Geralda Barros, ex-aluna do Assis Resende: suas vivências na escola e na cidade
18 de Junho de 2019, por Edésio Lara 0

Dona Geralda Barros de Magalhães, ex-aluna da Escola Estadual Assis Resende
Ela está com 89 anos de idade, chega aos 90 ainda neste ano. Há exatos 82 anos atrás, ingressou na Escola Estadual Assis Resende para cursar os quatro anos do “grupo”. Naquela época, 1937, então com 7 anos de idade, Geralda iniciou os estudos para concluí-los em 1940. Encerrada essa primeira etapa, que para muitos foi única, ela não teve como dar continuidade à sua formação; o “ginásio”, segundo estágio de estudos para os pré-adolescentes, ainda não era oferecido na cidade.
Geralda Barros de Magalhães, nascida em 29 de setembro de 1929, é viúva do José Antônio de Resende, o Zé do Tonho, lá do povoado do Curralinho. Ele, cinco anos mais velho que ela, teve em Resende Costa um mandato de vereador. Ao longo da vida, trabalhou como boiadeiro, enquanto ela se dedicou ao lar. O marido faleceu em 2004, depois de uma vida de 58 anos de casado com dona Geralda. Segundo ela – mãe de 17 filhos, sendo 11 homens e 6 mulheres, e, atualmente, com 42 netos e 34 bisnetos –, “antigamente quando as mulheres tomavam remédio para evitar filho, o padre nem dava comunhão.” Ela deu à luz todos os seus filhos de parto normal, no Sítio Gordurinha, que ainda pertence à família. O primeiro deles completa 72 anos neste ano.
A pequena Geralda, aos 6 anos de idade, foi morar com sua avó, dona Dolfina, para ajudar a tomar conta dela, que havia ficado viúva. Acompanhando sua avó, que era funcionária da escola, começou a frequentar as aulas como ouvinte, já que somente poderia ser matriculada quando completasse os 7 anos.
Desde pequena gostava de seguir a mãe em novenas. “Era quando tirava o terço” e deixava todo mundo admirado com a sua desenvoltura nas sedes das fazendas onde iam rezar. Ela revelou que, naquele tempo, “as meninas usavam uniforme de saia pregueada e, na blusa, todas tinham, além do título do educandário, uma listinha que sinalizava estarem na primeira série. A cada ano iam sendo acrescentadas outras listas até atingir a quarta e última.” Quando lhe perguntei sobre o lanche (merenda), ela me disse que “levava de casa. Apesar de ser de família pobre, a merenda só era fornecida aos muito, muito pobrezinhos. E tinha gente que ajudava. O Zé Padeiro, por exemplo, era um que contribuía fornecendo pães e bananas para serem oferecidas a esses mais necessitados.”
Sobre sua passagem pelo Assis Resende ela revelou: “Nunca fui levada (travessa, rebelde) na escola. Só uma vez fiquei de castigo. Antigamente era assim: éramos muitos alunos e eu estava no quarto ano. Então, a gente começava a fazer leitura. A professora pedia e cada um lia um trecho de um texto. Ela falava o nome da gente para continuar a leitura. Certo dia, como eu estava conversando, eu não soube onde é que eu iria romper. Ela me colocou de castigo, em pé. Minha avó entrou na sala – ela trabalhava lá, era faxineira – bateu palma e mandou que me dessem uma vaia. Eu fiquei com vergonha e nunca mais aconteceu nada.” Para ela, “a escola era muito boa, a gente decorava as coisas, tinha teatro.”
Assim que concluiu os quatro anos de grupo, Geralda começou a se dedicar ao ensino para crianças que moravam na roça. Por isso, aceitou o convite para dar aulas na sede da fazenda do Antônio Américo. As crianças que moravam próximo iam ter aulas com a garota na sede da fazenda. Formavam, assim, uma turma para estudar quatro horas diárias. Os serviços da jovem professora, pagos pelas famílias dos estudantes, duraram dois anos. Foi lá que ela se enamorou do José Antônio, filho do Antônio Américo. Ao se casar com apenas 16 anos de idade, foi levada a abandonar a atividade de professora que havia iniciado.
