Meio Ambiente

O pavimento asfáltico e a questão ambiental

29 de Marco de 2023, por Instituto Rio Santo Antônio 0

Adriano Valério Resende

 

A pavimentação mais utilizada no Brasil é o asfalto, principalmente em vias de tráfego intenso, que são as rodovias e as avenidas. Nas áreas urbanas tem aumentado o seu uso, até mesmo no recobrimento de pavimentos já existentes, sejam eles de pedras, paralelepípedos ou pisos intertravados (bloquetes), como é o caso de Resende Costa. Mas, o que parece ser uma solução rápida para as prefeituras, ao longo do tempo pode se tornar um problema, tanto no quesito durabilidade quanto no ambiental.

A utilização do asfalto remonta ao período antes de Cristo, por exemplo, com os babilônios e os gregos. Na América, no início do período colonial, ele foi encontrado in natura pelos europeus na Venezuela, mais especificamente na Ilha de Trindade. Era utilizado inicialmente como impermeabilizante, selando reservatórios, aquedutos e cascos de navios. As primeiras pavimentações asfálticas foram realizadas ainda na Antiguidade, no Oriente Médio.

O asfalto tem origem no petróleo, podendo ser obtido naturalmente em lagos pastosos (lagos de asfalto) ou artificialmente, em escala industrial, através do aquecimento do óleo bruto nas refinarias, passando por processos físicos e químicos (destilação fracionada). Os subprodutos asfálticos são os materiais que permanecem no fundo da torre de destilação, que são os asfaltenos, resinas e hidrocarbonetos pesados (em especial os betumes).

Sobre a questão ambiental, o asfalto, por ser um subproduto do petróleo, é um combustível fóssil não renovável e sua utilização causa danos ambientais, tanto na extração quanto no beneficiamento. O componente asfalteno faz parte de uma das classes de compostos químicos mais poluentes. Alguns tipos de asfalto utilizam o querosene como solvente, que pode contaminar o solo quando aplicado em excesso e sua evaporação pode causar danos aos trabalhadores. Já existem pesquisas mostrando que, mesmo depois de implantado, o asfalto continua a liberar misturas complexas poluentes, em especial para as águas. Outra questão a ser mencionada é a emissão de material particulado fino em dias muito quentes.

No que se relaciona à pavimentação, a sua utilização tem pontos negativos e positivos. As desvantagens são: o pavimento asfáltico é impermeabilizante, o que não permite a infiltração da água da chuva, favorecendo o escoamento rápido e, consequentemente, as enchentes; o custo-benefício do asfalto depois de instalado é mais elevado, uma vez que é necessário fazer manutenções periódicas; esse pavimento é o que mais absorve calor por causa, principalmente, do albedo, o que gera desconforto para os pedestres nas grandes cidades; ele é menos resistente às variações diurnas de temperatura e de umidade (o que é comum em clima tropical como o nosso), causando maior incidência de trincas, rachaduras e até a desintegração total.

As vantagens são: é um pavimento silencioso para o trânsito de veículos e flexível, visto que sua estruturação feita em múltiplas camadas permite boa resistência às tensões sobre a faixa de rolamento; seu tempo de aplicação é menor do que o pavimento de concreto e a execução é feita por máquinas automatizadas; é um piso impermeável, quando bem feito, protege todo o pavimento contra infiltração, ferrugem e outros fenômenos; os veículos geralmente transitam com maior rapidez e segurança, já que a aderência dos pneus nesse material é maior.

É notório que a pavimentação de ruas melhora a mobilidade de veículos e de pessoas e evita transtornos como poeira e lama. O asfalto é uma das várias opções para calçamento de ruas e muitas vezes é tido como sinônimo de progresso. Inicialmente, sua utilização parece ser vantajosa, mas, em curto prazo, há sérias desvantagens. Por isso, a utilização de pavimentos mais ecológicos deve ser valorizada e mantida em ruas de baixo tráfego, a exemplo do piso intertravado e do paralelepípedo.

Em Resende Costa, existem basicamente quatro tipos de revestimentos nas ruas: pedras quebradas de gnaisse, paralelepípedos de granito, bloquetes de concreto e asfalto. Recentemente, quase todas as ruas de pedras foram cobertas com asfalto, o que é bem visto pela maioria dos moradores. No entanto, precisamos ter um olhar mais crítico sobre a questão.

