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O Brasil está pegando fogo*

11 de Setembro de 2024, por Instituto Rio Santo Antônio

Reprodução INPE - 9.set.2024/RAMMB/Cira/Noaa.

O ano de 2024 já está sendo considerado um dos mais secos da história. A estiagem prolongada, as altas temperaturas e a falta de uma consciência ambiental em grande parte da população geram uma questão preocupante: aumento das queimadas por todo o Brasil. São vários os danos socioambientais das queimadas e um em especial tem nos preocupado atualmente: a piora da qualidade do ar.

Para se ter uma ideia da situação atual, em agosto foram registrados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 68.635 focos de queimadas, sendo o quinto pior mês da história. E as expectativas para setembro são de recorde nas queimadas. Os biomas mais afetados são: Amazônia com 55,8% dos registros; Cerrado, 27,1%; Mata Atlântica, 8,8%; Pantanal, 6,4%; Catinga, 1.8%; e Pampa, 0,1%. A Amazônia está literalmente pegando fogo e as consequências são visíveis em grande parte do país.

Certamente você já deve ter ouvido falar que a chuva na região central do Brasil provém da Amazônia, através dos chamados “rios voadores”, que são um corredor de umidade oriundo da evapotranspiração da floresta. Com o aumento das queimadas na região amazônica, no Pantanal e na Bolívia, o que estamos presenciando são “rios de fumaça” que atingem 11 Estados brasileiros e, dentre esses, Minas Gerais. Um dos efeitos mais notáveis é uma camada de fumaça que está encobrindo as cidades, inclusive Resende Costa, o que afeta a qualidade do ar e traz sérias consequências para a saúde da população local.

É notório que as queimadas provocam uma série de impactos ambientais que vão além da destruição imediata da vegetação. A degradação do solo é um dos seus efeitos mais significativos, pois provoca a perda de nutrientes e a morte de organismos decompositores. Além disso, sem cobertura vegetal, o solo torna-se vulnerável à erosão e a infiltração da água é muito menor.

Outras consequências das queimadas são a emissão de gases que contribuem para o aquecimento global e, especialmente, a diminuição da qualidade do ar, o que afeta a saúde de toda a população. A exposição contínua à fumaça, como está acontecendo nas últimas semanas, pode provocar problemas respiratórios, especialmente em pessoas que já possuem uma predisposição para doenças pulmonares, asma e bronquite. A inalação prolongada de partículas presentes na fumaça também pode causar irritações nos olhos, tosse, falta de ar e até complicações cardiovasculares.

Além dos impactos ambientais e à saúde, as queimadas também trazem prejuízos econômicos significativos. A destruição de áreas produtivas, como pastagens e campos agrícolas, resulta em perdas financeiras para agricultores e pecuaristas. E a recuperação dessas áreas exige investimento, tempo e esforço, o que agrava ainda mais o atual cenário econômico. 
Outro ponto de preocupação econômica é o gasto público no combate aos incêndios. As autoridades locais precisam mobilizar recursos, equipes de bombeiros e veículos para controlar as chamas e evitar que o fogo se espalhe, gerando um alto custo financeiro para os órgãos públicos.

Infelizmente, muitas queimadas são acidentais e principalmente criminosas, isto é, pessoas que colocam fogo sem nenhum motivo econômico e social. Assim, além de medidas coercitivas como multa e prisão dos envolvidos, a conscientização da população sobre os danos causados pelo uso do fogo é fundamental para reverter esse quadro. Nesse sentido, campanhas de educação ambiental voltadas para agropecuaristas, comunidades rurais e população urbana podem fazer a diferença. Outras medidas como a implementação de barreiras físicas contra a propagação do fogo, a capacitação de brigadas comunitárias e o uso de tecnologias de monitoramento podem auxiliar no controle das queimadas antes que elas atinjam proporções devastadoras.

Embora a prática das queimadas tenha raízes históricas e culturais, os seus impactos atuais são insustentáveis e exigem uma resposta urgente. Assim, o fortalecimento de políticas públicas voltadas para a educação ambiental, a fiscalização e a prevenção de incêndios são essenciais para o seu controle. Por fim, somente com o engajamento da sociedade e a implementação de políticas públicas eficazes será possível reverter o quadro de queimadas criminosas e garantir um futuro mais equilibrado e saudável para todos.

*Autores: Mateus José de Resende e Adriano Valério Resende
 

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