Atualmente, morando no Bairro Bela Vista, dona Geralda Barros de Magalhães, apesar de uma pequena dificuldade de locomoção, é alegre, diverte-se com palavras cruzadas, caça-palavras e adora tomar sol pela manhã, assentada ao lado da janela que dá vista para a rua. Outra das suas alegrias é ver a casa cheia de filhos, netos e bisnetos em fins de semana e em época de festas.
Escola Assis Resende: uma herança familiar
14 de Maio de 2019, por Edésio Lara 0

A aluna Mirtes Coelho (Foto arquivo particular)
Dona Matilde, dona Vivi, dona Ondina e dona Helena, todas elas deram aulas para a dona Mirtes Coelho de Lima, 94 anos, que nasceu em primeiro de março de 1925, seis anos após a fundação do então Grupo Escolar Assis Resende. Foi para a escola primária quando completou sete anos de idade, para ser aluna das primeiras professoras nomeadas pelo professor e primeiro diretor do educandário, José Augusto de Rezende. Em 19 de janeiro de 1932, dona Mirtes recebeu a carteira e, no dia seguinte, foi matriculada no primeiro anno do curso na classe da professora Helena Baia da Fonseca. Ao registrar a filiação, a caderneta escolar impressa não tinha espaço para o lançamento do nome da mãe. Nela consta nacionalidade, naturalidade – Resende Costa –, filiação: Francisco Coelho e profissão do pae: lavrador. Quem assinou a carteirinha de aluna foi a diretora Ana Rocha. Não havia uma linha, um espaço para que o nome da mãe também fosse anotado. Uma pena.
A escola Assis Resende teve, ao ser criada, três homens à frente do seu comando: um diretor, um inspetor escolar e um sacerdote que, mesmo não pertencendo ao grupo de educadores, estava sempre por perto, presente em tudo. É preciso registrar que, na virada do século XIX para o XX, homens de importância nas vilas e cidades, além de outros afazeres, costumavam atuar como “professores das primeiras letras” até a fundação de escolas públicas. Desde então, como é o caso da nossa Assis Resende, na segunda década do século XX, a função passou a ser cumprida pelas mulheres.
O esposo de dona Mirtes, João de Sousa Lima, por sua vez, foi alunno da Escola pública rural e mista de Conceição de Curralinho (atual Curralinho dos Paulas), município de Resende Costa. Datada de 3 de janeiro de 1926, nela está escrito: Anno do curso: 1º - professora Rosa Soares Penido. Não nos custa chamar a atenção aqui para dois detalhes: escola rural e mista e a professora, que hoje tem seu nome perpetuado na praça onde se localiza a Escola Estadual Assis Resende, na sede do município. Fato curioso é que, apesar de mista também, na minha época – década de 1960 – no Assis Resende, o nosso recreio (período de descanso, brincadeiras e merenda) era dividido. Os meninos ficavam do lado esquerdo e as meninas à direita, para quem está de frente para o prédio da escola.
Dona Mirtes, irmã de dona Marizica (Maria Auxiliadora Coelho Reis), também professora e mãe do nosso pároco Fábio Rômulo Reis, se recorda das professoras que teve e com admiração e respeito por elas, antes de dizer: “Eu tomei bomba duas vezes no primeiro ano, nada entrava na minha cabeça. Eu aprendi pouco. Eu achava muito difícil, tive muita dificuldade. Fazia muitas cópias, pois não tinha professores fora (particulares) para ajudar. Diferente de hoje, a gente cantava, rezava todo dia. Era tudo muito bom e eu gostava de desenhar e até tinha nota boa.”
Ao citar nomes de muitos colegas, disse com gosto de “Maria José Severino, uma pretinha, era inteligente que só vendo. Na matemática, então, só vendo.” Para brincar na escola, o que mais gostava era de roda. Brincar de roda (dançar de mãos dadas e em círculo) e cantar eram das diversões que mais admirava, além de fazer tricô, que aprendeu com dona Odete.
