Queime depois de ler / Vicky Cristina Barcelona
13 de Junho de 2009, por Carina Bortolini 0
No mês que se passou eu não quis saber de choro. Assisti a dois lançamentos de comédia e ao último filme de uma trilogia divertidíssima, aproveitando para indicar toda ela. Confiram!
QUEIME DEPOIS DE LER (Burn After Reading, EUA/Inglaterra/França)
Gênero: Comédia
Direção: Joel Coen e Ethan Coen
Tempo de duração: 96 min.
Ano: 2008
Os irmãos Coen ficaram famosos ao serem premiados com o filme Fargo (que eu, particularmente, não achei grande coisa), e chegaram ao auge do reconhecimento com Onde os Fracos Não Têm Vez, grande vencedor do Oscar 2008. E aqui estão eles de volta, numa comédia elaborada e recheada de alfinetadas sociais. Osbourne Cox (John Malkovich) é um analista da CIA que, ao ser demitido, sente-se inconformado e decide escrever um livro de memórias. Katie (Tilda Swinton), sua esposa, é amante de Harry Pfarrer (George Clooney), um investigador federal. Frances McDormand, dileta atriz dos Coen, interpreta Linda, funcionária de uma academia, obcecada por realizar uma complexa cirurgia plástica. Há ainda um impagável Brad Pitt no papel de Chad, patético (acreditem!) professor de ginástica e melhor amigo de Linda. Todos esses personagens irão se cruzar quando o CD que contém as memórias ultra confidenciais de Cox cair nas mãos de Linda e Chad, entregue por um faxineiro da academia. Ao perceberem o teor do material, a dupla tentará extorquir Cox, o que resultará numa confusão inesperada. Trata-se de um humor nada óbvio, tampouco unânime. Os mais sensíveis a uma boa direção e ao humor ácido vão adorar. Classificação: 14 anos.
VICKY CRISTINA BARCELONA (Vicky Cristina Barcelona, EUA/Espanha)
Gênero: Comédia / Drama
Direção: Woody Allen
Tempo de duração: 96 min.
Ano: 2008
Aqui estou eu indicando Allen de novo. Fazer o quê se esse senhor não para de produzir coisas boas? A Vicky do título é interpretada pela novata Rebecca Hall, e a Cristina por... Scarlett Johansson, a musa do diretor. Elas são grandes amigas de férias em Barcelona: Vicky está noiva e é um poço de sensatez; já Cristina é liberal e avessa às tradições e convenções. Ao conhecerem o atraente pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida para uma temporada em sua casa em Oviedo, Cristina aceita sem hesitar, e a reticente Vicky acaba convencida a acompanhá-la. O imperfeito triângulo amoroso tornar-se-á ainda mais intrincado quando a ex-mulher do pintor, a impetuosa e passional Maria Elena (Penélope Cruz, tendo recebido o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pela inspirada atuação), der as caras. É um Woody Allen com a libido em alta como há muito não se via. Classificação: 14 anos.
ONZE HOMENS E UM SEGREDO (Oceans Eleven, EUA)
DOZE HOMENS E OUTRO SEGREDO (Oceans Twelve, EUA)
TREZE HOMENS E UM NOVO SEGREDO (Oceans Thirteen, EUA)
Gênero: Ação / Comédia
Direção: Steven Soderbergh
Tempo de duração: 117 min. / 125 min. / 122 min.
Ano: 2001 /2004 / 2007
Que boa idéia teve Soderbergh. Refilmar um sucesso dos anos 70 e abrilhantar tal remake com George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon. Deu tão certo que houve mais duas sequências, ambas muito felizes. No primeiro filme, Danny Ocean (Clooney) mal sai da prisão e convoca dez amigos para a realização de um roubo espetacular, cada um contribuindo com seu talento ou dom especiais. Terry Benedict (Andy Garcia) é o maior rival de Ocean - tendo inclusive conquistado sua mulher, Tess Ocean (Julia Roberts), enquanto ele estava preso -, e é dele o cassino do qual os onze homens pretendem roubar uma fábula. Utilizando o mesmo argumento e contando com a presença estelar de Catherine Zeta-Jones, o segundo filme vai a Roma e conta com ótimas tiradas, como aquela em que Tess se passa por ninguém menos que... Julia Roberts. Treze Homens... volta a Las Vegas e tem como ensejo uma vingança: o inescrupuloso dono de cassinos Willie Bank (interpretado pelo incensado Al Pacino) traiu seu sócio, Reuben (Elliott Gould), levando-o a um colapso. Só que Bank não contava com a lealdade dos amigos do sócio: Ocean reúne seu grupo e planeja quebrar a banca do cassino de Bank, no dia de sua ostentosa inauguração. Trata-se de uma trilogia despretensiosa, mas, por isso mesmo, muito convincente e divertida. Será inevitável não torcer para os ladrões. (Comentário dos bastidores: nas filmagens, Clooney, Pitt e Damon se tornaram tão amigos que a intimidade entre eles transpôs-se para a tela. No terceiro filme, principalmente, há várias piadinhas da vida pessoal dos atores, mas faladas pelos personagens. Quem ficar atento, perceberá). Classificação: 12 anos.
QUEIME DEPOIS DE LER (Burn After Reading, EUA/Inglaterra/França)
Gênero: Comédia
Direção: Joel Coen e Ethan Coen
Tempo de duração: 96 min.
Ano: 2008
Os irmãos Coen ficaram famosos ao serem premiados com o filme Fargo (que eu, particularmente, não achei grande coisa), e chegaram ao auge do reconhecimento com Onde os Fracos Não Têm Vez, grande vencedor do Oscar 2008. E aqui estão eles de volta, numa comédia elaborada e recheada de alfinetadas sociais. Osbourne Cox (John Malkovich) é um analista da CIA que, ao ser demitido, sente-se inconformado e decide escrever um livro de memórias. Katie (Tilda Swinton), sua esposa, é amante de Harry Pfarrer (George Clooney), um investigador federal. Frances McDormand, dileta atriz dos Coen, interpreta Linda, funcionária de uma academia, obcecada por realizar uma complexa cirurgia plástica. Há ainda um impagável Brad Pitt no papel de Chad, patético (acreditem!) professor de ginástica e melhor amigo de Linda. Todos esses personagens irão se cruzar quando o CD que contém as memórias ultra confidenciais de Cox cair nas mãos de Linda e Chad, entregue por um faxineiro da academia. Ao perceberem o teor do material, a dupla tentará extorquir Cox, o que resultará numa confusão inesperada. Trata-se de um humor nada óbvio, tampouco unânime. Os mais sensíveis a uma boa direção e ao humor ácido vão adorar. Classificação: 14 anos.
