Paris 2024
30 de Agosto de 2024, por Vanuza Resende 0
Vimos gigantes de 1,40m. Vimos também atletas menos experientes vencerem medalhistas olímpicos; desabafos de quem treina para ser campeão olímpico escutando ofensa na rua.
Teve mãe indo competir com medo de perder a guarda da filha, o primeiro ouro na história de um país, o choro de quem viu colegas morrerem porque a guerra insiste em vencer a paz, e a superação de quem foi colocada em escanteio ser ouro representando quem a acolheu.
Suor, lágrimas de alegria e de decepção. Desespero com a arbitragem, com o tempo, com o corpo que não ouviu a mente.
Teve gente ganhando com a mão no bolso, outros vencendo até a gravidade. Atleta batendo recorde que parecia impossível ser batido, mas teve também recorde sendo mantido.
Teve país surpreendendo e melhor do mundo comentando erros. Surpresas e decepções. Calor, chuva, mar calmo e rio estranho. Teve bronze com gosto de ouro e ouro que valeu menos do que prata. Teve acréscimo em exagero, apito que aparecia antes da hora e outros que demoram muito.
Nomes que serão imortais, dias que foram longos e provas de horas que passaram em segundos.
Na raça, na vontade e na força, foram 20 medalhas que nos colocam entre os 20 melhores países do mundo. Ah, o espírito olímpico que nos abraça a cada quatro anos... O desejo é que ele continue, continue nos fazendo rir, pular, chorar e refletir. Valeu, time Brasil.
Rebeca Andrade!
05 de Agosto de 2024, por Vanuza Resende 0
É preciso falar de Rebeca. Mas a gente fala sem nenhuma obrigação, a gente fala porque: porra, Rebeca! Você é demais.
A Rebeca é gênia, é leve, é medalhista e recordista. É Rebeca!
Enquanto fecho um olho de nervoso durante a apresentação, ela faz com maestria o que treina durante o ano todo, e parece que faz de olho fechado. E no último treino antes da apresentação que vale ouro ela lembra de receitas que ela salva, mas nunca faz. Batata com queijo é bem mais fácil do que o Andrade, hein, Rebeca? Dá para arriscar!
Arriscar como fez a mãe quando deixou a filha sair de casa com 10 anos. Eu não consigo imaginar esse coração de mãe. Que bom que dona Rosa escutou a razão para depois ouvir em rede nacional, enquanto todo mundo aguardava a nota da filha dela, te amo, mãe!
É tão fácil querer ser como você, Rebeca. A gente fica imaginando como deve ser gostoso saltar, girar, dançar, sorrir e depois subir no pódio por 1, 2, 3, 4 vezes.
Mas eu sei que talvez essa parte que você coloca todo mundo para ver é a mais fácil de todas.
A difícil é recuperar da lesão, é treinar, treinar de novo, treinar mais um pouco e receber menos, bem menos do que deveria.
Mas tudo isso que você passa e passou é inspiração: você inspira quem está chegando; você é vista por mães que não compartilham telas com as filhas, mas abrem exceção para mostrar: olha o que ela faz, você também pode! Filha, olha esse cabelo. Ela é linda e você também é.
Rebeca de Tóquio, de Paris, Dainaninha de Guarulhos: obrigada por fazer todo mundo querer ser Rebeca, e nunca esquecer das Daianes, Danielas, Flávias, Jades e Júlias!
Não é para esquecer; é para lembrar
05 de Agosto de 2024, por Vanuza Resende 0
Eu soltei involuntariamente a seguinte frase em um dia considerado ruim nas Olimpíadas: “poxa, que dia para ser esquecido, hem, Brasil?” E a frase veio sem tom de cobrança, mas sim de frustração de uma torcedora que não entende nada de esgrima e que jurava que a atleta estava super bem, mas foi eliminada.