Sentada ao seu lado, a neta de dona Mirtes, Geovanna Cristina Lima Gonçalves, 11 anos, aluna da 6ª série, se lembra de ouvir a avó dizer que, no passado, diferente de agora, os alunos ficavam menos tempo na escola. A garota, muito ativa, revelou que “a escola é uma maravilha e que tem oito professores. Eles são muito educados e, quando têm de chamar atenção, não ficam enrolando.” Segundo ela, as matérias com as quais tem mais facilidade e gosto são Ciências, em primeiro lugar, e depois, Língua Portuguesa e Artes. A maior dificuldade: História. O que mais a incomoda está relacionado à infraestrutura: cadeiras quebradas ou a falta delas.
Então, eu perguntei à Geovanna: “Se você fosse a diretora da escola, o que faria de imediato?” Ela respondeu: “Ah, eu colocaria mais aulas, aulas de dança, por exemplo, porque eu gosto muito de dançar.”
Maria Auxiliadora Coelho Reis, filha de dona Mirtes e mãe da Geovanna, falou das emoções que cercam seu trabalho de cantineira na escola, onde sua avó Dulce Lara e sua tia Marizica atuaram como professoras, sua mãe estudou, uma filha se formou no ensino médio e onde atualmente estuda sua filha caçula Geovana. A Escola Estadual Assis Resende, que completará 100 anos em julho, conta em todas essas décadas com a presença de membros da família Coelho de Lima. “O Assis Resende faz parte da minha vida, está na raiz mesmo!”, disse Maria Auxiliadora.
A história de vida dessa família não é similar à de tantas outras da nossa cidade?
100 ANOS da Escola Estadual Assis Resende
16 de Abril de 2019, por Edésio Lara 0

Primeira turma de formandos do Grupo Escolar Assis Resende em 1920
Neste ano, nossa Escola Estadual Assis Resende, localizada na Praça Rosa Penido, completa 100 anos de fundação. Apesar de o decreto que criou o Grupo Escolar ser de 1912, mesmo ano de emancipação do município, o prédio só foi inaugurado em 21 de julho de 1919. Foram necessários sete anos para que o edifício ficasse pronto, pois faltaram os recursos necessários para sua construção. Agora é hora de festejar. É hora de recuperar, através de imagens, depoimentos, dados estatísticos e documentos diversos, fatos ocorridos no âmbito dessa escola que abrigou e alfabetizou quase todos os resende-costenses ao longo de um século. Eu sou um deles. Nela cursei os quatro primeiros anos de grupo (assim chamávamos os quatro anos iniciais do atual Ensino Fundamental) e o ginásio. Não posso me esquecer de que, para cursar o ginásio, frequentei um ano de admissão, curso preparatório oferecido pelo saudoso professor Geraldo Sebastião Chaves, na parte de baixo do sobrado do Osório Chaves, nos Quatro Cantos – prédio que foi demolido e, no local, anos depois, foi construído o Supermercado Sobrado.
Daqueles anos iniciais, deparei-me com uma fotografia que está no salão da escola. Uma fotografia linda, de 1920, registra o corpo docente de cinco professoras e grupo alunos constituído de cinco meninas e cinco meninos, além de um padre, o diretor da escola e o inspetor de ensino. Quem me fez voltar o olhar para esta foto foi a professora de apoio Regina Aparecida de Sousa. Atrás do quadro, que contém a foto de16,5 x 12,0 centímetros e sem identificação do fotógrafo, está escrito: 1ª turma de formandos. Em pé, no sentido horário estão: Padre Ovídio, D. Adelaide Vale, Flordelice da Silva, José Augusto Rezende, D. Matilde Rios, D. Maria José Rodrigues, D. Dulce Lara e Coronel João de Souza Maia.
