Faltam poucos minutos para as 18:00 e no Terminal Rodoviário José Pedro dos Santos, em Resende Costa, dois ônibus que fazem a linha de estudantes para São João del-Rei se preparam para a partida. Enquanto isso, um veículo da Viação Presidente realiza manobra para entrar no terminal. Poucos passageiros aguardam no local, exceto alguns estudantes que se encontram na calçada externa da rodoviária.
A cena descrita acima aconteceu na tarde da terça-feira, 26 de julho, quando o JL visitou o Terminal Rodoviário para elaborar essa reportagem, motivada por reclamações de passageiros e motoristas insatisfeitos com a falta de infraestrutura no Terminal, inaugurado em novembro de 1996. “Percebo que os maiores problemas são a falta de cobertura e a escassez de bancos para os passageiros. Em dias de chuva, ou até mesmo quando o sol está escaldante, os passageiros ficam esperando no tempo, do lado de fora da rodoviária”, relata Emanuel José Melo Coelho, o Nenel, taxista e motorista da viação Prisma.
No entanto, o principal problema que afeta os motoristas, sobretudo de ônibus grande, é a manobra exigida para entrar na plataforma de embarque e desembarque. Antes das reformas no trânsito da cidade, ocorridas em 2010, os ônibus chegavam à rodoviária pela Rua Sete de Setembro, eliminando o procedimento atual que obriga os motoristas a manobrarem o veículo para entrar em marcha a ré na rodoviária. “Com a inversão do trajeto, passando agora pela Rua do Rosário (Rua José Coelho), a manobra para entrar no terminal ficou mais enjoada, e ainda tem um poste na esquina, o que dificulta ainda mais. Vocês podem ver que o ônibus quase encosta no chão”, explica Nenel. Para ele, o problema poderia ser solucionado se o poste fosse retirado do local e o terreno nivelado. “Mas ainda tem o problema da falta de cobertura para os passageiros. Geralmente deixamos passageiros idosos aqui, e eles ficam esperando o ônibus em pé, debaixo do sol, ou até mesmo debaixo de chuva”, completa.
O movimento no terminal rodoviário é ainda maior durante o dia, quando embarcam muitos passageiros com destino às comunidades rurais de Resende Costa, e a maioria deles portando muita bagagem, como sacos de retalhos, compras de supermercado etc. O terminal, além de não oferecer assentos suficientes e cobertura, não possui guarda-volumes, fazendo com que os passageiros aguardem o embarque, por longo tempo, com a bagagem na mão, ou amontoada no chão.
Outro motorista, que preferiu não se identificar, também reclamou da posição do terminal e da dificuldade para realizar a manobra de entrada: “Essa é a única rodoviária do mundo em que se entra de ré. E ainda tem aquele poste para dificultar”. Para ele a inversão do trajeto foi positiva, pois “retirou os ônibus do semáforo (instalado no cruzamento das ruas Assis Resende, Ocacyr Alves de Andrade e Avenida Monsenhor Nelson, no Centro da cidade). Imagina se tivéssemos de parar naquele cruzamento?”, indaga o motorista, para quem os problemas no terminal seriam resolvidos com as obras de adequação: “Ou muda a rodoviária de lugar, ou constrói mais plataformas de embarque. É preciso oferecer alternativas para evitar essa manobra. Na verdade, são obras que foram prometidas, mas até agora não foram realizadas, e nem sei se vão ser”.
Para o taxista e motorista da Prisma, Nenel, a inversão do trajeto também foi positiva: “Foi boa para o trânsito, pois evitamos o semáforo e as ruas apertadas. Mas, por outro lado, foi ruim para o acesso dos ônibus ao terminal rodoviário”. O outro motorista aponta mais um problema. Segundo ele, alguns condutores de veículos de passeio não respeitam a placa que indica a proibição da entrada de veículos no terminal, e estacionam no único local, que deveria ser destinado apenas aos ônibus para embarque e desembarque de passageiros.
Reforma já e PONTO final
Os problemas não afetam somente o Terminal Rodoviário. Os pontos de ônibus em Resende Costa também apresentam problemas de infraestrutura. E um fato que prejudica a solução desses problemas está relacionado, sobretudo, ao local onde os pontos foram instalados: a maioria localiza-se em calçadas de casas particulares. Mas de qualquer forma, medidas precisam ser tomadas para proporcionar maior conforto aos passageiros.
A solução de um grande problema pode ser encontrada em simples ações. Para um dos motoristas de ônibus que encontramos na Rodoviária, a construção de guaritas já resolveria grande parte dos problemas enfrentados diariamente pelos passageiros. Ele sugere a instalação de cobertura em pelo menos três pontos de ônibus da cidade que, segundo ele, são os mais usados: Largo do Rosário, hospital e o último, em frente ao Auto Posto Vivas. O motorista sugere ainda a utilização de madeira de demolição e cita como exemplo a cidade vizinha, Coronel Xavier Chaves, que construiu há pouco tempo guaritas em alguns pontos: “Prático e estilizado”, define o motorista entrevistado.
O funcionário da Copasa, Abel Silva, utiliza o serviço de ônibus diariamente, viajando de Resende Costa à Lagoa Dourada e vice-versa. Segundo ele, o que mais incomoda é mesmo a falta de guaritas: “Dentro da cidade, acho que precisamos de guaritas. A minha sorte é que quando está chovendo eu me escondo embaixo da cobertura do Bar da Maura, já que meu ponto fica ao lado”.
A questão é: até quando nos esconderemos de problemas como esse? As reformas necessárias seriam aprovadas não só pelos passageiros, mas também pelos auxiliares de viagem, que precisam descer do ônibus em cada ponto para embarcar as bagagens - ação que em dias de chuva se torna um desafio.
O grande problema que poderia dificultar as reformas está na localização dos pontos. Por exemplo: cobrir o ponto localizado no Largo do Rosário parece inviável uma vez que se situa na calçada de uma casa particular. Mas um transeunte nos dá uma ideia: “transferir o ponto para a praça, em frente à igreja de Nossa Senhora do Rosário, e permitir que o ônibus dê a volta no entorno da praça”. Trata-se de uma sugestão que poderia ser analisada pelas autoridades competentes.
Já os problemas no Terminal Rodoviário José Pedro dos Santos revelam, acima de tudo, sua inadequação para o atual momento em que se encontra a cidade. Diante do aumento populacional de Resende Costa, da expansão das linhas de ônibus e da moderna frota que o utiliza, tem-se hoje um terminal rodoviário problemático, que não mais comporta a demanda de passageiros, além disso, a plataforma de embarque e desembarque é apertada e não está devidamente adequada para receber os ônibus que partem de lá diariamente. O espaço exíguo dificulta a movimentação dos passageiros e o trabalho dos auxiliares de viagem no embarque das bagagens.
Um morador do entorno descreveu o Terminal Rodoviário José Pedro dos Santos como “um grande ponto de ônibus”. Resende Costa já carece de melhorias nos pontos de ônibus e de um terminal rodoviário bem localizado, que atenda a atual demanda, ofereça conforto aos passageiros, possua um posto de atendimento e informações, enfim, que esteja adequado a uma cidade que está, cada vez mais, se desenvolvendo economicamente e ainda recebe turistas de todas as partes do país e do exterior, atraídos pela cultura mineira e pelo artesanato aqui confeccionado e comercializado.
Motoristas e passageiros reclamam da falta de infraestrutura no terminal rodoviário de Resende Costa
Notícia
André Eustáquio / Emanuelle Ribeiro 17/08/20110
