Em meio a uma exposição de obras de arte, feira gastronômica e artesanato, a música sacra também encantou e emocionou o público que visitou o 5º Salão Mineiro do Turismo, no Minascentro, em Belo Horizonte. O evento aconteceu nos dias 15 e 16 de março e o Coral e Orquestra Mater Dei, de Resende Costa, apresentou, na tarde do dia 15, peças sacras dos compositores mineiros Antônio de Pádua Alves Falcão, Antonio dos Santos Cunha, João da Mata e padre José Maria Xavier. “Fomos agraciados de sermos um dos quatro grupos escolhidos entre os 21 municípios do Circuito Turístico Trilha dos Inconfidentes, para representar um pouco da rica cultura da nossa região. Essa escolha nos mostrou que o nosso trabalho ainda é prestigiado e reconhecido no estado”, disse o presidente do Coral e Orquestra Mater Dei, João Carlos Resende.
As músicas escolhidas especialmente para o evento integram o repertório da Quaresma e Semana Santa de Resende Costa: Motetos de Passos e Dores, de Antônio de Pádua Falcão - executados antes e após as procissões e também durante as visitações aos passinhos, Visitação de Dores - adaptação do O vos omnes do Oficio de Trevas da Sexta- feira Santa, do compositor Antonio dos Santos Cunha, Adoramus Te Christe, do padre José Maria Xavier, tradicionalmente executado como solo ao pregador, antes do Sermão do Descendimento da Cruz, na Sexta-feira da Paixão. E, por último, o Stabat Mater, hino a Nossa Senhora, do compositor João da Mata. “Creio que esse repertório só não foi impecável porque não foi possível levar nada de autoria de Manoel Dias de Oliveira, que foi ‘Capitão da Ordenança de pé dos homens pardos libertos do districto da Lage’”, lamenta João Carlos.
A regência ficou a cargo da vibrante maestrina, e também contralto, Maria da Penha Sousa, que conduziu brilhantemente a apresentação. Além de demonstrar segurança e conhecimento das peças executadas, a maestrina soube liderar e motivar os músicos chamando a atenção para cada detalhe da partitura, preservando assim as características originais das músicas.
Ao invés de se posicionar no palco de um teatro, o que é formal e esperado para um concerto de música erudita, o coral se apresentou no palco de eventos localizado na praça de alimentação do Minascentro, semelhante a um coreto. Em princípio criou-se certa expectativa quanto à acústica do local e também acerca da presença de público, uma vez que muita gente passava por lá, se alimentava e ia embora. Porém, para agradável surpresa de todos, o público parou para ouvir e a equipe técnica do evento garantiu a qualidade do som. No fim da apresentação, o efusivo aplauso da plateia, que já se aglomerava em grande número no local, reconheceu o trabalho do grupo e confirmou o sucesso do concerto.
O convite para o coral se apresentar no 5º Salão Mineiro do Turismo partiu do secretário municipal de Meio Ambiente e Agropecuária, Luís Cláudio dos Reis, que é também responsável pelo setor de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Resende Costa: “Ele teve a ideia de nos convidar para concorrermos a participar deste evento, pois as orquestras sacras são uma identidade da nossa região. Como ele bem disse, ‘Resende Costa é também a cidade da música’, e devemos recuperar este posto”, disse João Carlos. Luís Cláudio falou da importância da apresentação do coral em Belo Horizonte: “A apresentação foi brilhante. Dava para ver a admiração estampada no rosto de quem assistia a apresentação. Vejo isso como uma afirmação de quanto temos e quanto podemos contribuir para o setor cultural de nossa cidade, da região e de Minas”.
O Coral e Orquestra Mater Dei atua provavelmente desde o final do século 19 nas celebrações litúrgicas da Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França, de Resende Costa. Atualmente, o grupo é responsável por preservar e manter vivas as tradições musicais religiosas na paróquia, especialmente em celebrações solenes como o Natal, Semana Santa e Corpus Christi. Músicos talentosos de Resende Costa já participaram do coral e orquestra. Entre tantos, destaque para o maestro e compositor resende-costense Joaquim Pinto Lara, o sr. Quinzinho, que durante muitos anos regeu o grupo, deixando um legado que permanece até hoje como exemplo e inspiração para os músicos do Mater Dei.
João Carlos fala das apresentações do grupo em outras cidades e confirma o interesse do coral em divulgar a cultura musical de Resende Costa: “Desde que foi fundado, no final do século 19 ou início do século 20, com o nome de Orquestra Santa Cecília, o Coral e Orquestra Mater Dei muitas vezes se apresentou em missas e concertos em muitos lugares, como o Santuário Nacional de Aparecida, Juiz de Fora, Nova Serrana e Nova Friburgo (RJ). Porém, recentemente, o Mater Dei tinha deixado de participar de eventos e atos religiosos em lugares mais distantes, devido a razões que não vamos discutir neste espaço. A nova diretoria entende que na medida do possível devemos, sim, aceitar esses convites para maior crescimento do grupo e também para levarmos o nome de Resende Costa àqueles que não conhecem a nossa cidade”, conclui o presidente.