Assentados, também no sentido horário: Francisca (Quiquita), filha do Joaquim de Melo; Alzira Lourdes; Elvira (Vivi) Gomes, Aurélio Coelho, José Jacinto (Zizi Lara); Antônio Procópio (alfaiate); José Macedo (Juquita) e Francisco (Chico da Florença).
Dona Eunice de Sousa Gomes, ex-professora e ex-diretora da escola, me disse que padre Ovídio, de família da cidade, foi o primeiro sacerdote nascido em Resende Costa a deixar a batina. Outro homem é o professor José Augusto de Rezende. Ele deu posse às primeiras professoras Matilde Rios, Maria José Rodrigues e Ambrosina Pellucio. Na ata de posse das três professoras, o diretor registrou: “Villa Rezende Costa, 4 de julho de 1919. O diretor do grupo, José Augusto de Rezende”. E na ponta dos que estão em pé, o Coronel João de Sousa Maia, que veio a ser o inspetor escolar.
Enquanto os rapazes brancos calçavam borzeguins, Chico da Florença, de cor negra, apresentou-se para o fotógrafo com os pés descalços. Andar descalço era comum, mas vestir-se bem e usar sapatos para uma fotografia, não. A falta dos calçados nos pés do menino é registro claro das dificuldades financeiras, da falta de recursos da família para lhe comprar os calçados para aquele momento festivo.
A postura, no entanto, e roupa também eram as mesmas dos demais colegas e muito bem acabada. Parecia sinalizar o futuro que aguardava o pobre menino de tornar-se alfaiate. Ele cresceu, constituiu família ao se casar com Dona Nilza para ter quatro filhos: Veneranda, Justiniano, Lalica e Iêda. Segundo Agenor Gomes Neto, que conheceu bem o Chico da Florença, ele era muito inteligente e tinha uma letra (caligrafia) inigualável, muito bonita. Por esse motivo, o Chico sempre esteve no cartório de registro civil de seu pai, auxiliando-o na escrita dos livros de registro. Na idade adulta, tornou-se Juiz de Paz em Resende Costa.
Conversando com os amigos Lico (filho do senhor Ananias) e com o Iraci (filho do Ivan Barbosa), eles, que conheceram bem o Chico da Florença, me contaram casos sobre a vida desse homem simples e bem humorado. Chico da Florença gostava de acordar mais tarde, trabalhar com “aquela calma” que lhe era peculiar e de bater uma boa prosa com os amigos no meio da tarde. Adorava ler e frequentar o fórum da cidade, lugar em que podia manter contato com muitos conhecidos. Tornou-se alfaiate e, com aquela calma citada acima, os seus fregueses tinham que fazer suas encomendas com muita antecedência. Quem passava pela Rua José Jacinto 121 – a que liga a Matriz ao cemitério da cidade – podia vê-lo perto da janela cortando panos e costurando os muitos ternos que tinha de entregar, principalmente antes da Semana Santa.
Ao longo do ano, pretendo, nesta coluna, me dedicar a fatos e pessoas que estudaram nessa prestigiosa escola de nossa cidade.
ZAIA, a última lavadeira?
12 de Marco de 2019, por Edésio Lara 0
Costureiras, cozinheiras, parteiras, faxineiras, passadeiras de roupas, diaristas, babás, empregadas domésticas, bordadeiras, professoras primárias, principalmente, são algumas profissões nitidamente assumidas por mulheres. Muitas delas, bastante antigas, continuam existindo; outras vão sendo extintas, como é o caso das lavadeiras. As máquinas de lavar roupas acionadas por motor elétrico, inventadas no início do século XX, vieram para facilitar o trabalho das mulheres e pôr fim ao árduo trabalho manual de lavar roupas.
Aquelas cenas de mulheres sentadas à beira do rio, colocando peças brancas para quarar sobre pedras, ou dependuradas no varal, vão ficando para trás. Lavar roupas sobre lajes e usar produtos como anil e sabão em pedra também são práticas que vão sendo esquecidas. Há no mercado produtos que prometem resolver problemas de sujeira e tirar manchas que antes demandavam paciência e esforço fisco das lavadeiras para deixar tudo limpinho.
