Chegando nesta quarta-feira (8 de janeiro) ao Panteão Nacional, na igreja de Santa Engrácia, os restos mortais do grande escritor, não resisto a recordar a sua profunda e demorada relação com a minha querida terra de Resende.
Nascido em Póvoa de Varzim, em 25 de Novembro de 1845, o escritor casou em 10 de Fevereiro de 1886, na Capela do Palácio de Santo Ovídio, no Porto, com uma senhora de Resende, D. Emília de Castro, filha do 4.º Conde de Resende, senhores da Casa e da Quinta do Paço, na atual Vila de Resende. Assim, não sendo o escritor resendense por naturalidade, era-o por afinidade.
O facto explica que o escritor tenha passado muito do seu tempo livre em terras de Resende e explica também que o seu primeiro romance - O CRIME DO PADRE AMARO - tenha tido como primeiro lugar de referência a nossa pequena, isolada, montanhosa, fria, mas muito bela freguesia de Feirão.
O escritor, entusiasmado com a beleza e a história de Resende, dedicou mais dois dos seus mais famosos romances a lugares do nosso concelho: OS MAIAS e A ILUSTRE CASA DE RAMIRES.
Nos seus romances, são evidenciados lugares como S. Cipriano, o Mosteiro de Cárquere e a nomeada Quinta do Paço de Resende, esta última nomeada como QUINTA DE SANTA OLÁVIA na obra OS MAIAS.
Em Santa Cruz do Douro, estava a casa da sua esposa e era aí o seu maior paradeiro, em tempos de férias. E foi aí que ele escolheu cenários para a sua obra A CIDADE E AS SERRAS.
Resende, porém, teve tão grande peso no seu imaginário que lhe deu cenários para os três famosos romances já acima nomeados. Um deles - OS MAIAS - estudado nas escolas secundárias do país e nas nossas universidades.
Resende está-lhe muito grata e sente-se muito feliz com a justa homenagem nacional que hoje o país lhe presta.
*Joaquim Correa Duarte, padre e historiador. Autor do livro CONFERÊNCIAS OCASIONAIS, em cujas páginas 7 a 34 está publicada uma Conferência sobre os 150 anos do nascimento do escritor, proferida no Salão Nobre da Escola Secundária de Resende, em 26 de Março de 1996.