Papo de Esportes

Gabigol no Cruzeiro: as coisas mudam, meu amigo!

22 de Janeiro de 2025, por Vanuza Resende 0

Olha, eu não sei vocês, mas eu ainda estou tentando digerir a frase: “Gabigol é jogador do Cruzeiro”. Se você, cruzeirense, achou que ver Ronaldo Fenômeno anunciando ser o “dono” do clube já era surreal, imagina agora com Gabriel Barbosa vestindo a camisa azul! Pois é, meu amigo, a vida tem dessas. Inclusive, acho que se Ronaldo não tivesse feito acordo com o Pedrinho, não estaríamos vendo esse camisa 9.

Por onde começar? Gabigol, o “príncipe do Maracanã”, agora vai ter que conquistar a torcida no Mineirão. E, convenhamos, não é uma tarefa fácil com a bola rolando. Aqui em Minas, o povo é mais quieto. A pressão é diferente. A festa fácil ficou só mesmo com a apresentação do tal Gabriel de 28 anos.

Brincadeiras à parte, a chegada de Gabigol é uma jogada de mestre do Cruzeiro. Depois de um 2024 turbulento, com altos e baixos no Brasileirão, a diretoria parece ter entendido que precisava de algo grande para 2025. E grande não só no talento – Gabigol é um dos melhores atacantes do país –, inclusive, no impacto. O Cruzeiro quer, de novo, ser protagonista e, com Gabigol na linha de frente, é possível imaginar um Mineirão lotado, camisas azuis com o número 9 estampado e até aquele velho sonho de Libertadores voltando à pauta.

 

E o Atlético nisso tudo?

Ah, o Atlético… O Galo está olhando essa história de longe, com um sorriso de canto de boca e a desconfiança que o mineiro domina. Afinal, a torcida torce para que as desconfianças sejam concretizadas.

O Atlético está naquela fase de reconstrução controlada. Depois de conquistar o Brasileirão em 2021, veio a ressaca. Mas 2024 mostrou que o time ainda tem lenha para queimar, com boas campanhas na Copa do Brasil e na Libertadores. O elenco é sólido, o técnico tem a confiança da torcida (pelo menos, até a próxima sequência de três derrotas). E por falar em torcida, a massa atleticana está sempre pronta para ser o 12º jogador, e o 13º, se precisar.

 

Rivalidade à flor da pele

Agora, vamos combinar: se Gabigol no Cruzeiro já é um prato cheio para memes, o duelo entre ele e Hulk nos clássicos de 2025 vai ser um banquete completo. Você consegue imaginar a cena? Hulk pegando a bola no meio de campo, trombando com zagueiro e indo pra cima; do outro lado, Gabigol provocando, pedindo pênalti e dando aquela encarada clássica. É rivalidade na essência, e isso só faz bem para o futebol mineiro. 

Mas, claro, todo cruzeirense já está preocupado: “Será que Gabigol vai ‘resolver’ ou vai ser só mais um nome de peso que não engrena?”. É uma dúvida justa. O histórico recente mostra que nem sempre as grandes estrelas brilham como o esperado por aqui. E, no caso do Atlético, o desafio será manter a consistência e não depender apenas de Hulk.

 

Perspectivas para 2025

A verdade é que o ano promete muito para Cruzeiro e Atlético. Enquanto o Galo busca retomar o protagonismo, o Cruzeiro tenta provar que a reestruturação pós-série B deu certo. Gabigol é um símbolo dessa aposta no futuro, mas ele precisará de um elenco ao seu redor para fazer a diferença. Dudu parece estar pronto.

E nós, torcedores, já sabemos o que fazer: abrir o coração e os olhos. Porque 2025 tem tudo para ser um desses anos em que o futebol mineiro possa se manter como assunto no boteco, na fila do pão e nos noticiários esportivos nacionais na luta pela quebra da hegemonia no eixo Rio – São Paulo/São Paulo-Rio.

