Esta será a primeira vez que o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) de Resende Costa não disputará eleições municipais, desde a sua fundação, em 1989. O partido surgiu no início do mandato do prefeito Camilo Lélis de Resende Chaves, eleito pelo MDB, com o apoio do então ex-prefeito, ainda emedebista Gilberto José Pinto (1983-88). No cenário nacional, a cisão do MDB resultou na criação, em 1988, dos partidos PMDB e PSDB.
Gilberto Pinto liderou a criação do PSDB em Resende Costa, época em que lideranças nacionais, como Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, visitavam os estados para consolidarem o partido. A comissão provisória, instalada a pedido do deputado federal Aécio Neves, era formada ainda por João Bosco Pinto Lara (João do Góes), Sebastião de Mendonça Chaves (Tião do Zezeca), José Humberto Chaves (Beto do Zé do Zezeca) e Gilberto Alves Lourdes (Gilberto do Miro).
Ao longo do tempo, novos nomes ingressariam no partido, como Agenor Gomes Neto (já falecido), Geraldo Maia de Oliveira (Pimpa), José Antônio de Sousa Gomes, Domingos Galeno dos Reis (já falecido), Mauricio de Souza Chaves e muitos outros. Nessa época, Adenor Amadeu Resende Coelho (então vereador), o médico Paulo Cezar Fortuna Dias, Antônio Marcos de Sousa Melo (Pituca) e Ivan Barbosa, entre outros, pertenciam ao antigo PFL (Partido da Frente Liberal). Só depois iriam trocar de partido, aderindo ao PSDB local.
Primeiro prefeito
Desde a sua fundação, o PSDB disputou todas as eleições e dirigiu o município de Resende Costa por várias vezes. O primeiro prefeito eleito pelo partido foi José Rosário Silva, que administrou o município no período de 1997-2000. O fim do mandato de José Rosário coincidiu com o início da reeleição, mas ele não se recandidatou, deixando o caminho livre para o retorno de Gilberto Pinto.
Filho do sapateiro Sílvio da Adelaide, José Rosário é formado em Direito pela UFMG e em Gestão Pública pela Fundação Dom Cabral. Depois de 35 anos em Belo Horizonte, ele voltou para Resende Costa, onde abriu uma Casa de Carne. Incomodado com os problemas nas relações com os clientes (fruto do pagamento pelo sistema de “caderneta”), em 1994 fundou a Associação Comercial, com o apoio do gerente do Banco do Brasil na época, reunindo cerca de 100 filiados.
Eleito presidente da Associação, a repercussão do seu trabalho na entidade fez com que, inicialmente, José Rosário recebesse um convite para ser candidato a vereador, do qual declinou. Num segundo momento, ele foi procurado por Gilberto Pinto para liderar a chapa à prefeitura. “A dois dias da convenção, fui convocado para a reunião, no Teatro Municipal, que definiu o candidato. O Dr. Paulo (médico) desistiu da candidatura e eu aceitei o desafio.” Na coligação com o PDT, foi indicado para o vice da chapa o nome de Silvério Nivaldo de Assis, da Jabuticaba.
Depois de algumas semanas entre Resende Costa, São João del-Rei e Belo Horizonte “para organizar a papelada do partido”, José Rosário recebeu apoio publicitário do deputado federal Aécio Neves e um showmício do deputado estadual Baldonedo Napoleão. “Na época, gastei R$2.000,00 com a campanha. O Dr. Paulo Dias andou muito comigo em busca de votos.”
Volta de Gilberto
Gilberto Pinto, que fora prefeito ainda na época do antigo MDB, assumiu, pela segunda vez, em 2001, a administração municipal (vice Antônio Aparecido de Sousa, o Totonho do Jandico), desta vez pelo PSDB. O ex-prefeito José Rosário foi escolhido secretário municipal da Saúde “por sugestão de Andrea Neves, braço direito de Aécio”. Gilberto Pinto foi reeleito à prefeitura em 2005, tendo como vice o médico Paulo Dias.
Ao longo da sua jornada, o PSDB perdeu eleições em 2008 com a chapa do médico Paulo Dias e Aurélio Suenes Resende (vice) na disputa com Adilson Avelino de Resende (PT). E o próprio Gilberto Pinto foi derrotado em 2012 por Aurélio Suenes (candidato pelo pequeno PRTB), que tinha como vice Toninho Ribeiro, indicado pelo MDB.
Amadeu Coelho conta que abonou a ficha de ingresso no partido de José Gouvea Filho, o Zinho Gouvea, que se tornaria vereador (em 2005), presidente da Câmara Municipal, vice-prefeito de Aurélio Suenes (segundo mandato) e prefeito eleito nas últimas eleições (2022). “Foi com muita honra que eu convenci o Zinho a ser filiado do PSDB e que abonei a ficha dele para ser candidato.” No último pleito, o partido elegeu Zinho Gouvea, num acordo que envolveu o PSD de Lucas Vale e o MDB.
No momento, o diretório local do PSDB está inativo, mas várias pessoas continuam filiadas ao partido, como é o caso do prefeito afastado Zinho Gouvea. Com base em levantamento recente, o ex-prefeito José Rosário estima em 120 a 140 o número de pessoas ligadas ao PSDB local. Um “patrimônio humano”que precisa ser conservado e valorizado.
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