Faz tanto tempo que já não lembro quando e como, comprei este livro: “Como o Pão no Prato Sagrado”, numa liquidação da Editora Rosa dos Tempos (o preço está ainda na capa). Chamou-me muito atenção o subtítulo: “Uma leitura lésbico-feminista das sagradas escrituras e da tradição judaica. Li. Então. a contracapa, que transcrevo no parágrafo abaixo, que motivou bem mais a compra.
“Rebecca Alpert é rabina, lésbica assumida e uma das mulheres mais inteligentes e críticas dos Estados Unidos. Feminista teórica e também diretora do Centro de Estudos da Mulher e do Departamento da Mulher e do Departamento de Estudos da Mulher e do Departamento de Estudos da Religião da Universidade de Temple (Filadélfia), cargo este conseguido graças à publicação deste livro, que ganhou em 1998 o prêmio de obra mais importante na área de estudos da homossexualidade. “Como pão no prato sagrado” discute o problema da homossexualidade na cultura judaica. No tempo em que os gregos assumiam pública e institucionalmente as práticas homossexuais, a Bíblia condenava o homossexualismo como pecado passível de morte. Neste livro, Rebecca analisa a posição da Bíblia e estuda a cultura judaica nos últimos dois mil anos do ponto de vista da mulher homossexual, apresentando novos caminhos para o estudo da religião na área de gênero”.
Embora o livro apresente em nosso alfabeto um glossário do idioma hebraico, a leitura de cada capítulo é muito difícil por causa das notas. São dez capítulos. Apresento-os: 1. Lésbica e judia: Qual é o problema? 2. Textos perturbadores da Torah (A Torah consiste nos primeiros cinco livros da Bíblia hebraica. Conhecida também como Pentateuco ou os cinco Livros de Moisés). 3. Interpretação da Torah por Judias Lésbicas. 4. A visibilidade da Judia Lésbica. 5. Relacionamentos Transformadores. 6. O compromisso com a Justiça. 7. Textos modernos. A Sexualidade da Judia Lésbica. 8. Textos Modernos: Lésbicas e Inconformismo em Matéria de Sexo. 9. Ficção Lésbica Judaica Moderna. 10. Visões para o Futuro.
Observação: Alguns capítulos como o 4º, o 5º e o 6º têm o título em hebraico, mas há tradução para o português.
Para essa edição, o comentário é para os cinco primeiros capítulos. No primeiro, a luta para uma visibilidade lésbica. Aos poucos, o grupo das feministas vai aparecendo como lésbicas e ousa sonhar para essa abertura de identidade sexual. Enfrenta muita oposição ou desprezo. Mas, aos poucos, vai conquistando seu espaço, como o mostram as subdivisões do capítulo como as reações e os problemas com a tradição judaicas, o desejo sexual, os preconceitos como “terceiro sexo”, “mulher macho” etc.
Nos outros quatro capítulos, os assuntos tratados já falam por si. A importância da Torah, a história da criação, a criação dos sexos, teu desejo será pelo seu marido, definindo a norma heterossexual, proibição do comportamento homossexual masculino (“com homem não te deitarás, como se fosse mulher: é abominação” Levítico, 18,22).
As várias interpretações da Torah como o método interpretativo, a lenda de Eva e Lilith, o método histórico, a confrontação do texto, a redefinição dos textos sagrados, o processo de assumir, a ética se assumir e viver no mundo, o papel da Comunidade Judaica, os rituais, a visibilidade como grupo, as Sinagogas gays e lésbicas são também temas abordados.
Na próxima edição, continuaremos com os demais capítulos, lembrando que nada substitui a leitura do livro. Claro, repetindo o título, uma leitura muito complicada e difícil, porém, a meu ver, profundamente inovadora. Não há condições de mostrar as posições do Judaísmo atual.
E o que penso. E você?