Então, se eu fosse você, já ia marcando na agenda: Cruzeiro x Atlético, primeiro clássico do ano. Quem sabe Gabigol não decide o jogo? Ou talvez seja Hulk... Ou, vai saber, um zagueiro desconhecido mete um gol contra e vira herói improvável. Porque no futebol, como na vida, tudo pode acontecer – até Gabigol jogando de azul.

Fim de temporada: futebol, drama e redenções

25 de Dezembro de 2024, por Vanuza Resende 0

Ah, o futebol... Sempre uma montanha-russa de emoções. Chegamos ao fim de 2024 e, como num samba bem tocado, o ano teve seus altos, baixos, uns tropeços e conquistas gloriosas. Vamos à resenha?

Começando pela dupla mineira, que neste ano misturou tragédia e comédia como novela das oito. O Cruzeiro, meus amigos, fez um arroz com feijão bem temperado: garantiu vaga na Sul-Americana, mas deixou a Libertadores passando de ladinho. Sabe aquele famoso “quase”? Pois é, foi a Raposa tentando se acertar, mas sem brilho suficiente no tapete azul e branco estendido. Pelo menos o time não esboçou perigo de Série B e chegou a uma final depois de ter visto quase o próprio final. Tá que o torcedor celeste é exigente e queria mais, mas, só de respirar aliviado, a temporada 2024 teve de bom tamanho.

Enquanto isso, o Atlético foi protagonista de uma temporada que mais parecia um drama shakespeariano. Eu até colocaria a culpa no calendário, mas teve time que mostrou que não importa o número de jogos e competições: consegue fazer o que tem que ser feito. Atlético esteve em duas finais. E nas principais finais disputadas pelos clubes brasileiros. E como eu disse nesta coluna no mês passado, só perde final quem disputa. Mas não precisava perder as duas, e precisava menos ainda chegar à última rodada com aquele friozinho na barriga típico de quem dança na beira do precipício? O risco de rebaixamento foi real e a massa atleticana precisou ficar com o terço na mão. Não precisava disso! Mas precisava de um título, né?

Agora, mudando o tom, que tal falar de redenção? O Botafogo, aquele mesmo que muitos diziam ser o “eterno cavalo paraguaio”, resolveu calar todo mundo. Não só ganhou o Campeonato Brasileiro com autoridade, como também levou a Libertadores! Pois é, meu amigo, o Glorioso saiu da fila, abriu a geladeira e desceu a taça com gosto. Lá no Rio, o clima é de festa eterna. Afinal, quem diria que o “time que nunca vai” fosse tão longe?

Entre os outros gigantes, o Palmeiras fez um ano consistente, mas ficou com aquele gosto amargo de “quase” em todas as competições. O Flamengo, que sempre entra com a pompa de favorito, caiu em momentos decisivos e viu sua torcida questionar o elenco milionário. E o Corinthians? Ah, o Timão só agradece por ter evitado o pior depois de um segundo turno digno de campeão. E promete dar as caras com mais força no ano que vem.

A temporada de 2024 foi isso: reviravoltas, zebras, times se reinventando e outros tentando não se perder mais ainda. Agora é esperar 2025 chegar com suas novas promessas e dramas. Até lá é aguentar dança das cadeiras dos comandantes, anúncios que só acontecem na internet e não vingam, disputa de quem afinal tá montando o time mais competitivo! Ah, o futebol...

Um Flamengo superior e um Atlético que pode conquistar a América

27 de Novembro de 2024, por Vanuza Resende 0

Na final da Copa do Brasil, o Atlético não foi páreo para os cariocas, que souberam impor seu ritmo e ditar o tom dos dois confrontos. A derrota por 3x1 no Maracanã já havia deixado o Galo em uma situação difícil, e o jogo de volta, na Arena MRV, não trouxe o poder de reação esperado. Foi uma partida na qual as diferenças entre os dois elencos se mostraram claras, tanto em campo quanto na organização. Resultado justo para os rubro-negros.

 O Atlético é um time ruim? Não, longe disso. O Flamengo tem um elenco superior? Sim, é isso. Esse é o time do Felipe Luís, um técnico jovem que dá esperanças de uma equipe pra cima, bem construída. Ele foi ousado nas construções das jogadas e nas substituições. Sacar Gabigol no intervalo não é para qualquer um. Mas talvez seja para quem tem Bruno Henrique no banco e uma vantagem de dois gols nos últimos 45 minutos de uma final de 180. E Felipe Luís não pensou no talvez. Fez e muito bem feito!