VICKY CRISTINA BARCELONA (Vicky Cristina Barcelona, EUA/Espanha)
Gênero: Comédia / Drama
Direção: Woody Allen
Tempo de duração: 96 min.
Ano: 2008
Aqui estou eu indicando Allen de novo. Fazer o quê se esse senhor não para de produzir coisas boas? A Vicky do título é interpretada pela novata Rebecca Hall, e a Cristina por... Scarlett Johansson, a musa do diretor. Elas são grandes amigas de férias em Barcelona: Vicky está noiva e é um poço de sensatez; já Cristina é liberal e avessa às tradições e convenções. Ao conhecerem o atraente pintor Juan Antonio (Javier Bardem), que as convida para uma temporada em sua casa em Oviedo, Cristina aceita sem hesitar, e a reticente Vicky acaba convencida a acompanhá-la. O imperfeito triângulo amoroso tornar-se-á ainda mais intrincado quando a ex-mulher do pintor, a impetuosa e passional Maria Elena (Penélope Cruz, tendo recebido o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pela inspirada atuação), der as caras. É um Woody Allen com a libido em alta como há muito não se via. Classificação: 14 anos.
ONZE HOMENS E UM SEGREDO (Oceans Eleven, EUA)
DOZE HOMENS E OUTRO SEGREDO (Oceans Twelve, EUA)
TREZE HOMENS E UM NOVO SEGREDO (Oceans Thirteen, EUA)
Gênero: Ação / Comédia
Direção: Steven Soderbergh
Tempo de duração: 117 min. / 125 min. / 122 min.
Ano: 2001 /2004 / 2007
Que boa idéia teve Soderbergh. Refilmar um sucesso dos anos 70 e abrilhantar tal remake com George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon. Deu tão certo que houve mais duas sequências, ambas muito felizes. No primeiro filme, Danny Ocean (Clooney) mal sai da prisão e convoca dez amigos para a realização de um roubo espetacular, cada um contribuindo com seu talento ou dom especiais. Terry Benedict (Andy Garcia) é o maior rival de Ocean - tendo inclusive conquistado sua mulher, Tess Ocean (Julia Roberts), enquanto ele estava preso -, e é dele o cassino do qual os onze homens pretendem roubar uma fábula. Utilizando o mesmo argumento e contando com a presença estelar de Catherine Zeta-Jones, o segundo filme vai a Roma e conta com ótimas tiradas, como aquela em que Tess se passa por ninguém menos que... Julia Roberts. Treze Homens... volta a Las Vegas e tem como ensejo uma vingança: o inescrupuloso dono de cassinos Willie Bank (interpretado pelo incensado Al Pacino) traiu seu sócio, Reuben (Elliott Gould), levando-o a um colapso. Só que Bank não contava com a lealdade dos amigos do sócio: Ocean reúne seu grupo e planeja quebrar a banca do cassino de Bank, no dia de sua ostentosa inauguração. Trata-se de uma trilogia despretensiosa, mas, por isso mesmo, muito convincente e divertida. Será inevitável não torcer para os ladrões. (Comentário dos bastidores: nas filmagens, Clooney, Pitt e Damon se tornaram tão amigos que a intimidade entre eles transpôs-se para a tela. No terceiro filme, principalmente, há várias piadinhas da vida pessoal dos atores, mas faladas pelos personagens. Quem ficar atento, perceberá). Classificação: 12 anos.
A Outra
16 de Maio de 2009, por Carina Bortolini 0
Que sou aficionada por cinema não é nenhuma novidade, mas nunca mencionei aqui minha outra paixão: os seriados. Desde criança já acompanhava fervorosamente séries americanas como Anjos da Lei, MacGyver, Barrados no Baile, Melrose. Mas foi de uns anos para cá que os seriados passaram a ter status de cinema, seja no que diz respeito à qualidade de produção e roteiro, seja no reconhecimento da crítica, seja na escalação de atores. Se antes só se viam atores saindo dos seriados para estrelar no cinema, hoje é comum o caminho inverso, ou seja, atores de gabarito como Glenn Close (Damages), Charlie Sheen (Two and a Half Men) e Kiefer Sutherland (24 horas) fazem o maior sucesso nas séries em que atuam e enchem suas prateleiras de prêmios. A premiação dos seriados no Globo de Ouro é tão esperada e acirrada quanto a de cinema. E hoje, especialmente para quem tem acesso à TV por assinatura, tem série para todo gosto: drama, suspense, investigação criminal, comédia... O maior fenômeno dos últimos anos, em minha opinião, é Lost. A série conseguiu romper a barreira da televisão, tornando-se um fenômeno multimídia. O (excelente) argumento é o seguinte: um avião cai numa ilha, alguns passageiros sobrevivem. Ninguém sabe que ilha é aquela, nem sua exata localização. O resgate não chega, e os sobreviventes começam a presenciar estranhos fenômenos locais: uma espécie de monstro de fumaça mata quem estiver desapercebido, aleijados passam a andar, nativos atacam à noite e, apesar de ser uma ilha tropical, ursos polares também dão as caras. E isso é só o começo. Ao longo das temporadas (serão 6, o canal de TV por assinatura AXN está transmitindo a 5ª), descobre-se que havia um estranho projeto científico na ilha que espalhou estações em todo seu território, há pessoas que parecem não envelhecer e outras dispostas a tudo para.... bem, chega de revelações. Posso dizer que há vários mistérios e eles vão sendo esclarecidos à medida que outros surgem. Os produtores da série (gênios!) juram que já sabem como ela termina desde o primeiro episódio. Recomendo a todos, exceto àqueles que não gostam de se comprometer: você não vai conseguir parar de assistir. A Rede Globo transmite, todo início de ano, uma temporada (este ano transmitiu a 4ª) – o problema é o horário. Estão também disponíveis nas locadoras todas as temporadas. Garanto ser impossível não gostar. Em tempo: há ainda diversas outras séries excelentes, prometo comentar numa próxima edição.
E agora uma indicação de lançamento em DVD:
A OUTRA (The Other Boleyn Girl, EUA/Inglaterra)
Gênero: Drama
Direção: Justin Chadwick
Tempo de duração: 115 min.
