O autismo, conhecido também pela sigla TEA (Transtorno do Espectro Autista), é uma condição caracterizada pelo comprometimento na comunicação e interação social, associada a padrões de comportamento restritivos e repetitivos. O Autismo é uma realidade presente em milhares de famílias no mundo, demandando não apenas cuidados especiais, mas também conscientização e luta por direitos e inclusão. Em Resende Costa, um grupo de mães uniu forças para enfrentar esses desafios juntas, buscando criar um ambiente inclusivo e acolhedor para seus filhos e para todos que enfrentam o espectro autista.
O “Grupo de Mães e Pais de Autistas de Resende Costa” é uma iniciativa nascida a partir da iniciativa e determinação de Renata Oliveira, educadora e mãe de Luísa, uma garotinha de 9 anos. Sua busca por um ambiente inclusivo para sua filha a levou a conhecer outras famílias que compartilhavam desse mesmo ideal. Em parceria com Clebia Resende, as duas criaram um grupo no WhatsApp, um espaço onde a troca de informações e experiências é o pilar central. “É essencial que as pessoas compreendam o que é o autismo e busquem um ambiente onde nossos filhos possam crescer com inclusão e respeito”, afirma Renata. O grupo, que já existe há oito meses, conta com cerca de 40 famílias e está sempre recebendo novos membros.
O grupo
A força do grupo está na diversidade de experiências e conhecimentos que seus membros compartilham. Pais e mães atípicos, advogados, neuropsicopedagogos, educadores e assistentes sociais estão unidos para enfrentar desafios e buscar soluções para as demandas do grupo. A troca de experiências é a ferramenta principal para combater o preconceito e construir uma sociedade mais inclusiva.
Apesar de ainda não possuir uma sede física e não ser constituído como uma associação formal, o grupo já alcançou vitórias significativas. Conquistou prioridade de atendimento autista na cidade, realizou a Semana da Inclusão e conta com o apoio dos professores.
Clébia Maria Resende, assistente social e mãe de Lucas Resende, de 26 anos, ressalta a importância da união e do conhecimento entre os familiares. “O testemunho sobre as histórias de sucesso impactante é a união e aquisição de conhecimento entre os familiares. Pais e mães de autistas. A troca de experiências, as amizades conquistadas, os desabafos e compartilhamento recíproco dos preconceitos vividos nos fizeram amigos. Conseguimos alguns benefícios para aquelas famílias que não tinham consciência de seus direitos, alcançamos visibilidade na comunidade e assim estamos nos fazendo existir”.
Para Walkiria Aparecida da Silva Brito, mãe de Matheus Brito, 12 anos, e Lucas Brito, 8 anos, o objetivo é claro: esclarecer o autismo à sociedade e combater a falta de conhecimento, o preconceito e os julgamentos que tantas famílias enfrentam diariamente. “O nosso propósito é passar para a comunidade que o autismo não limita as pessoas, mas a forma com que vemos o preconceito sim. O autismo não é uma doença e sim uma forma única de ser e perceber o mundo. A nossa proposta é esclarecer o autismo à sociedade porque a falta de conhecimento, de respeito e os julgamentos são apenas alguns dentre os vários fatores negativos que os pais de autistas enfrentam no dia a dia. Vamos acolher sem julgar, ame porque é o seu próximo, ajude porque é seu dever como cidadão. Se cada um de nós fizer o que nos cabe, o mundo será melhor”.
O Grupo de Mães e Pais Autistas de Resende Costa segue firme em sua luta pela inclusão, respeito e empatia, na busca por um mundo mais compreensivo e acolhedor para todos.
Aspas – São João del-Rei
Em vários municípios, famílias se reúnem em busca de uma vida cheia de possibilidades para aquelas pessoas diagnosticadas com o TEA. Em São João del-Rei, desde 2019, a Aspas – Associação Pró-Autistas de São João del-Rei, reúne informações, promove encontros e eventos no município.
Fundada em 2019, tudo começou pelo WhatsApp. Pais se reuniram em um grupo e promoveram o primeiro encontro de conscientização sobre o autismo. O evento foi um sucesso, mas era preciso ir além. O relato é da diretora, Daniele Muffato. “Até então, nós éramos apenas um grupo de pais. Fizemos umas camisas para nós e vendemos outras 200, além de adesivos. Dessa venda, decidimos criar a associação.”
Desde então, muito trabalho e inúmeras conquistas. Pais de portadores do TEA que lutavam sozinhos para dar mais qualidade de vida aos filhos tiveram acesso a um novo mundo. E o principal: foram acolhidos por pessoas que conheciam bem suas realidades.
A Aspas, atualmente, possui uma sede no bairro Dom Bosco, na rua Bento Ernesto, número 147. Inclusive, é possível ser um associado. Todas as informações estão no site: https://associacaoproautistas.com.br. Por lá, é possível encontrar várias informações, como, por exemplo:
Alguns sinais de autismo observados pelos pais
- Seletividade alimentar repentina
- Atraso na fala
- Choros descontrolados
- Parece não ouvir quando é chamado
- Anda nas pontas dos pés
- Falta de interação com outras crianças na mesma faixa etária
- Pânico em situações nas quais há muitas pessoas
- Leva as mãos aos ouvidos para não escutar alguns barulhos
- Enfileira coisas por tamanhos ou cores
- Hiperfoco em letras e números desde muito pequeno
- Fala palavras difíceis, não comuns a faixa etária
Carteira de Identificação da pessoa com transtorno do espectro autista
A pessoa diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista tem o direito à Carteira de Identificação (Ciptea). A Lei n. 13.977/20, batizada de Lei Romeo Mion, é federal, ou seja, válida em todo o Brasil. O texto altera a Lei Berenice Piana (12.764/2012), que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
De acordo com a nova lei, a Ciptea deve assegurar aos portadores atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social.
O documento facilita o acesso a direitos básicos e essenciais e permite o planejamento de políticas públicas. A pessoa com autismo deve apresentar sua Carteira de Identificação para exigir um atendimento preferencial, entre outros direitos.
A expedição da Carteira é feita pelos órgãos estaduais, distritais e municipais. O responsável legal deve apresentar:
REQUERIMENTO DE SOLICITAÇÃO: Deve constar nome completo, filiação, local e data de nascimento, número da carteira de identidade, número de CPF, tipo sanguíneo, endereço residencial e telefone, além de foto 3×4, assinatura ou impressão digital do interessado. A lei também exige nome completo, documento de identificação, endereço residencial, telefone e e-mail do responsável legal ou do cuidador.
LAUDO MÉDICO: Comprovando o autismo com a identificação do CID – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.
VALIDADE: Cinco anos. O número de identificação será único, mesmo que renovada.
VALOR: A emissão da Ciptea é gratuita.