O rubro-negro jogou como quem já sabia o final da história. Enquanto isso, o Galo, mesmo em casa, não conseguiu organizar uma reação à altura. O que doía na torcida do “eu acredito”, no entanto, não foi apenas a superioridade flamenguista em campo. Na Arena MRV, cenas de desordem e vandalismo jogaram ainda mais água fria na esperança de que a nova casa do Galo fosse um reduto imbatível. Torcedores pulando catracas, cadeiras danificadas, sinais de uma administração que precisa amadurecer muito mais do que o time em campo. A segurança foi ineficaz e a falta de controle resultou em cenas que refletiram não apenas uma derrota no placar, mas também uma fragilidade institucional. E era inacreditável que o capitão do time precisasse falar: “Parem com isso, aqui é a nossa casa!”

Se a chance do tri passou, a cabeça precisa estar no bi da Libertadores. O Galo volta a jogar, no dia 30 de novembro, uma final de Libertadores após 11 anos, precisa virar a página com urgência e focar no título da América. O desafio é grande, o adversário é um Botafogo que vai fazer um dos jogos da sua vida. Mas a história do Atlético também é feita de batalhas épicas. E, para a Libertadores, ele ainda está vivo. E só para lembrar, só perde título quem disputa uma final!

O coração de São João del-Rei bate mais forte: o Athletic na Série B

23 de Outubro de 2024, por Vanuza Resende 0

Há dias que marcam a história de uma cidade para sempre. O 5 de outubro de 2024 será um desses dias em São João del-Rei. Ali, em meio às ladeiras e igrejas que contam séculos de história, o futebol, uma paixão tão brasileira quanto nossa própria cultura, escreveu mais um capítulo memorável. O Athletic Club, o Esquadrão de Aço, conquistou seu lugar na Série B do Campeonato Brasileiro. E esse feito vai muito além das quatro linhas do campo.

Em uma cidade onde o relógio parece andar mais devagar, onde a tranquilidade das ruas lembra tempos antigos, o futebol trouxe a sensação de que os sonhos podem, sim, ser mais rápidos. São João del-Rei passou a respirar futebol de maneira mais intensa nos últimos anos. Cada jogo no Joaquim Portugal era um evento. Crianças, jovens e até os mais velhos vestiam com orgulho o preto e branco do Athletic como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo – e talvez seja. O futebol tem dessas coisas, transforma, une, cria uma nova pulsação. Quem um dia sonhou em ver Atlético e Cruzeiro disputando jogos em São João del-Rei?

Esse acesso à Série B é o ponto mais alto de uma trajetória de reconstrução que começou em 2018. A volta do clube ao profissionalismo depois de décadas longe dos campos fez o povo de São João del-Rei acreditar. A cada novo acesso, cada novo título, a cidade crescia junto com o time. Não se tratava apenas de vitórias esportivas, mas de um resgate cultural. As camisas alvinegras pelas ruas, os bares cheios em dias de jogo, as conversas no mercado sobre quem seria o próximo adversário. O Athletic era, e é, um orgulho que transcende o futebol.

E não são apenas os torcedores que sentem o impacto. O comércio local vibra com os dias de jogo. As pousadas, os restaurantes, os ambulantes – todos veem a cidade respirar um ar diferente, cheio de expectativa. Em dias decisivos, como o confronto contra o Londrina, que garantiu o acesso à Série B, o Joaquim Portugal, pequeno e acolhedor, se transforma. É o caldeirão alvinegro, onde os sonhos de uma cidade inteira ganham corpo e alma.

Para além do campo, o Athletic representa uma esperança renovada. Cada passo do clube rumo ao crescimento é também reflexo da possibilidade de ascensão para a região do Campo das Vertentes. O futebol, que tantas vezes é tratado como simples entretenimento, aqui se mostra um agente de transformação. A SAF, as contratações de impacto, como Loco Abreu e Ricardo Oliveira, a modernização da estrutura – tudo isso contribuiu para colocar São João del-Rei no mapa do futebol nacional.

