O bastidor e as expectativas do título de Capital Nacional do Artesanato Têxtil


José Venâncio de Resende


Maria Antônia de Sousa, a Toninha, artesã e ex-presidente da ASARC (foto Thiago Morandi)

Sentimento de pertencimento e orgulho, representatividade, visibilidade e incentivo, reconhecimento que fortalece a autoestima, valorização da arte dos teares e oportunidade de negócios. Esses são alguns dos sentimentos manifestados por representantes do setor, nos ambientes público e privado, em depoimentos à reportagem do JL.

Uma vez a cidade tendo conquistado, em 2021, o título de “Capital Mineira do Artesanato Têxtil”, Lucas Lara, chefe da Divisão de Turismo e Artesanato, imaginou que Resende Costa tinha potencial para ir além e “se tornar capital nacional” pois “merecia tal reconhecimento”. “No meio do caminho, nossa vizinha Lagoa Dourada passou de capital mineira para capital nacional do rocambole. Tal fato aguçou em mim o desejo de buscar o título para Resende Costa.”

Essa aspiração, “digamos, um tanto audaciosa”, foi manifestada à deputada federal Ana Pimentel (PT-MG), por ocasião de uma visita que ela fez ao Centro de Atendimento ao Turista (CAT), em Resende Costa, conta Lucas Lara. “A parlamentar mineira não mediu esforços para ser a autora do projeto de lei, que tramitou com celeridade e muito zelo no Congresso Nacional.”

O título reforça a posição da cidade como um ponto de referência para visitantes, turistas e compradores e, sobretudo, traz um sentimento profundo de pertencimento e de orgulho para a comunidade, constata Edmar Assis, secretário municipal de Turismo, Artesanato e Desenvolvimento Econômico. “Cada morador, cada artesão e artesã, sentem ainda mais orgulho de sua arte.  O que tem sido passado de geração em geração agora recebe um reconhecimento ainda maior, e isso valoriza nosso trabalho e nossa cultura.”

“Um reconhecimento desse nível fortalece a autoestima de todos os envolvidos no processo e soma forças ao desenvolvimento turístico da cidade”, reconhece Luís Cláudio dos Reis, artesão e consultor do Sicoob Credivertentes. “Enaltece o presente, reforça a importância do artesanato original e da tradição têxtil do município e cria expectativas de negócios para o futuro.”

E, “finalmente, a cidade ficou conhecida pelo árduo trabalho de enrolar linhas e transformar pedaços de tecidos em tapetes e colchas coloridas, arte entrelaçada às tramas da história de nosso município”, acrescenta Edineia Fernandes Tavares, presidente da Associação das Empresas do Turismo e do Artesanato de Resende Costa (ASSETURC). “É lindo ver como os turistas ficam encantados com a nossa cidade, com o nosso povo, com o nosso artesanato; além de alavancar a economia local.”

De fato, “essa distinção destaca ainda mais nossa cidade no mapa turístico nacional e ajuda a posicionar a marca de Resende Costa como um destino turístico de referência no artesanato brasileiro”, complementa o jornalista e vereador Fernando Chaves. “No presente, já vemos como resultado um aumento da visibilidade e das oportunidades de negócios para nossa cidade.”

 

E o que será do futuro?

O próprio Fernando Chaves responde: “eu entendo que esse e outros títulos e certificações que vêm se concretizando devem ajudar a cidade a buscar um caminho de crescimento sustentável e de maior integração com o mercado nacional, e até internacional!” Nesse sentido, ele considera necessário fortalecer outras linhas de ação, “fundamentais para a valorização do verdadeiro artesanato e do trabalhador artesão de Resende Costa, tais como a Carteira Nacional do Artesão, que identifica o profissional do artesanato e permite políticas públicas segmentadas, e as certificações de procedência, que distinguem o autêntico trabalho manual e criativo no mercado.”

Na mesma tecla, Luís Cláudio observa que essa conquista “aumenta a responsabilidade com a preservação e a valorização do artesanato genuíno, as técnicas autênticas de toda a cadeia produtiva, para que tanto o que é produzido e quem os produz receba de fato a devida valorização”. A isso se acrescentam benefícios, como marketing, preservação cultural e investimentos no setor.

Assim, “a representatividade e a visibilidade” trazidas pelo título conquistado, por sua vez, “estabelecem uma referência oficial a Resende Costa no difícil segmento da produção têxtil artesanal”, reforça Lucas Lara. “Além disso, explicita um incentivo e a promoção de uma produção nacional, marcada pela tradição e compartilhamento de saberes, e voltada à criação de novas oportunidades de emprego e renda, com o fomento do turismo comercial.”

De fato, a nova honraria “promete impulsionar a economia local, atraindo mais visitantes e oportunidades de negócios”, além de enaltecer a herança de Resende Costa, acrescenta Edmar Assis. “A cidade, conhecida por seus tecidos e artesanatos de alta qualidade, agora tem um motivo a mais para celebrar e continuar a tradição que tanto a caracteriza.”

Ao reconhecer e valorizar o “nosso maior patrimônio cultural - a arte dos teares de nossas famílias” –, essa conquista “abre as portas da nossa cidade para o Brasil inteiro e até para o mundo”, confia Edineia Tavares.

Ao reconhecer a história e a tradição de nossa tecelagem artesanal, a nova lei valoriza o trabalho dos artesãos locais e incentiva a expansão do turismo e do progresso econômico local, na visão de Lucas Lara. “Minha principal intenção e motivação são que a visibilidade e o reconhecimento de nosso tradicional artesanato propiciem políticas públicas de valorização do artesão, enquanto mercado de trabalho, mão de obra, arte e sustento. Que venham, por meio da Capital Nacional do Artesanato Têxtil, a perpetuação de nossas técnicas artesanais de tecelagem e a dignidade de trabalho de nossos artesãos.”

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