 

(Falaremos sobre os calçamentos de Resende Costa na próxima edição)

Trinta anos da ECO-92

19 de Marco de 2023, por Instituto Rio Santo Antônio 0

Entre os dias 3 e 14 de junho de 1992 foi realizado no Rio de Janeiro um evento ambiental que ficaria na história: a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como Cúpula da Terra, Rio-92 ou ECO-92. Reuniram-se representantes de 179 países, sendo 108 líderes políticos e milhares de representantes de associações ambientais. O grande desafio até então era conciliar desenvolvimento econômico e social com a preservação dos ecossistemas terrestres.

Os antecedentes e as bases da ECO-92 foram a primeira Conferência sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo na Suécia em 1972, e o Relatório Brundtland, também conhecido como Nosso Futuro Comum, publicado em 1987 pela ONU. Esse Relatório apresentou o contraste existente entre alta produção/consumo exagerado de bens com a ideia de sustentabilidade, enfatizou a questão da destruição ambiental e apontou a melhor forma para combatê-la. Nesse sentido, foi introduzida a ideia do desenvolvimento sustentável, que é utilizada até os dias atuais. Eis a definição original: “Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas” (CMMAD, 1987).

Além de verificar a execução dos princípios da Declaração de Estocolmo, a ECO-92 oficializou o conceito de desenvolvimento sustentável. Assim, foi trazido para debate uma proposta até então inovadora, que relacionava questões ambientais, econômicas e sociais. Na Conferência, os líderes mundiais assumiram compromisso pela defesa do desenvolvimento sustentável, ressaltando sua importância para a redução dos impactos ambientais causados pelo homem, que se mostravam cada vez mais intensos. Outros assuntos abordados foram as mudanças climáticas, a necessidade de se preservar a biodiversidade e diminuir os desmatamentos.

Os participantes da ECO-92 chegaram ao consenso de que os países ricos possuíam um padrão de desenvolvimento que se fosse atingido pelos países em desenvolvimento poderia causar impactos irreversíveis ambientalmente. Ressalta-se que, por ter sido sediada no Brasil, o país se tornou um grande protagonista e defensor da questão ambiental.

A participação da sociedade civil foi muito importante no evento. Além das reuniões oficiais, vários encontros, abordando as temáticas discutidas na ECO-92, foram promovidos pela sociedade civil. Para se ter uma ideia, participaram do evento cerca de 1.400 organizações não-governamentais de diversas nacionalidades, representando interesses variados. Tal participação deixava claro que a questão ambiental não é responsabilidade só dos chefes de Estado, os cidadãos também estão envolvidos e possuem um papel importantíssimo nessa temática.

A Conferência resultou na elaboração dos seguintes documentos oficiais: Carta da Terra; Convenções sobre Biodiversidade Biológica, Desertificação e Mudanças climáticas; Declaração de Princípios sobre Florestas; Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento e Agenda 21. Os dois últimos foram considerados os mais importantes.

A Agenda 21 foi um plano de ações com o objetivo de elaborar e implementar medidas voltadas ao desenvolvimento sustentável e assim criar soluções para os problemas socioambientais em cada localidade do globo. Já a Declaração do Rio foi um documento contendo 27 princípios universais com o intuito de estabelecer um acordo internacional capaz de respeitar o direito de todos os povos e comunidades de estabelecer uma vida produtiva e harmônica com a natureza e reconhecer a importância da cooperação internacional para implementação do desenvolvimento sustentável.

Após a ECO-92, foram realizadas mais 3 Conferências Mundiais: Rio+10, Rio+20 e Estocolmo+50.Todas elas convergem para as mesmas questões fundamentais: limitar o poder do homem de alterar a natureza e a necessidade de preservá-la garantindo a continuidade da vida na Terra. No entanto, as metas e as ações continuam sendo postergadas. Por fim, a pergunta é: até quando?

 

Luíza Barbosa Guimarães – aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG.

Adriano Valério Resende – Professor CEFET/MG.