Ano: 2008
O canal de TV por assinatura People & Arts transmitiu, em 2007 e 2008, a premiada série The Tudors, a cuja primeira temporada assisti. Tal série acendeu o interesse pelo tema, que gerou o lançamento de livros e também deste filme. Na Inglaterra do Rei Henrique VIII, a Rainha Catarina de Aragão não conseguia dar à luz um herdeiro do sexo masculino – todos nasciam mortos. Tal infortúnio causou o afastamento e desolação do Rei, fato no qual oportunistas frequentadores da corte enxergaram uma chance de ascensão. Thomas Bolena e seu cunhado decidem, então, oferecer sua filha mais velha (e mais bonita, mais inteligente, mais manipuladora, mais experiente, mais desfrutável...), Ana Bolena, ao Rei. O resultado todos já sabem ou ouviram falar: Ana enfeitiça Henrique VIII a ponto do mesmo romper com a Igreja Católica e criar uma nova Igreja, a Anglicana, onde ele passa a ser o chefe supremo – com a finalidade, é claro, de anular seu casamento com Catarina e coroar Ana como a Rainha da Inglaterra. Mas houve um personagem nessa história que nunca mereceu grande destaque: a irmã de Ana, Maria Bolena (a “Outra” do título). Antes de Ana iniciar seu jogo de sedução com Henrique VIII, é a doce e ingênua Maria quem o Rei convida (sendo sutil, pois um convite do mesmo não admitia recusas) para se deitar em seu nobre leito. Sem entrar em maiores detalhes, pode-se dizer que a Bolena caçula padece com o despeito e sagacidade de sua irmã. O elenco é de primeira: Eric Bana dá vida a Henrique VIII, Natalie Portman é Ana Bolena e Scarlett Johansson, Maria. Produção belíssima, figurino impecável e aquela sensação mundana (e deliciosa) de ficar sabendo todos os podres dos soberanos ingleses. Vale a pena. Classificação: 14 anos.
E agora uma indicação de lançamento em DVD:
A OUTRA (The Other Boleyn Girl, EUA/Inglaterra)
Gênero: Drama
Direção: Justin Chadwick
Tempo de duração: 115 min.
Ano: 2008
O canal de TV por assinatura People & Arts transmitiu, em 2007 e 2008, a premiada série The Tudors, a cuja primeira temporada assisti. Tal série acendeu o interesse pelo tema, que gerou o lançamento de livros e também deste filme. Na Inglaterra do Rei Henrique VIII, a Rainha Catarina de Aragão não conseguia dar à luz um herdeiro do sexo masculino – todos nasciam mortos. Tal infortúnio causou o afastamento e desolação do Rei, fato no qual oportunistas frequentadores da corte enxergaram uma chance de ascensão. Thomas Bolena e seu cunhado decidem, então, oferecer sua filha mais velha (e mais bonita, mais inteligente, mais manipuladora, mais experiente, mais desfrutável...), Ana Bolena, ao Rei. O resultado todos já sabem ou ouviram falar: Ana enfeitiça Henrique VIII a ponto do mesmo romper com a Igreja Católica e criar uma nova Igreja, a Anglicana, onde ele passa a ser o chefe supremo – com a finalidade, é claro, de anular seu casamento com Catarina e coroar Ana como a Rainha da Inglaterra. Mas houve um personagem nessa história que nunca mereceu grande destaque: a irmã de Ana, Maria Bolena (a “Outra” do título). Antes de Ana iniciar seu jogo de sedução com Henrique VIII, é a doce e ingênua Maria quem o Rei convida (sendo sutil, pois um convite do mesmo não admitia recusas) para se deitar em seu nobre leito. Sem entrar em maiores detalhes, pode-se dizer que a Bolena caçula padece com o despeito e sagacidade de sua irmã. O elenco é de primeira: Eric Bana dá vida a Henrique VIII, Natalie Portman é Ana Bolena e Scarlett Johansson, Maria. Produção belíssima, figurino impecável e aquela sensação mundana (e deliciosa) de ficar sabendo todos os podres dos soberanos ingleses. Vale a pena. Classificação: 14 anos.
O curioso caso de Benjamin Button / O Leitor
15 de Marco de 2009, por Carina Bortolini 0
Tendo passado o carnaval em Belo Horizonte, aproveitei para assistir a três dos indicados ao Oscar de Melhor Filme. A cerimônia se realizou no dia 22, e teve como grande vencedor Quem Quer Ser Um Milionário?, produção anglo-indiana. Não consegui assistir nem a esse nem a Frost-Nixon, pois não haviam estreado. Minha impressão dos demais – ótima, por sinal - está exposta a seguir.
O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (The Curious Case of Benjamin Button, EUA)
Gênero: Drama
Direção: David Fincher
Tempo de duração: 166 min.
Ano: 2008
Chega a ser inacreditável que um só homem possa ser excelente ator, ótimo pai, marido dedicado e, de quebra, o homem mais bonito do mundo. Pois acreditem, esse homem existe e atende pelo nome de Brad Pitt. E sua consagração profissional vem com o papel do título, pelo qual concorreu ao Oscar de Melhor Ator. Em 1918, ao fim da Primeira Guerra Mundial, nasce Benjamin Button (Pitt). Sua mãe morre no parto e seu pai, assombrado com seu aspecto medonho, o abandona na porta de um asilo. Na verdade, não se tratava de nenhum monstro, mas sim, de um bebê com a aparência e as enfermidades de um velho de oitenta anos e que, com o passar dos anos, rejuvenesce. É então adotado pela dona do tal asilo (Taraji P. Henson, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante), mulher temente a Deus que não questiona a situação atípica de Benjamin. Ainda criança, ele conhece a mulher que amará por toda a vida, Daisy (Cate Blanchett, bela como nunca), com quem terá encontros e desencontros que percorrerão toda a (longa) história. Numa espécie de saga solitária, Benjamin percorre o mundo a bordo de um navio rebocador, se envolve com a esposa (Tilda Swinton) de um espião na gélida Rússia, vê seus amigos morrerem na Segunda Guerra e, finalmente, consegue viver sua história de amor com Daisy. Numa belíssima metáfora sobre a fugacidade da vida e a inexorabilidade do tempo, Benjamin e Daisy se encontram na melhor forma de ambos, belos e jovens. Mas é claro que esta felicidade plena não durará para sempre. É comovente assistir ao rejuvenescimento de Benjamin até a infância e sua consequente desmemoria, bem como ao envelhecimento de Daisy e sua angústia em relação ao destino de seu amado. David Fincher, diretor dos excelentes Seven, Clube da Luta e Zodíaco, distribui doses harmônicas de humor, drama, fantasia e romance em quase três horas de filme, baseado no conto homônimo de F. Scott Fitzgerald. Atenção para a história relatada pela decrépita Daisy, sobre o relógio que andava para trás instalado numa estação de trem da cidade no ano em que Benjamin nasceu – uma demonstração do virtuosismo de Fincher, merecidamente indicado a Melhor Diretor. Ganhou 3 Oscars, nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Direção de Arte e Maquiagem (realmente impressionante!). Foi ainda indicado a Melhor Roteiro Adaptado, Fotografia, Figurino, Edição, Trilha Sonora e Som. Classificação: 12 anos.
O LEITOR (The Reader, EUA/Alemanha)
Gênero: Drama
Direção: Stephen Daldry
Tempo de duração: 124 min.
