Festas rurais em Resende Costa perdem suas características


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Francielle Vale0

fotoO carro de boi é uma das atrações das festas rurais

As festas rurais iniciaram em abril em Resende Costa com atrações tradicionais, como cavalgadas, desfiles de carros de boi, shows, concursos de marcha e outros atrativos para as comunidades e para os visitantes. Atualmente, porém, surgem questionamentos acerca do que realmente vem motivando e movimentando essas festas. Há pessoas que dizem que as festas rurais estão perdendo sua originalidade e, diante disso, propõem maior valorização do homem do campo.

Sobre o sucesso dessas festas, não há dúvidas de que aumenta com o passar dos anos, tendo em vista o movimento e a motivação da população. Vale ressaltar que as festas rurais atraem também pessoas de várias localidades da região. Para falar sobre as festas rurais, o Jornal das Lajes conversou com Marcos Túlio (EMATER) e Adélio Mariano, vice-presidente do conselho do povoado dos Pintos.

Atualmente, as festas não estão mais comemorando a colheita, e por isso buscam outros motivos, frente aos novos objetivos que estão surgindo. De acordo com Túlio, “hoje são chamadas de Encontro de Carros de Boi as festas de Jacarandira, Cajuru, Ribeirão e Curralinho dos Paulas. A festa do povoado dos Pintos é chamada Encontro de São João. Já a festa no povoado do Barracão é dirigida aos violeiros. Todas as festas têm algum evento relacionado aos equinos, como concurso de marcha ou cavalgada, sendo que a mais tradicional é a festa do Ribeirão de Santo Antônio, que acontece há mais de 20 anos”. Falando sobre a verdadeira intenção dessas festas, Túlio diz que “inicialmente era de comemorar a colheita. Porém, com o passar dos anos, perdeu esse foco, pois diante de vários fatores as comunidades deixaram de plantar milho, feijão e outros produtos. Hoje a intenção é manter viva a tradição, principalmente a do carro de boi”.

Adélio Mariano falou sobre o Encontro de São João, que acontece no povoado dos Pintos há 14 anos. Conforme Adélio, a festa é intitulada assim devido à data em que acontece o evento, ou seja, próximo ao dia 24 de junho, sendo então uma festa junina. “A cada ano que passa a festa está se ampliando mais”, disse Adélio. Ele falou sobre a competição entre os povoados, o que faz com que todos os anos as festas evoluem ainda mais, incentivando o produtor rural, além de ser um atrativo para a comunidade.

Segundo Adélio, os custos da Festa de São João são distribuídos da seguinte forma: é feito um convênio com a prefeitura de um valor que cobre aproximadamente 40% do custo da festa, e o complemento desse valor é feito pela comunidade através de leilões, quermesses e vísporas.

Já há preocupações em relação às despesas e lucros oriundos das festas rurais. A EMATER e a Assistência Social do município questionam o fato de que as festas não geram lucro às comunidades rurais. Túlio argumenta que a atual organização dos eventos traz prejuízo às comunidades, uma vez que todo o recurso aplicado vai para fora do município. “Deve-se fazer com que esses recursos se transformem em divisas (dinheiro) para o produtor”, sugere. Túlio acredita que a fórmula para isso é a união de forças dos moradores dos arredores das comunidades com os órgãos públicos envolvidos com os produtores. “Em conjunto encontrarão um meio para manter esses recursos no município”, defende Túlio.

Túlio e Adélio propõem uma parceria para a implementação do Turismo Rural no município, uma vez que já está sendo trabalhada no Povoado dos Pintos, para o desenvolvimento da comunidade. Segundo eles, o povoado tem perfil para o turismo. Túlio disse que está trabalhando nessa proposta há mais de dois anos, e espera começar a colher os frutos logo.

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