A COP 27 e os desafios do Brasil para 2023

01 de Marco de 2023, por Instituto Rio Santo Antônio 0

Bruna Moura Barboza*

Adriano Valério Resende**

 

Entre os dias 6 e 18 de novembro de 2022 ocorreu a COP 27, na cidade de Sharm El-Sheikh, no Egito. O objetivo principal do encontro foi reafirmar as metas traçadas anteriormente a fim de acelerarem as ações a respeito das mudanças climáticas, especialmente na questão da redução da emissão de gases causadores do efeito estufa. O Brasil, que historicamente ocupa uma posição de centralidade na questão ambiental, assumiu o compromisso de diminuir o desmatamento e as queimadas na Amazônia.

Realizadas anualmente, as chamadas Conferências das Partes ou COPs são eventos que reúnem os 198 países membros da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC – sigla em inglês), com a intenção de avaliar as condições das mudanças climáticas no mundo. O encontro é organizado pela ONU, dura duas semanas e, atualmente, é a maior conferência anual associada ao clima. A dinâmica das reuniões envolve acordos e metas nacionais ou globais traçados pelo consenso entre os participantes. A primeira edição do evento aconteceu em 1995 em Berlim, na Alemanha, e desde então foram realizadas 27 reuniões.

Na COP 27, as discussões versaram, principalmente, sobre a urgência climática e os planos para diminuir seus efeitos, tendo em vista as metas e os pactos estabelecidos pelo Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015. Outras questões pautadas foram: adoção de medidas para reduzir o desmatamento, especialmente na Amazônia; transição energética, com a promoção de energias renováveis; adoção de práticas mais sustentáveis no agronegócio e auxílio financeiro aos países menos desenvolvidos. Foi criado também um Fundo de Perdas e Danos com o intuito de indenizar os países mais expostos a problemas causados por eventos climáticos extremos. O documento oficial da conferência mencionou ainda a insegurança alimentar como uma das causas do aquecimento global, porém não especificou a participação dos sistemas agrícolas na liberação de CO2.

Se por um lado a reunião agradou, por outro decepcionou, já que não apresentou metas objetivas para limitar o aquecimento global a 1,5ºC até o ano 2100. Além do mais, não houve avanço quanto à diminuição do uso de combustíveis fósseis. E, atualmente, diante do cenário criado pela guerra Rússia x Ucrânia e pela intensificação das mudanças climáticas, a COP 27 se torna ainda mais importante, isso porque as relações internacionais passam por um momento instável, mostrando ser necessária a reafirmação das metas e dos acordos propostos anteriormente. Cabe destacar que os países que mais emitiram gases estufa desde 1850 são: EUA, China, Rússia, Brasil e Indonésia. Os dois últimos devido ao desmatamento e alterações no uso do solo.

O Brasil, na COP 27, reforçou o compromisso em cumprir a meta traçada anteriormente, que almeja reduzir em 43% a emissão de gases estufa até 2030, em comparação com o ano de 2005. Para isso, será necessário frear o desmatamento e a degradação ambiental da floresta amazônica, já que essa é a principal causa da emissão de CO2. Além disso, o país defendeu o desenvolvimento econômico sustentável, o uso de energia renovável e a preservação das florestas.

No evento, o Brasil apresentou o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado em 2017 e almeja recuperar 12 milhões de hectares até 2030, com foco nas áreas de preservação permanente, reserva legal e terras degradadas com fertilidade baixa. O país ainda apresentou seus planos para gerar energia eólica offshore e para aumentar a proteção da Amazônia.

A nova ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, visando reverter o estado crítico no âmbito ambiental e honrar o Acordo de Paris, criou a Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Territorial e Fundiário, que tem o objetivo de alcançar o desmatamento zero. Até março de 2023, serão criados a Autoridade Nacional de Segurança Climática e o Conselho Nacional sobre Mudança do Clima, sendo este último comandado pelo Presidente Lula e contará com a participação de todos os ministérios. Por fim, ao que tudo indica, o quesito ambiental será uma das prioridades do novo governo.

 

*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

**Professor - CEFET/MG

População, pobreza e meio ambiente

21 de Dezembro de 2022, por Instituto Rio Santo Antônio 0

Adriano Valério Resende

 

Conforme informações da Organização das Nações Unidas - ONU, no dia 15 de novembro de 2022 a população mundial chegou aos 8 bilhões de habitantes. O crescimento populacional ainda não se estabilizou, o que é um problema socioambiental, visto que quanto mais habitantes no planeta, maior é a demanda por recursos naturais.

