Yasmim Stefany Lima Soares*
Adriano Valério Resende**
Em sua história, a Terra já passou por significativas alterações climáticas naturais. No entanto, a partir da 1ª Revolução Industrial, elas se intensificaram devido à ação humana. Hoje, tornou-se comum ouvir pessoas, especialmente as mais idosas, comentarem sobre transformações que afetam diretamente o nosso cotidiano. E, nesse sentido, os moradores das cidades já têm sofrido as consequências do que parece ser um novo padrão climático.
As mudanças climáticas naturais são alterações que ocorreram nos padrões climáticos da Terra em longos períodos de tempo por fatores como atividade solar, erupções vulcânicas e glaciações. No entanto, a ação humana intensificou essas transformações, notadamente pela emissão excessiva de gases do efeito estufa. A intensificação desse fenômeno natural, especialmente pela queima de combustíveis fósseis e pela alteração do uso do solo (desmatamento), tem levado ao aumento excessivo da temperatura do planeta, ocasionando o chamado aquecimento global. As mudanças mais notáveis no clima são as temperaturas cada vez mais altas, especialmente no verão, e alterações nos padrões climáticos de eventos naturais, como o El Niño e a La Niña, que estão cada vez mais intensos e causando dados a locais pouco preparados para se adaptarem a essa variação.
As mudanças climáticas na atualidade têm causado impactos significativos, especialmente nas áreas urbanas, onde se concentra a maior parte da população e das atividades econômicas. O aumento das temperaturas tem intensificado o fenômeno “ilha de calor”, tornando as cidades cada vez mais quentes. Além disso, eventos climáticos intensos, como chuvas torrenciais e longos períodos de seca, estão ocorrendo com maior frequência, comprometendo a infraestrutura urbana e a qualidade de vida da população.
No entanto, as áreas urbanas não são afetadas da mesma forma. As comunidades de baixa renda e as periferias são as mais vulneráveis, pois enfrentam problemas estruturais como falta de saneamento básico, moradias precárias, baixa arborização e sistema de drenagem inadequado. A urbanização desordenada agravou essa situação ao, por exemplo, ocupar as margens de cursos d’água, encostas íngremes e impermeabilizar o solo, o que dificulta a absorção da água da chuva e aumenta o risco de enchentes e deslizamentos de terra.
Muitas das vezes, a precariedade da infraestrutura urbana também se torna um grande obstáculo. A falta de sistemas eficientes de drenagem e de saneamento básico contribui para alagamentos em períodos de chuva intensa e para a escassez de água em épocas de seca. Sem medidas adequadas para lidar com essas situações, os moradores acabam sofrendo com problemas como contaminação da água, perda de moradias, além de prejuízos econômicos e, o pior, perda de vidas. Em muitos casos, o crescimento desordenado e a ausência de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade têm tornado as áreas urbanas cada vez mais vulneráveis. Convém destacar que, as cidades de médio e pequeno portes enfrentam grandes dificuldades para se adaptarem aos efeitos das mudanças climáticas, seja pela falta de verbas ou de mecanismos tecnológicos necessários.
Diante desse cenário, é essencial buscar estratégias para atenuar os efeitos das mudanças climáticas e tornar essas cidades mais resilientes aos desafios ambientais do futuro. Algumas estratégias são: preservar e ampliar as áreas verdes (parques) e plantar árvores nas ruas como forma de reduzir o efeito das altas temperaturas; melhorar a qualidade do ar e minimizar os impactos das chuvas intensas; melhorar o sistema de saneamento básico, para evitar alagamentos e garantir o abastecimento de água em períodos mais críticos; utilizar sistemas de captação e reuso de água da chuva, visando otimizar os recursos hídricos em áreas mais sujeitas à seca; incentivar a utilização de energia solar nos prédios públicos e nas residências.
Por fim, a conscientização e o engajamento da população, o planejamento urbano e o investimento em infraestrutura sustentável são imprescindíveis para enfrentar os desafios climáticos e tornar as cidades mais resilientes e, assim, melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas.
*Aluna do Curso Técnico em Edificações – CEFET/MG
**Professor - CEFET/MG