Agora, com o acesso à Série B, a cidade sonha mais alto. Quem sabe, em um futuro não tão distante, o Athletic não chegue à elite do futebol brasileiro? O que antes parecia impossível hoje soa como uma meta palpável.

São João del-Rei sempre foi conhecida por sua história, sua arquitetura e seu patrimônio cultural. Agora, ao lado de tudo isso, estará o futebol, que encontrou no Athletic seu mais novo símbolo de resistência, garra e ambição. Não é só o clube que subiu de divisão. A cidade inteira subiu junto. E cada torcedor, seja no estádio ou no sofá de casa, sabe disso. A Série B do Brasileirão é o próximo palco, mas a vitória maior já foi conquistada: o coração de São João del-Rei bate mais forte e o som que se ouve é o hino do Athletic.

A Seleção Brasileira e o descompasso na expectativa

25 de Setembro de 2024, por Vanuza Resende 0

Para quem cresceu com um quadro da Seleção Brasileira pentacampeã no corredor de casa, ver hoje a Seleção em campo é sempre um evento. Aquele peso histórico, a vontade de que os 11 homens ali enfileirados vistam para além do amarelo da Seleção Canarinho a camisa do seu time. Eu vivia pensando: Imagina esse jogador jogando no time pelo qual eu torço! Era um sonho. Mas tudo bem, afinal eles jogavam para um time pelo qual eu também torço, e torço muito: o Brasil. Mas, nos últimos tempos, vivo uma fase em que mais questiono do que celebro.

Não é a primeira vez que nós, torcedores brasileiros, estamos sentindo um misto de frustração e esperança, e certamente não será a última. A questão que fica é: o que está faltando para essa engrenagem voltar a funcionar como antigamente?

A última atuação da Seleção nas Eliminatórias para a Copa do Mundo foi um retrato da fase atual. Uma equipe que, apesar de tecnicamente superior em boa parte dos jogos, ainda parece carecer de algo essencial: coesão. Diniz saiu, Dorival entrou e trouxe um sopro de novidade com seu futebol totalmente flexível. Entretanto, a prática tem se mostrado uma luta entre o que se planeja e o que se entrega em campo.

Depois da derrota para o Paraguai, pensou-se em um risco real de o Brasil, pela primeira vez, ficar fora da Copa do Mundo. Além de torcer muito para que isso não aconteça, eu também acho que isso não vai acontecer. Os seis primeiros colocados garantem vaga ao final das 18 rodadas. O sétimo encara a repescagem. E esse modelo até ajuda o Brasil, pois antes eram apenas os quatro primeiros. E atualmente estamos em quinto lugar. Como ainda faltam 10 jogos para o fim das eliminatórias, é tempo de fazer o coletivo funcionar como uma orquestra bem ensaiada. Porque, por ora, essa sinfonia está bem desafinada.

O que podemos esperar da Seleção Brasileira no futuro próximo? A resposta não é simples, mas, se há algo claro, é que o caminho ainda é de ajustes e paciência. Só que com a crescente pressão e os olhos do mundo voltados para a próxima Copa, a paciência pode ser um artigo de luxo que a torcida já não tem mais. E com razão.

Com o Brasil com atuações tão aquém, sobra ainda mais “ranço” da famigerada data FIFA. Nada parece mais interromper o curso natural das competições de clubes do que essas pausas. Em setembro, em plena reta de competições decisivas nas ligas pelo mundo, os clubes veem seus principais atletas se esgotarem física e mentalmente com longas viagens e jogos que muitas vezes têm mais a ver com cumprir tabela do que com futebol competitivo. E quem paga o preço? O jogador, o clube e o espetáculo. Eu e você, que gostamos de acompanhar bons jogos!

Enquanto o futebol brasileiro se equilibra entre o passado glorioso e o futuro incerto, a FIFA fecha a cortina e volta a abrir daqui a poucos meses. E o pior de tudo? Lá vem mais uma data FIFA.