Até o início do século XIX, o aumento da população foi lento, pois, apesar de uma uma alta taxa de natalidade, a mortalidade também era alta, o que contribuía para, naturalmente, equilibrar a população. O desequilíbrio aconteceu com a diminuição da mortalidade, isso devido a vários fatores: urbanização, medidas de saneamento básico nas cidades, surgimento de procedimentos para garantir saúde e segurança aos trabalhadores, invenção das vacinas, descoberta da penicilina, entre outros.

Para se ter uma ideia, a humanidade demorou séculos para chegar à casa de um bilhão de habitantes, o que aconteceu por volta de 1802. Após 125 anos, em 1927, chegou-se a 2 bilhões. Em 1960, 33 anos depois, atingiu-se 3 bilhões. E assim foi: 4 bilhões em 1974, 5 bilhões em 1985, 6 bilhões em 1999, 7 bilhões em 2011 e 8 bilhões agora em novembro. As previsões apontam para 9 bilhões em 2037 e 10 bilhões em 2057.

Cabe destacar que os países desenvolvidos estabilizaram o seu crescimento demográfico ao longo do século XX. Atualmente, algumas nações europeias e o Japão estão enfrentando a situação invertida, o crescimento negativo (morrem mais pessoas do que nascem), além do envelhecimento da população. Os países da América Latina, no geral, estão em processo de estabilização demográfica. A Ásia e a África estão em franco crescimento demográfico. A primeira deve se estabilizar por volta de 2050. Mas, abriga os dois países mais populosos do planeta, China e Índia, que juntos possuem mais de 1/3 da população mundial. Para a África, não há previsão de estabilização do crescimento populacional e é justamente o continente mais pobre.

Sobre o Brasil, o decréscimo da natalidade se tornou progressivo a partir dos anos 2000. A taxa de fecundidade (número médio de filhos por mulher) brasileira está em torno de 1,7. Sabendo-se que a taxa de reposição da população, considerada pela ONU, é de 2,1. O Brasil é o sétimo país mais populoso e estamos perto de ter 215 milhões de habitantes.

Dentre as teorias demográficas, uma nos chama atenção por relacionar crescimento demográfico e meio ambiente: o ecomalthusianismo. Essa teoria afirma que o elevado crescimento populacional demanda cada vez mais a retirada de recursos naturais, especialmente de áreas de grande biodiversidade e que precisam ser preservadas, como, por exemplo, a Amazônia. Assim, afirma-se que há um desequilíbrio entre o aumento da população e a disponibilidade de recursos naturais. Fala-se ainda da questão da resiliência da natureza, ou seja, sua capacidade de resistir e de se recuperar frente às crescentes intervenções humanas.

É bom lembrar que estamos num mundo capitalista e consumista. Tomemos como base dois países, Estados Unidos e China. O primeiro é atualmente o cabeça do capitalismo, responsável por 15% do consumo de bens no planeta, apesar de ter 6% da população mundial (337 milhões de pessoas). A China está prestes a se tornar a maior economia do mundo e em 2012 se tornou um país urbano (a maior parte da população está nas cidades). Ao se urbanizar, o poder de consumo aumenta. Se pensarmos que o país é o mais populoso do mundo, com 1,42 bilhões de pessoas, o que acontecerá com o planeta se os chineses atingirem o padrão de consumo médio de um estadunidense?

Ainda temos aqueles que defendem o desenvolvimento sustentável como solução, cujos pilares são: crescimento econômico, preservação ambiental e justiça social. Porém, a relação entre crescimento demográfico e desenvolvimento sustentável é complexa, visto que pobreza, degradação ambiental e aumento da população caminham juntos.

Por fim, diante da quantidade de habitantes do planeta e da perspectiva de aumento populacional em áreas pobres, precisamos repensar duas premissas do capitalismo: consumo exagerado e desigualdade social. Visto que alguns estudos já apontam que o planeta está chegando ao limite da resiliência.