Ano: 2008
Não é a primeira vez que elogio o extraordinário talento de Kate Winslet nesta coluna. Mas viram só como eu tinha razão? A moça finalmente arrebatou o Oscar de Melhor Atriz, após 6 indicações. Nesta belíssima e intimista história, Michael Berg (interpretado pelo ótimo David Kross na adolescência e por Ralph Fiennes na maturidade) é um garoto de quinze anos que se envolve com Hanna Schmitz (Winslet) na Alemanha pós-2ª Guerra Mundial. Ela, uma mulher abrutalhada com o dobro da idade de Michael. O tórrido caso tem uma poética peculiaridade: antes do sexo, Hanna pede que o garoto leia para ela. Totalmente cativo e dominado por Hanna, Michael fica aterrado quando a mesma desaparece, do dia para a noite. Anos mais tarde, quando o rapaz já é um estudante de direito, ele se surpreende ao assistir a um julgamento em que sua antiga amante é a ré. O julgamento diz respeito aos crimes de guerra cometidos pelos nazistas, e Hanna é acusada por, na função de guarda de um campo de concentração, ter permitido que 300 judias morressem queimadas, dentre outras atrocidades. O horror pelo qual Michael é tomado se mistura a outros sentimentos mais complexos, como a culpa, a cumplicidade, a vergonha. A todos esses sentimentos, soma-se um dilema moral, vez que o rapaz conhece um segredo da ré que mudará o curso do julgamento. O filme acende questionamentos polêmicos ligados ao holocausto, mas que podem gerar reflexões muito hodiernas. Quanto pode ser exigido de uma pessoa que age em obediência à ordem vigente? Quem agiria diferente estando no mesmo contexto? Até que ponto somos inocentes quando testemunhamos uma barbaridade e não fazemos nada a respeito? Até que ponto condenamos um ato quando ele é praticado por alguém que amamos? Kate Winslet colabora esplendidamente para que as respostas a essas indagações se tornem ainda mais obscuras. Faço apenas uma ressalva em relação ao final, prolongado e explicativo demais. Recebeu ainda indicações a Melhor Diretor, Roteiro Adaptado e Fotografia. Classificação: 16 anos.
MILK – A VOZ DA IGUALDADE (Milk/EUA)
Gênero: Drama
Direção: Gus Van Sant
Tempo de duração: 128 min.
Ano: 2008
Desde que assisti a Uma Lição de Amor, Sean Penn é um dos meus atores favoritos. No papel do primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo político nos Estados Unidos, ele levou sua segunda estatueta de Melhor Ator para casa. No início dos anos 70, Harvey Milk (Penn) decide morar com seu namorado Scott (o lindíssimo James Franco) em San Francisco, onde abriram uma pequena loja de revelação fotográfica. O local logo se torna ponto de encontro de ativistas dos direitos dos homossexuais, e Milk se torna um símbolo desse ativismo. Tendo persistido até ser eleito, o mesmo desperta a ira de diversos setores da sociedade, principalmente a direita católica. Mas quem coloca fim à vida de Milk com uma saraivada de tiros antes que ele completasse 50 anos fora um colega de cargo frustrado com sua carreira política e possivelmente recalcado em relação a sua sexualidade. Atenção para a atuação soberba de Josh Brolin (concorreu a Melhor Ator Coadjuvante), no papel do malfadado assassino. Levou ainda o Oscar de Melhor Roteiro Original, tendo sido indicado também nas categorias Melhor Diretor, Edição, Figurino e Trilha Sonora. Classificação: 16 anos.
O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (The Curious Case of Benjamin Button, EUA)
Gênero: Drama
Direção: David Fincher
Tempo de duração: 166 min.
Ano: 2008
Chega a ser inacreditável que um só homem possa ser excelente ator, ótimo pai, marido dedicado e, de quebra, o homem mais bonito do mundo. Pois acreditem, esse homem existe e atende pelo nome de Brad Pitt. E sua consagração profissional vem com o papel do título, pelo qual concorreu ao Oscar de Melhor Ator. Em 1918, ao fim da Primeira Guerra Mundial, nasce Benjamin Button (Pitt). Sua mãe morre no parto e seu pai, assombrado com seu aspecto medonho, o abandona na porta de um asilo. Na verdade, não se tratava de nenhum monstro, mas sim, de um bebê com a aparência e as enfermidades de um velho de oitenta anos e que, com o passar dos anos, rejuvenesce. É então adotado pela dona do tal asilo (Taraji P. Henson, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante), mulher temente a Deus que não questiona a situação atípica de Benjamin. Ainda criança, ele conhece a mulher que amará por toda a vida, Daisy (Cate Blanchett, bela como nunca), com quem terá encontros e desencontros que percorrerão toda a (longa) história. Numa espécie de saga solitária, Benjamin percorre o mundo a bordo de um navio rebocador, se envolve com a esposa (Tilda Swinton) de um espião na gélida Rússia, vê seus amigos morrerem na Segunda Guerra e, finalmente, consegue viver sua história de amor com Daisy. Numa belíssima metáfora sobre a fugacidade da vida e a inexorabilidade do tempo, Benjamin e Daisy se encontram na melhor forma de ambos, belos e jovens. Mas é claro que esta felicidade plena não durará para sempre. É comovente assistir ao rejuvenescimento de Benjamin até a infância e sua consequente desmemoria, bem como ao envelhecimento de Daisy e sua angústia em relação ao destino de seu amado. David Fincher, diretor dos excelentes Seven, Clube da Luta e Zodíaco, distribui doses harmônicas de humor, drama, fantasia e romance em quase três horas de filme, baseado no conto homônimo de F. Scott Fitzgerald. Atenção para a história relatada pela decrépita Daisy, sobre o relógio que andava para trás instalado numa estação de trem da cidade no ano em que Benjamin nasceu – uma demonstração do virtuosismo de Fincher, merecidamente indicado a Melhor Diretor. Ganhou 3 Oscars, nas categorias de Melhores Efeitos Especiais, Direção de Arte e Maquiagem (realmente impressionante!). Foi ainda indicado a Melhor Roteiro Adaptado, Fotografia, Figurino, Edição, Trilha Sonora e Som. Classificação: 12 anos.
O LEITOR (The Reader, EUA/Alemanha)
Gênero: Drama
Direção: Stephen Daldry
Tempo de duração: 124 min.