E aí a ficha caiu. Quantos domingos os nossos atletas olímpicos já quiseram esquecer? Enquanto eu endossava a audiência do rádio e da TV acompanhando o futebol, eles fizeram um duplo twist carpado, o ippon correu solto no tatame e a manobra Xxx foi assim, sem nenhum defeito. Mas eu nem sequer sabia o nome deles, mas sabia várias opções do técnico de futebol que nem é o técnico do clube que eu torço…
Nesse mesmo domingo, outros atletas tiveram vontade de esquecer o dia porque não foram competir em algo que eles sabiam que iriam bem. E não foram porque o dinheiro não deu, porque a competição era em outro estado e mal dava para ir aos torneios de outra cidade! Não dava para ir no domingo, porque na segunda uma rotina normal os esperava e, mesmo sendo muito bons na modalidade, não tinha como viver de andar marchando ou do tênis de mesa.
Nesse mesmo domingo, a criança voltava para casa frustrada porque não conseguia se destacar em nenhuma posição do time, mesmo treinando há algum tempo. Mas ela gostava da bola. Nos intervalos dos treinos, ninguém ganhava dela quando arremessava a bola com tanta destreza na cesta que eram 3 pontos na certa. Ninguém fazia como ela. Por outro lado, ninguém dava muita bola para aquelas habilidades também, e todos os domingos de campeonato ela queria esquecer porque ela nunca conseguia ir bem no passe certo com a bola no pé.
E esse tanto de domingo, esse tanto de gente, esse tanto de cenário foi passando pela minha cabeça e eu pensei: “caramba, eu não deveria pedir para esquecer esse dia! Eu deveria pedir para que todos esses dias fossem lembrados.” Não, nem todo mundo que é bom vai ser ovacionado de 4 em 4 anos.
Quantas Rebecas e Raíssas nascem por aí? Elas beiram a perfeição; sinceramente, para mim elas são perfeitas. Se fosse para chutar, eu chutaria 1 em milhão. Mas aí que tá: a gente não pode só chutar, a gente tem de lutar, arremessar, velejar, correr, sacar, saltar… E aí, tenho certeza de que a gente tem muitooo mais que 1 em milhão.
A gente não tem que esquecer! A gente tem que lembrar do tanto de talento que aos domingos ganham, perdem, se classificam, lutam, encaram adversários mais novos, mais experientes e mostram o talento que não deveria ser tão complicado de conseguir mostrar!
Ouvi muita gente dizendo: nossa, as Olimpíadas podiam acontecer de ano em ano. Mas o torneio acontece de 4 em 4. Tempo para treinar e conseguir acertar mais do que errar! Mesmo tempo que os nossos políticos têm quando vencem uma eleição. 4 anos para acertar mais do que errar e que os acertos possam nos colocar no topo, não no topo do quadro de medalhas, o que seria muito bom! Mas no topo da oportunidade para que a gente tenha vontade de ser Rebeca, Rafaela, Osmar e Ricardo sempre! Os dois últimos são excelentes em alguma modalidade esportiva, eu não sei qual e nem você, porque eles tiveram vários domingos para esquecer. Diferente de hoje que temos um domingo para lembrar de votar certo, incentivar mais e apoiar como só a gente sabe fazer!
2024, o ano em que fomos obrigados a acompanhar a ascensão da Argentina e o adeus prematuro do Brasil na Copa América
31 de Julho de 2024, por Vanuza Resende 0
Um dia desses, durante os intervalos do dia, abri o Twitter, ou o X, como preferirem, e deparei-me com um meme que para mim foi mais doído do que engraçado. Era algo como: logo na nossa vez somos obrigados a ver a Argentina sobrando em campo e o Brasil definhando.
Lembrei-me do dia em que fui ao Mineirão durante a Copa América no Brasil. Dividi o espaço com os argentinos nas arquibancadas e, enquanto Messi e Neymar faziam a festa deles no gramado, a nossa festa tinha um canto assim: “Êta, êta, êta, o Messi não tem copa, quem tem copa é o Vampeta!” Nada contra o Messi, que nós temos a sorte de ver jogar, né? Mas era engraçado a Argentina, mesmo com o Messi, não ter copa. A piada acabou na última edição, eu sei. O problema é que parece que outras piadas como aquela vão demorar a existir, e o meu medo é: em um estádio da Argentina a torcida hermana arrumar um trocadilho tão inteligente quanto o nosso e nós sermos obrigados engolir a zoeira...
Não sei se me surpreendi com o Brasil sendo eliminado precocemente. Talvez me assustou mais a Colômbia ganhar de 2x1 e a gente não se surpreender com a derrota.