Metano: um dos vilões do efeito estufa

23 de Novembro de 2022, por Instituto Rio Santo Antônio 0

Júlia de Oliveira Rosa*

Adriano Valério Resende**

 

São recorrentes na mídia falas sobre as consequências do aquecimento global e também sobre a necessidade de o homem diminuir a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. Dentre esses gases, o metano é um dos mais agressivos. Por outro lado, o calor liberado pela sua queima gera energia que pode ser aproveitada de diversas formas. Vamos analisar melhor a questão.

Primeiramente, precisamos entender o que é o efeito estufa. Ele é um fenômeno que acontece naturalmente e é fundamental para a vida no planeta. Em outras palavras, o calor irradiado (refletido) pela superfície terrestre é retido por alguns gases presentes na atmosfera. Isso é o que mantém a Terra aquecida, evitando-se a dispersão do calor para o espaço exterior. Esse fenômeno é fundamental para o equilíbrio térmico do planeta, portanto, para a sobrevivência da biosfera. Se fizermos uma comparação cotidiana, seria como um carro exposto ao sol. Os raios solares atravessam o vidro, mas o calor não consegue sair, tornando quente o interior do veículo.

A partir da Primeira (século XVIII) e da Segunda (século XIX) Revoluções Industriais, o homem começou a utilizar intensamente os combustíveis fósseis como fonte de energia. A queima desses combustíveis (carvão mineral, gás natural e especialmente o petróleo), as queimadas e os desmatamentos contribuem para o aumento da concentração dos gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera, provocando o aumento da temperatura. Isso é o que é chamado de efeito estufa antrópico ou aquecimento global. Portanto, o problema não está no efeito estufa, que é natural, mas na sua intensificação.

Entre as consequências do aquecimento global, estão diversos problemas socioambientais, como o derretimento das calotas polares, aumento do nível dos mares, morte de espécies, danos aos ecossistemas, aumento da proliferação de vírus e pragas.

Os principais gases estufa são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonetos (CFC’s), ozônio (O3) e o vapor de água (o único que não é gerado diretamente pelas atividades antrópicas). Destaca-se que o metano é responsável por 15 a 20% do efeito estufa antrópico e sua concentração na atmosfera aumentou em 151% nos últimos 150 anos. A questão é que esse gás tem um potencial de aquecimento global (GWP) maior que o dióxido de carbono, isto é, absorve cerca de 21 vezes mais radiação infravermelha. Daí ser um dos vilões do efeito estufa.

O metano é uma substância apolar, estando como primeiro membro da série dos alcanos, tem massa molar 16 g/mol e densidade em torno de 0,7 kg/m³. É ainda um gás incolor, inodoro (sem cheiro), possui pouca solubilidade em água e pode ser explosivo quando adicionado ao ar. Ele é encontrado naturalmente nos pântanos em processos nos quais há decomposição (fermentação anaeróbia) de material orgânico. Curiosamente, Alessandro Volta, quando descobriu o gás em 1778, lhe deu o nome de “gás do pântano”. As fontes antropogênicas estão ligadas principalmente a reservatórios de hidrelétricas, lavouras de arroz irrigadas por inundação, criação confinada de animais, aterros sanitários, queima de combustíveis fósseis e alguns processos industriais.

Existem maneiras de reduzir a emissão do metano, mas não é uma tarefa fácil. Algumas ações seriam: utilização de fontes de energia mais limpas, mudanças nas composições de vários tipos de produtos, alteração no método de irrigação na cultura do arroz, controle da dieta dos bovinos com a utilização de aditivos alimentares, drenagem de gases nos aterros sanitários e diminuição das queimadas.

Apesar de ser um gás potencial para o aquecimento global, o metano pode ser utilizado como combustível, sendo chamado de biogás. Assim, o gás drenado de aterros sanitários e de biodigestores (equipamento que acelera o processo de decomposição da matéria orgânica, como excretas de animais) pode gerar energia para uso doméstico e industrial.

Por fim, o gás metano é o segundo maior responsável pelo aquecimento global, atrás apenas do gás carbônico. Nesse sentido, a diminuição de sua emissão e as políticas para sua utilização como fonte de energia são fundamentais para o controle de sua concentração na atmosfera.

 

 

*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

**Professor CEFET/MG