Ano: 2008
Não é a primeira vez que elogio o extraordinário talento de Kate Winslet nesta coluna. Mas viram só como eu tinha razão? A moça finalmente arrebatou o Oscar de Melhor Atriz, após 6 indicações. Nesta belíssima e intimista história, Michael Berg (interpretado pelo ótimo David Kross na adolescência e por Ralph Fiennes na maturidade) é um garoto de quinze anos que se envolve com Hanna Schmitz (Winslet) na Alemanha pós-2ª Guerra Mundial. Ela, uma mulher abrutalhada com o dobro da idade de Michael. O tórrido caso tem uma poética peculiaridade: antes do sexo, Hanna pede que o garoto leia para ela. Totalmente cativo e dominado por Hanna, Michael fica aterrado quando a mesma desaparece, do dia para a noite. Anos mais tarde, quando o rapaz já é um estudante de direito, ele se surpreende ao assistir a um julgamento em que sua antiga amante é a ré. O julgamento diz respeito aos crimes de guerra cometidos pelos nazistas, e Hanna é acusada por, na função de guarda de um campo de concentração, ter permitido que 300 judias morressem queimadas, dentre outras atrocidades. O horror pelo qual Michael é tomado se mistura a outros sentimentos mais complexos, como a culpa, a cumplicidade, a vergonha. A todos esses sentimentos, soma-se um dilema moral, vez que o rapaz conhece um segredo da ré que mudará o curso do julgamento. O filme acende questionamentos polêmicos ligados ao holocausto, mas que podem gerar reflexões muito hodiernas. Quanto pode ser exigido de uma pessoa que age em obediência à ordem vigente? Quem agiria diferente estando no mesmo contexto? Até que ponto somos inocentes quando testemunhamos uma barbaridade e não fazemos nada a respeito? Até que ponto condenamos um ato quando ele é praticado por alguém que amamos? Kate Winslet colabora esplendidamente para que as respostas a essas indagações se tornem ainda mais obscuras. Faço apenas uma ressalva em relação ao final, prolongado e explicativo demais. Recebeu ainda indicações a Melhor Diretor, Roteiro Adaptado e Fotografia. Classificação: 16 anos.
MILK – A VOZ DA IGUALDADE (Milk/EUA)
Gênero: Drama
Direção: Gus Van Sant
Tempo de duração: 128 min.
Ano: 2008
Desde que assisti a Uma Lição de Amor, Sean Penn é um dos meus atores favoritos. No papel do primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo político nos Estados Unidos, ele levou sua segunda estatueta de Melhor Ator para casa. No início dos anos 70, Harvey Milk (Penn) decide morar com seu namorado Scott (o lindíssimo James Franco) em San Francisco, onde abriram uma pequena loja de revelação fotográfica. O local logo se torna ponto de encontro de ativistas dos direitos dos homossexuais, e Milk se torna um símbolo desse ativismo. Tendo persistido até ser eleito, o mesmo desperta a ira de diversos setores da sociedade, principalmente a direita católica. Mas quem coloca fim à vida de Milk com uma saraivada de tiros antes que ele completasse 50 anos fora um colega de cargo frustrado com sua carreira política e possivelmente recalcado em relação a sua sexualidade. Atenção para a atuação soberba de Josh Brolin (concorreu a Melhor Ator Coadjuvante), no papel do malfadado assassino. Levou ainda o Oscar de Melhor Roteiro Original, tendo sido indicado também nas categorias Melhor Diretor, Edição, Figurino e Trilha Sonora. Classificação: 16 anos.
O medo da verdade / Os indomáveis
07 de Fevereiro de 2009, por Carina Bortolini 0
MEDO DA VERDADE (Gone Baby Gone, EUA)
Gênero: Drama / Policial
Direção: Ben Affleck
Tempo de duração: 116 min.
Ano: 2007
Nunca considerei Ben Affleck um ótimo ator. Para ser gentil, mediano. Mas quando se trata de produzir... Em 1997, ele e Matt Damon ficaram subitamente conhecidos e reconhecidos pelo filme Gênio Indomável. Para quem assistiu à cerimônia do Oscar naquele ano, a cena foi inesquecível: os dois rapazes festejando o merecido prêmio de Melhor Roteiro Original. Dez anos mais tarde, Affleck assume não só o roteiro como também a direção de um longa. O resultado? Um ótimo filme, com ótima fotografia e uma história muito bem amarrada; fugindo do óbvio e da tentação de agradar ao espectador. Casey Affleck (irmão de Ben) é Patrick, investigador particular de um bairro violento. Quando uma menininha de três anos desaparece misteriosamente, sua tia contrata os serviços do rapaz e de sua namorada (a lindíssima Michelle Monaghan). Logo no início das investigações, o jovem casal se depara com o chefe da polícia (Morgan Freeman) e com o detetive oficialmente encarregado do caso (Ed Harris); homens determinados e um tanto misteriosos. Na busca pela verdade, Patrick perceberá que é na rede de relacionamentos escusos da mãe viciada e relapsa da criança que pode estar o possível sequestrador. Mas a verdade pode ser muito mais complexa do que ele poderia prever. Atenção para o louvável desempenho de Amy Ryan, que recebera uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel de mãe da menina. Que Ben Affleck continue atrás das câmeras. Classificação: 14 anos.
OS INDOMÁVEIS (3:10 to Yuma, EUA)
Gênero: Faroeste
Direção: James Mangold
Tempo de duração: 117 min.
Ano: 2007
Eu não sou da época dos bons western e confesso que assisti a pouquíssimos exemplares do gênero. Mas ao notar o quão positivas foram as críticas a este filme, logo me interessei em assisti-lo. Acredito que, para os saudosistas do bom e velho faroeste, é um refrigério. Trata-se, na verdade, de uma refilmagem. Com a excelente prerrogativa de trazer, nos papéis principais, dois astros da maior grandeza: Russel Crowe e Christian Bale. Acho que ambos dispensam apresentações; Crowe enlevou público e crítica com filmes como O Gladiador e Uma Mente Brilhante, e sobre Christian Bale... bem, basta ler a coluna do mês passado. Bem Wade (Crowe) é o típico bandido do Velho Oeste, temido por todos por sua crueldade, frieza e destreza com sua arma (chamada de “A Mão de Deus”). Dan Evans (Bale) é um fazendeiro falido que, desde a amputação de sua perna na Guerra Civil, se esforça, sem sucesso, para tentar manter suas terras e o respeito de sua família. Sua mulher está insatisfeita e preocupada em perder o pouco que a família ainda tem, seu filho mais velho o despreza e culpa pela miséria que se aproxima cada dia mais de suas vidas, e o caçula teme pela integridade física do pai que é constantemente ameaçado por credores. Nesse contexto, Wade e Evans se cruzam, e o rancheiro enxerga aí uma possibilidade de resolver seus problemas: ele se oferece para participar do corajoso grupo que escoltará o bandido – agora preso - até a estação onde o mesmo deve embarcar num trem que o levará à prisão de Yuma, em troca de uma recompensa financeira. Digo corajoso grupo porque todos sabem que o bando do facínora, famoso por sua impiedade, virá resgatá-lo e não poupará ninguém. Wade, por sua vez, permanece tranquilo todo o tempo e parece até mesmo se divertir, tamanha a confiança em seus comparsas. O que ficará manifesto, ao longo do trajeto até a estação, é que Wade e Evans não são tão diferentes assim; apenas fizeram escolhas distintas em suas vidas. Ambos partilham de um senso moral parecido e têm valores sobre os quais não transigem. Wade admira a retidão e a intrepidez genuína de Evans; Evans admira – de forma latente – o senso de humor e o desprendimento de Wade. O resultado dessa relação é um filmaço. Recebeu duas indicações ao Oscar 2008: Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Mixagem de Som. Classificação: 14 anos.