Tal como ocorreu com os sapateiros e alfaiates, que viram suas atividades sendo substituídas pelas indústrias de calçados e confecções, a de lavadeiras é uma profissão a ser extinta. É comum vermos mulheres andando pela cidade com trouxas de roupas na cabeça para buscar e entregar aos seus fregueses? Não, não é mais comum. Aqui em Resende Costa, só conheço uma que ainda presta seus serviços de lavadeira. Ela busca as roupas sujas na casa dos outros para devolvê-las lavadas, passadas e dobradas, prontas para serem colocadas nos guarda-roupas: a Zaia. Eu ainda era menino e ela ajudava a lavar a roupa da nossa casa. Assim, tornou-se amiga de minha mãe, uma pessoa de casa para nós. Atualmente, há aquelas famílias que, mesmo com maquinário moderno de lavar roupas, não dispensam os trabalhos da Zaia ou da Carmelita, outra lavadeira, que mora no bairro do Tijuco.
Maria do Rosário de Souza (64), apelidada de Zaia da Vovó, começou a trabalhar como lavadeira na década de 1960, ao completar 10 anos de idade. Segundo ela,“para ajudar os pais a sustentar os oito filhos do casal.” O trabalho era todo feito na Fonte da Mina, até a água encanada começar a ser servida com regularidade na cidade. Ela, que com seu passo lento, ligeiro sorriso e discrição que lhe é peculiar, atravessou décadas indo de um lado para o outro da cidade com as roupas de cama, banho e vestuário, não deixa transparecer o cansaço resultante da labuta diária que a lavação de roupas causa. Zaia me disse que divide os trabalhos com sua irmã Maria José de Souza (74) e gosta do que faz. Não se sente cansada. “Enquanto tiver saúde, a gente vai levando. É bom para a cabeça”, completou.
Zaia nasceu poucos anos antes de década de 1960, que ficou marcada pelo movimento feminista, o qual tinha como bandeira direitos que estavam para serem alcançados, tais como: direito à educação, ao divórcio, à vida política, ingresso ao mercado de trabalho com tratamento equânime àquele dado aos homens. Naquele momento, as mulheres tiveram acesso à pílula anticoncepcional, que refletiu positivamente no seu comportamento sexual.
Pouco tempo depois,a Organização das Nações Unidas (ONU) designou o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher, com o dia 8 de março para celebrar seu dia. Nos anos que se seguiram ao de 1980, governos perceberam que havia chegado o momento de assumir a responsabilidade de garantir às mulheres direitos conquistados ao longo do tempo, através de instituições governamentais que criaram. Tudo isso se deveu ao fato de as mulheres, desde meados do século XIX, terem iniciado movimentos de luta por melhores condições de trabalho e de vida.
A Zaia conviveu com todas essas mudanças sem, no entanto, deixar de desempenhar a função que assumiu para a sua vida: a de lavadeira. É possível que, quando chegar o momento de parar de exercer esse seu ofício, não haja mais quem a substitua na cidade. Dificilmente surgirão novas lavadeiras de roupas em Resende Costa.
Este texto, portanto, no mês em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, eu o redigi para homenagear tantas Zaias que existem por aí. São trabalhadoras que, através de suas atividades, desempenham papel social relevante sem, muitas vezes, ter o merecido reconhecimento pelo que realizam.
VIOLÊNCIA contra animais
12 de Fevereiro de 2019, por Edésio Lara 0
Um vídeo que circula pelas redes sociais, WhatsApp principalmente, é de dar nojo, de deixar qualquer um revoltado. Nele, um homem assentado em um bar se levanta e, gratuitamente, vai até um cachorrinho e lhe aplica algumas facadas. O indefeso animal não morreu na hora. Ficou se contorcendo de dor enquanto o covarde voltou para o lugar em que estava, pouco se importando com o sofrimento do pequeno cão. O sujeito foi identificado e posteriormente assassinado, com várias facadas, segundo informações da mesma rede social. Essa situação me pôs a pensar sobre maus tratos contra animais, principalmente aos cães. Seu abandono é um deles.
