No mês de agosto, chegou-se à marca de 135 cidades em estado de emergência devido à seca no centro-norte-nordeste de Minas. A falta de água em alguns períodos do ano já é histórica nessas áreas do estado. No entanto, a intensidade e a precocidade da estiagem têm preocupado os especialistas, que afirmam que vamos sofrer ainda mais os efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global.
Primeiramente cabe falar da grandiosidade e da diversidade do território em que habitamos. O Brasil é um país continental, somos o quinto maior do mundo em extensão, perdemos apenas para Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Nosso país possui 8.515.767 km², o que representa 1,67% da superfície total ou 5,7% das terras emersas (continentes) do planeta. Lembrando que cerca de 70% da superfície da Terra está ocupada por água. Por isso, a fala que se atribui ao primeiro homem a ir ao espaço em 1961, o russo Yuri Gagarin: “a Terra é azul.”
O Brasil possui 26 Estados e um Distrito Federal (Brasília). Minas Gerais é o quarto mais extenso (atrás de Amazonas, Pará e Mato Grosso) e o segundo mais populoso (atrás de São Paulo). Minas tem uma extensão de 586.521,12 km², o que representa 6,9% do território nacional. Nosso estado tem tamanho de país. Por exemplo, somos do tamanho de Madagascar e maiores que França, Alemanha, Finlândia ou Equador. Isso faz com que tenhamos uma diversidade socioambiental significativa, seja em termos climáticos, de solo, de vegetação, cultural etc.
Minas Gerais é o estado brasileiro com o maior número de municípios, 853 no total. Em termos de gestão, eles estão arranjados em regionais. Por exemplo, o IBGE faz uma divisão de Minas em 12 mesorregiões e 66 microrregiões. As mesorregiões agrupam municípios com similaridades econômicas e sociais e são elas: Campo das Vertentes, Central Mineira, Jequitinhonha, Metropolitana de Belo Horizonte, Noroeste de Minas, Norte de Minas, Oeste de Minas, Sul e Sudoeste de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce e Zona da Mata. Por essa classificação, Resende Costa está na mesorregião Campos das Vertentes e mais especificamente na microrregião de São João del-Rei.
As mesorregiões historicamente mais afetadas pela seca são Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri. Essas áreas possuem as maiores médias de temperatura ao longo do ano e um período de estiagem maior, podendo chegar a até nove ou dez meses secos, e a vegetação é mais adaptada à menor quantidade de chuvas, como o Cerrado, a Mata Seca e a Caatinga. Assim, as populações dessas três mesorregiões são as que mais sentem os períodos secos mais prolongados.
Estamos em um período seco, assim as regiões que naturalmente são menos úmidas sofrem mais intensamente. Neste ano de 2024, o estado de emergência decretado pela Defesa Civil de Minas alcançou 135 cidades já no início de agosto. Isso acontece em situações anormais e graves, quando há iminência de danos à saúde e aos serviços públicos. No ano passado, esse número foi atingido somente em outubro. E um fato ainda mais alarmante: em maio de 2024, um mês ainda não considerado seco, 95 municípios já estavam em estado de emergência. Destaca-se que, além da seca, o centro-norte de Minas está sofrendo com os efeitos do desmatamento, o que agrava ainda mais a situação.
Destaca-se que a maior parte das chuvas que cai no interior da América do Sul e, também em Minas Gerais, provém da Amazônia, através dos chamados rios voadores. E a região amazônica está sofrendo também com a seca. Por exemplo, a ANA, no final de julho, decretou situação crítica de escassez no rio Madeira. Portanto, desmatar e degradar a Amazônia são sinônimos de diminuição de umidade e de chuva em grande parte do território brasileiro.
Anos mais secos e mais úmidos são cíclicos, eles se repetem a cada período médio de cinco anos. Mas, segundo os especialistas, a seca vem se agravando cada vez mais em Minas. Em 2023 foi registrada a maior seca da história do norte de Minas. O período chuvoso só começou em janeiro de 2024. Assim, as previsões para os cenários futuros não são nada promissoras. Mesmo Resende Costa, que não está na região das secas periódicas, também sofrerá com a nova realidade climática a que estamos nos inserindo, com chuvas torrenciais e secas mais severas e prolongadas.