O SONHO DE CASSANDRA (Cassandras Dream, Inglaterra/França/EUA)
Gênero: Drama
Direção: Woody Allen
Tempo de duração: 108 min.
Ano: 2007
Já indiquei dois filmes de Woody Allen nesta coluna, e penso que este terceiro não será o último. Admiro em Allen sua capacidade de se reinventar a cada filme e, ao mesmo tempo, manter um padrão de roteiro e diálogos que o tornam inconfundível e único. Os desajustados irmãos Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrel) decidem comprar um barco usado – batizado de O Sonho de Cassandra -, despendendo um dinheiro que não possuem. Esse é só o início de uma história que começa como uma trapalhada e poderá terminar numa grande tragédia – bem ao gosto do diretor. Terry é um mecânico que gosta de jogar e vive endividado, um irresponsável quase ingênuo. Ian está sempre querendo impressionar, usando os carrões que o irmão conserta para se passar por rico e poderoso. O cenário familiar é uma mãe que humilha incansavelmente o pai por não ter obtido sucesso na vida, sendo este constante objeto de comparação com o “Tio Howard”, o membro bem sucedido da família. E será a chegada do referido tio (o brilhante Tom Wilkinson) que desencadeará... bem, só assistindo. Um dos grandes méritos de Allen neste filme foi extrair de Farell uma ótima atuação, o que até então ninguém havia conseguido. Vale conferir. Classificação: 14 anos.
Gênero: Drama / Policial
Direção: Ben Affleck
Tempo de duração: 116 min.
Ano: 2007
Nunca considerei Ben Affleck um ótimo ator. Para ser gentil, mediano. Mas quando se trata de produzir... Em 1997, ele e Matt Damon ficaram subitamente conhecidos e reconhecidos pelo filme Gênio Indomável. Para quem assistiu à cerimônia do Oscar naquele ano, a cena foi inesquecível: os dois rapazes festejando o merecido prêmio de Melhor Roteiro Original. Dez anos mais tarde, Affleck assume não só o roteiro como também a direção de um longa. O resultado? Um ótimo filme, com ótima fotografia e uma história muito bem amarrada; fugindo do óbvio e da tentação de agradar ao espectador. Casey Affleck (irmão de Ben) é Patrick, investigador particular de um bairro violento. Quando uma menininha de três anos desaparece misteriosamente, sua tia contrata os serviços do rapaz e de sua namorada (a lindíssima Michelle Monaghan). Logo no início das investigações, o jovem casal se depara com o chefe da polícia (Morgan Freeman) e com o detetive oficialmente encarregado do caso (Ed Harris); homens determinados e um tanto misteriosos. Na busca pela verdade, Patrick perceberá que é na rede de relacionamentos escusos da mãe viciada e relapsa da criança que pode estar o possível sequestrador. Mas a verdade pode ser muito mais complexa do que ele poderia prever. Atenção para o louvável desempenho de Amy Ryan, que recebera uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel de mãe da menina. Que Ben Affleck continue atrás das câmeras. Classificação: 14 anos.
OS INDOMÁVEIS (3:10 to Yuma, EUA)
Gênero: Faroeste
Direção: James Mangold
Tempo de duração: 117 min.
Ano: 2007
Eu não sou da época dos bons western e confesso que assisti a pouquíssimos exemplares do gênero. Mas ao notar o quão positivas foram as críticas a este filme, logo me interessei em assisti-lo. Acredito que, para os saudosistas do bom e velho faroeste, é um refrigério. Trata-se, na verdade, de uma refilmagem. Com a excelente prerrogativa de trazer, nos papéis principais, dois astros da maior grandeza: Russel Crowe e Christian Bale. Acho que ambos dispensam apresentações; Crowe enlevou público e crítica com filmes como O Gladiador e Uma Mente Brilhante, e sobre Christian Bale... bem, basta ler a coluna do mês passado. Bem Wade (Crowe) é o típico bandido do Velho Oeste, temido por todos por sua crueldade, frieza e destreza com sua arma (chamada de “A Mão de Deus”). Dan Evans (Bale) é um fazendeiro falido que, desde a amputação de sua perna na Guerra Civil, se esforça, sem sucesso, para tentar manter suas terras e o respeito de sua família. Sua mulher está insatisfeita e preocupada em perder o pouco que a família ainda tem, seu filho mais velho o despreza e culpa pela miséria que se aproxima cada dia mais de suas vidas, e o caçula teme pela integridade física do pai que é constantemente ameaçado por credores. Nesse contexto, Wade e Evans se cruzam, e o rancheiro enxerga aí uma possibilidade de resolver seus problemas: ele se oferece para participar do corajoso grupo que escoltará o bandido – agora preso - até a estação onde o mesmo deve embarcar num trem que o levará à prisão de Yuma, em troca de uma recompensa financeira. Digo corajoso grupo porque todos sabem que o bando do facínora, famoso por sua impiedade, virá resgatá-lo e não poupará ninguém. Wade, por sua vez, permanece tranquilo todo o tempo e parece até mesmo se divertir, tamanha a confiança em seus comparsas. O que ficará manifesto, ao longo do trajeto até a estação, é que Wade e Evans não são tão diferentes assim; apenas fizeram escolhas distintas em suas vidas. Ambos partilham de um senso moral parecido e têm valores sobre os quais não transigem. Wade admira a retidão e a intrepidez genuína de Evans; Evans admira – de forma latente – o senso de humor e o desprendimento de Wade. O resultado dessa relação é um filmaço. Recebeu duas indicações ao Oscar 2008: Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Mixagem de Som. Classificação: 14 anos.
O SONHO DE CASSANDRA (Cassandras Dream, Inglaterra/França/EUA)
Gênero: Drama
Direção: Woody Allen
Tempo de duração: 108 min.