Já a Argentina mereceu. A equipe venceu todos os seus jogos na fase de grupos, passou pelas quartas contra o Equador, nos pênaltis, pelas semifinais com Canadá com tranquilidade e, na grande final, derrotou a Colômbia por 1 a 0, garantindo assim seu 16º título de Copa América. Messi, que agora já tem copa e gol pela Copa América, provou mais uma vez que o único defeito dele, aos 37 anos, continua sendo ser Argentino.
Enquanto a Copa América tentava dar um gás na América do Sul, na Europa a EuroCopa atraiu os olhos do mundo do futebol. A competição europeia, com sua tradicional complexidade e alto nível técnico, apresentou uma série de confrontos épicos. Diferentemente da Copa América, que contou com 16 seleções, a EuroCopa teve a participação de 24 equipes. E que equipes!
A final disputada entre Espanha e Inglaterra terminou com a vitória da única tetracampeã da Euro: Espanha. Já a Inglaterra continua sem o título, mesmo chegando a duas finais consecutivas.
Assistindo à Copa América e à Eurocopa, eu tive mais motivos para me preocupar do que para comemorar. Qual seria a solução para a retomada da seleção canarinho? Tenho alguns palpites, ficam para outra hora. Agora estou mais empolgada com a chegada das Olimpíadas. Posso apostar que vai mostrar que o Brasil pode e é muito mais do que só o país do futebol!
Você já ouviu falar sobre Pickleball? Estão dizendo por aí que é o esporte do futuro.
26 de Junho de 2024, por Vanuza Resende 0
Tênis, badminton e pingue-pongue não são novidades. E uma junção disso tudo? É um esporte que é realidade há muitos anos, porém ainda meio desconhecido por aqui: o pickleball. Mas o que exatamente está por trás do sucesso explosivo do pickleball e por que ele pode ser considerado o esporte do futuro?
Quem já experimentou diz que um dos fatores-chave para o crescimento do pickleball é sua simplicidade. O esporte é jogado em uma quadra semelhante à de badminton, com uma rede um pouco mais baixa que a de tênis. As raquetes são maiores que as de pingue-pongue, mas menores que as de tênis, e a bola é perfurada e de plástico leve. O objetivo principal é o mesmo de outros esportes que também usam raquete: passar a bola por cima da rede e fazer com que o oponente não consiga devolvê-la. E apesar de eu não ter certeza, quem joga diz que o jogo é acessível e fácil de aprender. E, por isso, pelo terceiro ano consecutivo, foi classificado como o esporte que mais cresce. No entanto, cresce lá nos Estados Unidos. Por lá, Justin Bieber, Gisele Bündchen e LeBron já se tornaram adeptos.
E, é claro, assim como qualquer esporte, os benefícios são muitos: estudos têm demonstrado que o pickleball pode oferecer melhoras na aptidão cardiovascular, força muscular e agilidade. E para quem usa a desculpa da falta de tempo, a modalidade também se adapta perfeitamente à correria. Jogos rápidos e intensos, que geralmente duram entre 15 e 30 minutos, permitem que os jogadores encaixem uma partida em suas agendas lotadas. As quadras menores e a necessidade de menos equipamento também tornam o pickleball uma opção mais acessível em termos de custo e espaço.
Com a popularidade crescente, o pickleball está começando a se estruturar como um esporte mais formalizado. Ligas, torneios e associações estão surgindo em todo o mundo e já existem discussões sobre a inclusão do pickleball em eventos esportivos maiores. Já se sonha, inclusive, com a chegada dele nas Olimpíadas.
A brincadeira que começou em quintais de casas nos Estados Unidos, há mais de 50 anos, quer chegar aos jogos olímpicos, mas ainda tem um futuro meio incerto. Acredito que, se depender dos adeptos, que aumentam a cada ano, uma nova febre pode e deve tomar conta em meio aos esportes mundo afora bem antes do esperado. Fico imaginando se no centenário do Expedicionários teremos entre as estrelas chegando a Resende Costa, Hulk e Matheus Pereira, ou se falaremos do time do Expedicionários de pickleball se preparando para disputar torneios. Bem que poderia ser os dois, né?!