaga o que ocorreu no passado.
Ao circular por vias públicas das nossas cidades, é comum nos depararmos com monumentos sem, às vezes, lhes dedicarmos atenção. São despercebidos, senão, completamente ignorados por nós. Mas as homenagens, além de estátuas, estão em músicas, pinturas, fotografias, nomes de edifícios ou de ruas, avenidas e praças. E não há povoado, vila ou cidade, por menores que sejam, que não possuam espaços com nomes de pessoas que se destacaram por serviços prestados à comunidade. De certa forma, suas realizações sobressaíram e após suas mortes é comum que, por meio de homenagens, seus nomes e feitos sejam realçados de modo a permanecerem como exemplos a serem seguidos pelas gerações futuras.
Em Resende Costa, recentemente, alguns espaços ganharam nomes de pessoas falecidas há pouco tempo. Ao novo salão de eventos da Escola Municipal Conjurados Resende Costa foi dado o nome da professora Sônia Reis. O Parque do Campo, após a grande revitalização pelo qual passou em 2019, ficou como nome do ex-prefeito Gilberto José Pinto.
No mês passado, em trabalho realizado junto ao Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura de Resende Costa, precisei ir até a Rua Doutor José de Alencar Teixeira. Perguntei para um comerciante, depois para um taxista, onde ela se localiza. Eles, mesmo morando próximo, não sabiam. Não vi nenhum carteiro por perto e nem consultei o googlemaps; foi um motoboy que me apontou sua localização: nas Lajes de Baixo. Fui até ela e procurei por uma placa com o nome da rua Dr. Teixeira e não vi nenhuma. Ela está assim, como tantas outras, esquecida; para quem a procura, uma rua sem nome.
Quem foi o Dr. Teixeira? Os mais jovens certamente já podem ter ouvido falar do único médico que tínhamos na cidade até o fim da década de 1960. Ele que, além da Santa Casa, recebia os pacientes no consultório contíguo à sua residência na atual Av. Monsenhor Nelson, entre as casas dos senhores Aldemar Aarão e Luizinho Chaves. Quando o procurávamos para um atendimento, éramos recebidos com a clássica pergunta: O quê que ocê tem? Eu ainda me lembro do dia em que meu pai chegou em casa, vindo de São João del-Rei, dizendo da tristeza que teve ao vê-lo internado na Santa Casa em estado terminal. Logo ele, que cuidou da saúde e salvou a vida de várias pessoas, demandava a atenção da equipe médica que se esforçava para tentar salvar-lhe a vida.
Temos na cidade logradouros que recebem nomes de santos, políticos, artistas e professores, principalmente. Mas, em se tratando de nomes próprios, vários estão na lista daqueles sobre os quais nada sabemos. Com o passar do tempo, sem que haja um registro nos órgãos públicos ou mesmo um breve histórico afixado ao lado de seus nomes, ninguém saberá dizer quem foram e o porquê desses nomes colocados por aí.
George Floyd, enterrado no dia 9 de junho passado, terá sua imagem afixada em nossa memória como sinal de repúdio ao racismo e à violência policial, da forma como também ocorrem no Brasil. Resta-nos manter na memória, também em nossas cidades, o histórico de boas ações que nos foram deixadas pelos nossos antepassados.
Resende Costa e a educação escolar em tempos de pandemia
14 de Junho de 2020, por Edésio Lara 0
Resende Costa, com população estimada em 11.569 habitantes, apurada pelo último censo de 2017, tem 1.959 alunos matriculados nas suas escolas públicas: 751 são da Escola Estadual Assis Resende e 1.208 de todas as unidades escolares mantidas pelo município. Há também o Centro Educacional Mundo Mágico, uma escola particular que atende 24 crianças com idades até 5 anos e onde trabalham três professoras.
Se somarmos o número de alunos ao de servidores, sendo 130 do município e 76 funcionários do estado, teremos o total de 206 servidores. Acrescentando a esse número o total de alunos matriculados nas escolas públicas, atingiremos 2.165. Se acrescentarmos ainda aqui o número aproximado de 250 alunos que vão todos os dias a São João del-Rei para frequentar pré-vestibulares, cursos técnicos ou de graduação oferecidos pela UFSJ e pelo Uniptan, teremos 2.442 pessoas, isto é, 21,10%, um quinto da população da cidade. Não podemos deixar de lembrar que há outra parcela da sociedade que está indiretamente envolvida com os estudantes: familiares, pajens, empregadas domésticas e demais prestadores de serviços, que também aguardam a retomada das aulas presenciais. Se há, portanto, um quinto da população jovem na escola, há, pelo menos, outro quinto envolvido no processo. E isso é quase a metade dos habitantes do município, sem que tenhamos considerado aqueles que frequentam escolas de línguas, artes ou outros cursos.
Os números apresentados aqui nos instigam a pensar como se dará o retorno às aulas presenciais e quando isso ocorrerá em meio à pandemia do novo coronavírus. Para saber mais sobre como os educadores estão agindo e se preparando para a retomada dos trabalhos, conversei com dois deles: Antônio Alan Melo Silva (Física/UFJF e Matemática/Claretianos) e Roseni Maria Fernandes, (Letras/UFSJ). Alan dá aulas na E. M. Paula Assis, localizada no Ribeirão de Santo Antônio, zona rural de Resende Costa, e na E. E. Padre Crispiniano, em Ritápolis. Ambos estão apreensivos sim, mas não desesperançados. Para Alan, “um retorno presencial, nesse momento, seria muito prematuro em relação ao combate à Covid-19. Fazendo um exercício imaginativo e pensando em uma escola com todos os seus alunos e funcionários em contato diário, seria impossível conter uma pandemia.” Roseni, diretora do Assis Resende, diz que “nesse momento de tanta ansiedade e insegurança causadas por essa pandemia, pensar na volta às aulas presenciais é impossível. A saída encontrada foi o regime de aulas não presenciais.”
A oferta de aulas não presenciais (Ensino a Distância EaD) tem sido a solução para algumas escolas, mas não para todas. Faltam equipamentos e treinamento para os professores atuarem. Alan avalia o EaD “como uma modalidade inadequada para crianças e adolescentes, se for adotado como fonte única. O ensino a distância necessita de uma estrutura bastante complexa para ser eficiente.” Roseni entende que “este sistema não é o ideal”. Ela acredita que “nada substitui a presença do professor em sala de aula e o ambiente escolar dá maior garantia para que todos os alunos tenham acesso de forma igualitária ao conhecimento formal. O ensino a distância exige maior participação das famílias nesse processo e algumas delas não têm condições de fazer isso.”
É necessário dizer que os professores não estão de férias. Eles têm trabalhado em casa, participado de reuniões virtuais com os colegas e produzido material a ser disponibilizado para os alunos. Tudo deverá ser aprimorado de forma a tornar o EaD mais presente em nossas vidas. Com profissionais habilitados e estrutura eficiente, vai ser possível garantir “uma plataforma virtual de estudos que possibilite aos alunos acesso a material de pesquisa e atividades interativas, dentre outras características, e acesso igualitário a todos, sem exceção”, afirmou Alan.
Enfim, não há dúvida de que, sem educação de qualidade e o vai e vem dos alunos, nossa cidade perde muito da sua vida, da sua alegria. Também não há dúvida de que essa alegria se dará, em sua plenitude, quando todos pudermos dizer dos males causados pela Covid-19 como coisa do passado e que soubemos aprender muito com ela.