Sejam eles de raça ou não, são companheiros dos humanos. Não distinguem cor, raça ou classe social à qual pertence seu dono (pai humano). Fiéis e inseparáveis, podem ser ao mesmo tempo dóceis, ou extremamente violentos. Pitbul, hottwailer, dobermann, dogue canário, malamute-do-alasca, chow-chow, dogue alemão, são-bernardo, husky siberiano, pastor-alemão, formam uma lista de cães com características diversas que vão da fidelidade para com seus pais humanos à ferocidade quando têm seu espaço invadido por estranhos. Por outro lado, há os dóceis, fáceis de serem domados e verdadeiros companheiros para quem os tem: labrador, pug, poodle, beagle, maltês, shitzu e o bulldog inglês, entre outros.
Em Resende Costa, temos histórias envolvendo os cães e seus donos. Muitos ainda guardam na memória o Leão, um cachorro feroz da família do senhor Barbozinha, o farmacêutico. Tínhamos medo de passar pelo “Beco do Barbozinha” devido à brabeza demonstrada no latido retumbante do animal. Ele era uma fera e a família, corretamente, o mantinha sempre no quintal da casa. Sabiam que não era prudente deixá-lo solto. Por outro lado, contracenando com o Leão, havia o simpático e amigável Tanque. Esse cão, da família do Duque e da dona Hercília (dona Ciloca), circulava alegremente pela cidade com o seu dono. Sua mansidão o fazia a alegria das crianças e dos adultos, que não deixavam de acariciar e brincar com o simpático e dócil animal.
O exemplo de famílias que cuidam bem dos seus animais não é tão comum. Há aqueles que judiam dos indefesos cães. Não lhes fornecem a atenção e os cuidados mínimos de alimentação e higiene, por exemplo. Às vezes estão presos a correntes, mas completamente abandonados. Quando se tornam um incômodo, são deixados soltos, isto é, abandonados nas ruas da cidade. O exemplo disso é a quantidade desses animais que andam por aí, atacando os motociclistas, latindo e correndo atrás de automóveis. E quando surge uma cadela no cio, a coisa fica feia. A disputa pela fêmea causa brigas terríveis entre os machos que assustam as pessoas que estão por perto e fazem uma barulheira danada durante dias.
Tempos atrás, e isso é sabido por todos, havia quem matava esses animais dando-lhes, na calada da noite, comida com veneno. Bastava oferecer aos famintos e indefesos animais almôndegas envenenadas para se ter no dia seguinte vários deles mortos e espalhados pela cidade. Ao que parece, essa prática ficou para trás, faz parte de um passado que não deve ser revivido. Por outro lado, o que fazer com os que andam soltos e vivem na rua às vezes doentes e famintos?
Cães-guia, pata-therapeutas, farejadores, de assistência emocional, de guarda e de caça, cada vez mais nós precisamos deles. Ora, por qual motivo maltratá-los? Aqui em nossa cidade, há exemplos de pessoas que isoladamente ou em grupos cuidam da assistência a cães abandonados e doentes. Lembrando que maus tratos a animais são atos repugnantes; temos leis que tratam do assunto no Brasil, sugiro a leitura do primeiro Decreto 24.645 de 1934 e dos seguintes.
Por fim, vai a sugestão para os que têm cães e gostam de dar um passeio com os mesmos pela cidade: levem um saquinho plástico para recolher as fezes dos cachorros. Sabemos que esse procedimento já é utilizado por alguns indivíduos. Assim a cidade fica mais limpa e a convivência entre pessoas mais tranquila. Não é legal andar por aí e deparar com a sujeira deixada pelos cachorros nas ruas da cidade. Esse costume de recolher as fezes dos animais e se desfazer das mesmas em local apropriado já é comum em muitas cidades do Brasil. Resende Costa precisa copiar essa ideia.