Ano: 2007
Já indiquei dois filmes de Woody Allen nesta coluna, e penso que este terceiro não será o último. Admiro em Allen sua capacidade de se reinventar a cada filme e, ao mesmo tempo, manter um padrão de roteiro e diálogos que o tornam inconfundível e único. Os desajustados irmãos Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrel) decidem comprar um barco usado – batizado de O Sonho de Cassandra -, despendendo um dinheiro que não possuem. Esse é só o início de uma história que começa como uma trapalhada e poderá terminar numa grande tragédia – bem ao gosto do diretor. Terry é um mecânico que gosta de jogar e vive endividado, um irresponsável quase ingênuo. Ian está sempre querendo impressionar, usando os carrões que o irmão conserta para se passar por rico e poderoso. O cenário familiar é uma mãe que humilha incansavelmente o pai por não ter obtido sucesso na vida, sendo este constante objeto de comparação com o “Tio Howard”, o membro bem sucedido da família. E será a chegada do referido tio (o brilhante Tom Wilkinson) que desencadeará... bem, só assistindo. Um dos grandes méritos de Allen neste filme foi extrair de Farell uma ótima atuação, o que até então ninguém havia conseguido. Vale conferir. Classificação: 14 anos.
O Suspeito / Batman - O cavaleiro das trevas
11 de Janeiro de 2009, por Carina Bortolini 3
Estou de volta! Venho indicar três lançamentos para começar 2009 com o melhor da sétima arte... Bom entretenimento!
O SUSPEITO (Rendition, EUA/África do Sul)
Gênero: Suspense
Direção: Gavin Hood
Tempo de duração: 120 min.
Ano: 2007
Quando este filme estreou no cinema, fiquei louca para assistir, mas meu filho tinha acabado de nascer!... Finalmente saiu em DVD, e minhas expectativas foram plenamente atendidas. O tema abordado é polêmico e muito atual, um tema que sempre me instigou: o preconceito e o tratamento dispensado a descendentes de muçulmanos nos EUA após 11 de setembro. Anwar El-Ibrahimi (Omar Metwally) é egípcio, mas vive nos Estados Unidos desde criança. Retornando para casa após participar de uma conferência na África do Sul, é retido por autoridades do governo americano ainda no aeroporto, sem saber qual o motivo. É que, dias antes, no Cairo, um ataque terrorista mata, entre outras pessoas, um agente americano. Corrine Whitman (Meryl Streep), poderosa chefe da CIA, manda prender Anwar e apagar seus registros do vôo, usando o egípcio como bode expiatório para dar satisfações à sociedade e ao próprio governo. Reese Whiterspoon interpreta Isabella, esposa de Anwar, grávida de seu segundo filho. Sem se conformar com o desaparecimento do marido, Isabella busca ajuda de um velho amigo, que agora é assessor de um senador influente (Alan Arkin). Jake Gyllenhaal, o excelente cowboy gay de O Segredo de Brokeback Mountain, representa o impasse entre o dever e a justiça: analista júnior da CIA, ele acompanha o caso com total repulsa aos métodos nada ortodoxos de arrancar uma confissão de um prisioneiro. Utilizando-se de uma figura jurídica chamada “rendição extraordinária” (daí o nome original do filme, Rendition), Corrine enviou Anwar de volta para o Cairo, onde ele poderia ser submetido a tais torturas sem problemas diplomáticos para os Estados Unidos. Há ainda uma história paralela que definirá o destino dos personagens; a de uma garota egípcia, filha de um influente interrogador-chefe, que se apaixona por um extremista islâmico. Duas horas de cinema de qualidade. Classificação: 14 anos.
BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (The Dark Knight, EUA)
Gênero: Aventura
Direção: Christopher Nolan
Tempo de duração: 142 min.
Ano: 2008
Sou fã de Batman. Um super-herói sem superpoderes, que utiliza somente a inteligência, a tecnologia e a força. Considero os dois primeiros filmes de Batman bons, divertidos. O terceiro e o quarto, um fiasco. Então Christopher Nolan, diretor de filmes noir por excelência, incumbiu-se de apresentar um novo Batman para as telonas. Seu primeiro filme, Batman Begins, trouxe embutido no nome sua essência: era o começo da história do super-herói. Esqueçam o passado; o novo Batman é sombrio e pessimista. O fantástico ator Christian Bale, de Psicopata Americano, O Operário e O Sobrevivente, não poderia ser mais apropriado para esse novo caráter do personagem (muito mais fiel aos HQs, diga-se de passagem). A consagração, entretanto, veio com O Cavaleiro das Trevas. É o amadurecimento do que começou bem no filme anterior. Acertou-se em tudo: roteiro competente, ação excitante e um elenco... Afora Bale, sempre ótimo, não posso deixar de citar a interpretação taciturna de Gary Oldman como o Comissário Gordon e o versátil Aaron Eckhart no papel do promotor Harvey Dent – que guarda uma surpresa. Temos ainda Morgan Freeman e Michael Caine. Mas o filme é mesmo de Heath Ledger: ele é o Coringa definitivo. Isso mesmo, o rapaz de 28 anos preteriu Jack Nicholson! É inaceitável e inacreditável que Ledger tenha morrido, dois meses após o final das gravações, de overdose acidental por medicamentos. Que perda inestimável para a sétima arte! Ele já concorrera ao Oscar de Melhor Ator com sua fabulosa interpretação em O Segredo de Brokeback Mountain, e seu Coringa tinha grandes chances de render-lhe a estatueta. Infelizmente não deu tempo; mas aí está, eternizado e ao alcance de todos, o melhor vilão de todas as adaptações dos quadrinhos para o cinema. É um Coringa amoral, caótico, arruinador. Suas motivações? Ou não as tem, ou as dissimula. A composição do personagem é impecável também externamente: a voz bizarra, a maquiagem tosca e o cabelo ensebado são a afirmação de sua personalidade. Coringa é a melhor parte de um filme primoroso. Eu é que não queria estar na pele de Nolan, tendo que produzir o próximo Batman sem Ledger. Classificação: 12 anos.
SENHORES DO CRIME (Eastern Promises, EUA/Canadá/Inglaterra)
Gênero: Drama / Suspense
Direção: David Cronenberg
Tempo de duração: 100 min.
Ano: 2007
O filme Marcas da Violência, de David Cronenberg e com Viggo Mortensen no papel principal, está na minha lista de “indicáveis” para esta coluna. O que eu não imaginava era que, antes de sugeri-lo, surgiria outra dobradinha do diretor e do ator, tão ou mais bem sucedida. Mortensen, indicado ao Oscar de 2008 por esta atuação, vive Nikolai, o motorista de uma família de mafiosos russos em Londres. Encarregado ainda de apagar as evidências criminosas deixadas pelos negócios da família, Nikolai esbarra em Anna (a sempre fantástica Naomi Watts). Ela é parteira num hospital em que uma garota de 14 anos morre após o parto. De posse do diário da menina, escrito em dialeto russo, Anna percebe que o terrível destino da moça tem ligação com a família para a qual Nikolai trabalha: Semyon (Armin Mueller-Stahl), que é dono de um restaurante, e Krill (o ótimo ator Vincent Cassel), o filho completamente devasso de Seymon. Com cenas arrebatadoras e desconfortáveis da mais crua violência, Cronenberg se torna um ás do gênero. Mortensen, por sua vez, se mostra um ator completo, dedicado, disposto a tudo pelo papel (que o diga uma cena em que luta completamente nu com dois homens). Nikolai é um personagem riquíssimo, cheio de nuances e capaz de se fazer amar e odiar; e Mortensen o torna único. Já vou avisando que o final é abrupto, o que não torna o filme menos excelente. Classificação: 16 anos.
O SUSPEITO (Rendition, EUA/África do Sul)
Gênero: Suspense
Direção: Gavin Hood
Tempo de duração: 120 min.
Ano: 2007
Quando este filme estreou no cinema, fiquei louca para assistir, mas meu filho tinha acabado de nascer!... Finalmente saiu em DVD, e minhas expectativas foram plenamente atendidas. O tema abordado é polêmico e muito atual, um tema que sempre me instigou: o preconceito e o tratamento dispensado a descendentes de muçulmanos nos EUA após 11 de setembro. Anwar El-Ibrahimi (Omar Metwally) é egípcio, mas vive nos Estados Unidos desde criança. Retornando para casa após participar de uma conferência na África do Sul, é retido por autoridades do governo americano ainda no aeroporto, sem saber qual o motivo. É que, dias antes, no Cairo, um ataque terrorista mata, entre outras pessoas, um agente americano. Corrine Whitman (Meryl Streep), poderosa chefe da CIA, manda prender Anwar e apagar seus registros do vôo, usando o egípcio como bode expiatório para dar satisfações à sociedade e ao próprio governo. Reese Whiterspoon interpreta Isabella, esposa de Anwar, grávida de seu segundo filho. Sem se conformar com o desaparecimento do marido, Isabella busca ajuda de um velho amigo, que agora é assessor de um senador influente (Alan Arkin). Jake Gyllenhaal, o excelente cowboy gay de O Segredo de Brokeback Mountain, representa o impasse entre o dever e a justiça: analista júnior da CIA, ele acompanha o caso com total repulsa aos métodos nada ortodoxos de arrancar uma confissão de um prisioneiro. Utilizando-se de uma figura jurídica chamada “rendição extraordinária” (daí o nome original do filme, Rendition), Corrine enviou Anwar de volta para o Cairo, onde ele poderia ser submetido a tais torturas sem problemas diplomáticos para os Estados Unidos. Há ainda uma história paralela que definirá o destino dos personagens; a de uma garota egípcia, filha de um influente interrogador-chefe, que se apaixona por um extremista islâmico. Duas horas de cinema de qualidade. Classificação: 14 anos.
BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS (The Dark Knight, EUA)
Gênero: Aventura
Direção: Christopher Nolan
Tempo de duração: 142 min.
Ano: 2008
Sou fã de Batman. Um super-herói sem superpoderes, que utiliza somente a inteligência, a tecnologia e a força. Considero os dois primeiros filmes de Batman bons, divertidos. O terceiro e o quarto, um fiasco. Então Christopher Nolan, diretor de filmes noir por excelência, incumbiu-se de apresentar um novo Batman para as telonas. Seu primeiro filme, Batman Begins, trouxe embutido no nome sua essência: era o começo da história do super-herói. Esqueçam o passado; o novo Batman é sombrio e pessimista. O fantástico ator Christian Bale, de Psicopata Americano, O Operário e O Sobrevivente, não poderia ser mais apropriado para esse novo caráter do personagem (muito mais fiel aos HQs, diga-se de passagem). A consagração, entretanto, veio com O Cavaleiro das Trevas. É o amadurecimento do que começou bem no filme anterior. Acertou-se em tudo: roteiro competente, ação excitante e um elenco... Afora Bale, sempre ótimo, não posso deixar de citar a interpretação taciturna de Gary Oldman como o Comissário Gordon e o versátil Aaron Eckhart no papel do promotor Harvey Dent – que guarda uma surpresa. Temos ainda Morgan Freeman e Michael Caine. Mas o filme é mesmo de Heath Ledger: ele é o Coringa definitivo. Isso mesmo, o rapaz de 28 anos preteriu Jack Nicholson! É inaceitável e inacreditável que Ledger tenha morrido, dois meses após o final das gravações, de overdose acidental por medicamentos. Que perda inestimável para a sétima arte! Ele já concorrera ao Oscar de Melhor Ator com sua fabulosa interpretação em O Segredo de Brokeback Mountain, e seu Coringa tinha grandes chances de render-lhe a estatueta. Infelizmente não deu tempo; mas aí está, eternizado e ao alcance de todos, o melhor vilão de todas as adaptações dos quadrinhos para o cinema. É um Coringa amoral, caótico, arruinador. Suas motivações? Ou não as tem, ou as dissimula. A composição do personagem é impecável também externamente: a voz bizarra, a maquiagem tosca e o cabelo ensebado são a afirmação de sua personalidade. Coringa é a melhor parte de um filme primoroso. Eu é que não queria estar na pele de Nolan, tendo que produzir o próximo Batman sem Ledger. Classificação: 12 anos.
SENHORES DO CRIME (Eastern Promises, EUA/Canadá/Inglaterra)
Gênero: Drama / Suspense
Direção: David Cronenberg
Tempo de duração: 100 min.
Ano: 2007
O filme Marcas da Violência, de David Cronenberg e com Viggo Mortensen no papel principal, está na minha lista de “indicáveis” para esta coluna. O que eu não imaginava era que, antes de sugeri-lo, surgiria outra dobradinha do diretor e do ator, tão ou mais bem sucedida. Mortensen, indicado ao Oscar de 2008 por esta atuação, vive Nikolai, o motorista de uma família de mafiosos russos em Londres. Encarregado ainda de apagar as evidências criminosas deixadas pelos negócios da família, Nikolai esbarra em Anna (a sempre fantástica Naomi Watts). Ela é parteira num hospital em que uma garota de 14 anos morre após o parto. De posse do diário da menina, escrito em dialeto russo, Anna percebe que o terrível destino da moça tem ligação com a família para a qual Nikolai trabalha: Semyon (Armin Mueller-Stahl), que é dono de um restaurante, e Krill (o ótimo ator Vincent Cassel), o filho completamente devasso de Seymon. Com cenas arrebatadoras e desconfortáveis da mais crua violência, Cronenberg se torna um ás do gênero. Mortensen, por sua vez, se mostra um ator completo, dedicado, disposto a tudo pelo papel (que o diga uma cena em que luta completamente nu com dois homens). Nikolai é um personagem riquíssimo, cheio de nuances e capaz de se fazer amar e odiar; e Mortensen o torna único. Já vou avisando que o final é abrupto, o que não torna o filme menos excelente. Classificação: 16 anos.